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20 anos de Motumbá: conheça a história da banda que nasceu na Bahia e encantou o Brasil com sua pluralidade de ritmos

Com a explosão do Axé nos anos 90, a música baiana passou a experimentar uma constante transformação nas décadas seguintes, agregando novas influências e importando ritmos estrangeiros. Foi nesse cenário de reinvenção que nasceu a Motumbá, banda que completa 20 anos de estrada neste ano e continua conquistando espaços, sendo fiel à sua identidade e renovando a sua linguagem musical.

Fundado em 2004 pelo cantor, compositor e instrumentista Alexandre Guedes, o grupo se destaca pela sua estética original, incorporando elementos da cultura africana e afro-brasileira – a expressão ‘motumbá’, inclusive, é uma saudação iorubá e significa pedido de benção e boas energias –, integrando no conjunto instrumental o atabaque, djembê e malacacheta fundida com ritmos latinos como a salsa, merengue e zouk, denominando-se, por fim, como um autêntico conjunto afro-pop-caribenha.

“Antes da Motumbá, os afoxés eram os únicos que usavam atabaques nos shows. Trouxemos esses instrumentos para o palco com uma afinação diferenciada, em que três músicos tocam de uma só vez. O resultado é um som menos estridente e metálico, mas com grande força percussiva”, explica o músico.

Com um repertório vasto, a Motumbá lista dezenas de faixas entre seus grandes sucessos, como ‘Odoya’, ‘Reza pro Mar’ e ‘Pra Balançar’. Mas foi em 2007 que a banda viu estourar a sua primeira música, que se tornou um dos hits do carnaval daquele ano: ‘Bororó’. O ritmo dançante e sensual conquistou o país, disputou o troféu de Melhor Música do Carnaval e levou o prêmio de Banda Revelação.

Sempre atualizada, a Motumbá se adequou à nova era do Axé Music e vem trazendo novidades em seu repertório. Em 2022 se destacou pelo pioneirismo ao ser a primeira banda baiana a lançar um clipe gamer. A animação feita para a canção ‘Gira Mundo’ conta com mais de 10 mil visualizações no YouTube.

Em 2023, Alexandre Guedes volta a conversar com a nova geração com o lançamento do single ‘Com Dinheiro, Sem Dinheiro’, no qual brinca com a linguagem da internet, caracterizada por gírias e informalidades.

No verão de 2024, a Motumbá seguiu uma extensa agenda de shows pela Bahia. Foi atração principal no réveillon do município de Rafael Jambeiro, e, durante o Carnaval, percorreu três cidades do interior (Barreiras, Paratinga e Brotas de Macaúbas). Na capital, agitou o carnaval da Boca do Rio, Pelourinho, e encerrou sua participação na folia arrastando trio elétrico no circuito Dodô (Barra-Ondina) na terça-feira (13).

O VOCALISTA

A história da Motumbá se confunde com a do seu vocalista, contudo, o band leader soma em sua trajetória passagens por outros projetos. Nascido e criado no bairro do Candeal, em Salvador, Alexandre Guedes (55) iniciou o contato com a música ainda na infância, sendo o samba a sua primeira influência. Como diz o cantor “o samba vem de berço”, tornando-se, portanto, um dos grandes defensores do tradicional samba junino.

Profissionalmente iniciou sua carreira no grupo Vai Quem Vem e em 1991, a convite de Carlinhos Brown, integrou a primeira formação da Timbalada, ao lado de Ninha, Xexéu, Patrícia, Denny, Fia Luna e Augusto Conceição. O cantor gravou quatro álbuns com a banda, entoando a voz no clássico ‘Canto pro Mar’. Guedes deixou a Timbalada em 1997, porém, como o próprio Brown costuma dizer: “não existe ex-timbaleiro”, eternizando, assim, o artista no seleto elenco desse importante grupo percussivo.

A visibilidade e experiência que ganhou na Timbalada culminaram no reconhecimento de grandes expoentes da MPB, sendo requisitado para trabalhar como músico em projetos memoráveis como ‘Brasileiro’ (1992), álbum de Sérgio Mendes vencedor do Grammy Latino; compôs o corpo de instrumentistas de Caetano Veloso e Gilberto Gil no álbum ‘Tropicália 2’, em 93; retomou a parceria com Brown em 98 na turnê do disco ‘Omelete Man’; e colaborou com Marisa Monte no álbum ‘Memórias, Crônicas e Declarações de Amor’, de 2000.

Após sua saída da Timbalada, Guedes decidiu aprofundar os conhecimentos na música e foi estudar percussão em Copenhague, na Dinamarca. Seguindo os passos do cacique, fundou o “laboratório sonoro” Baianada, com Xexéu e Wesley. A banda chegou a emplacar ‘Carimbó do Bom’ – música autoral em parceria com Pito – entre as mais tocadas nas rádios, entretanto o vocalista ainda não estava satisfeito com a concepção final e sentia falta de algo inovador.

Foi quando, finalmente, em 2004, lançou a Motumbá. Grupo com identidade sonora e visual única e que leva a proposta de abrigar diversos ritmos e estilos, saudando a ancestralidade, a cultura baiana e o intercâmbio musical entre Brasil e África.

Os 20 anos da Banda Motumbá apontam para o respeito à história e um futuro promissor de fortalecimento identitário através da arte.

Fonte: Assessoria de Imprensa
Foto: Alan Deshii | Ag Canal In

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