Por Fulvio Bahia
Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, o Caderno Baiano trouxe para vocês algumas personalidades que fazem a diferença no cenário baiano.
Com formação em letras pela Universidade Católica de Salvador (UCSAL), a baiana da cidade de Aiquara é Vereadora (PT) em terceiro mandato, Especialista em Políticas Públicas pela Universidade Estadual de Campinas, recebeu o Prêmio Maria Felipa e é a única parlamentar indicada ao Prêmio Mulheres Notáveis em Salvador.
A Edil vem recebendo grande destaque no cenário político pelo seu engajamento, trazendo dentro e fora da Câmara Municipal de Salvador (CMS) as pautas sobre os direitos das mulheres, principalmente aquelas que mais precisam de representação.
Confira abaixo a entrevista da Secretária para a Redação Caderno Baiano.
Como a senhora definiria o empoderamento das mulheres?
O debate sobre o empoderamento feminino aumentou consideravelmente em todas as áreas, na música, na arte, na política, nas instituições e na participação social, graças à nossa coragem de permanecer na luta por equidade e garantia de direitos mesmo diante de todos os ataques. Esse empoderamento tem sido crucial para garantirmos nossos direitos, e mais conquistas, que costumeiramente não são respeitadas devido ao machismo estrutural.
Esse “empoderamento”, graças à mulheres que resolveram não mais se calar e ganharam as redes sociais, levando diversos ambientes e esferas, e meios de comunicação, a nos darem voz, foi primordial para garantimos a vitória do governo Lula, impondo uma derrota ao machismo que presenciamos no governo Bolsonaro. Somos maioria do eleitorado no Brasil, 52%, e estivemos na linha de frente desde 2018 contra o fascismo, o machismo e o discurso de ódio.
Como mulher e representante do povo, quais os obstáculos enfrentados na sua vida profissional?
Toda mulher enfrenta diversos obstáculos, no âmbito profissional, pessoal, psicológico. Vivemos em uma sociedade completamente machista, e o machismo está presente em tudo: na forma de tratar, de receber, no trabalho, dentro de casa, no atendimento, nas ruas. Temos que levantar a voz para nos fazer ouvir em todos os espaços, senão, nos calam: e isso acontece também no parlamento.
Um dos obstáculos muito comum no parlamento, nos espaços institucionais, e até mesmo em espaços de lazer, é o mainsplaining, e o manterrupting, quando uma mulher está falando e, antes de terminar, é interrompida por um homem que passa a explicar o que ela estava falando. O primeiro acontece quando o homem vem dar uma explicação óbvia do que estávamos falando em tom paternalista, de superioridade, e o segundo é quando somos interrompidas.
Temos também o gaslighting, que pode ser definido como uma violência psicológica sutil que causa instabilidade emocional, onde o abusador mente, distorce e tenta nos manipular. O machismo estrutural continua dando corpo à dominação patriarcal, enaltecendo os valores constituídos como “masculinos” .
Nos faça uma avaliação do papel da mulher na sociedade contemporânea…
O papel da mulher na sociedade contemporânea é gigante, como sempre foi em todos os momentos da civilização. No entanto, agora, mais especificamente, estamos caminhando positivamente no combate ao sistema social patriarcalista nos inserindo como protagonistas no trabalho, como chefes do lar, levando sustento financeiro, e também na política. Nunca fomos apenas donas de casa, e isso começa a ser mais visível justamente por causa da luta do movimento feminista que vem sendo encampado há anos e que já sofreu todo tipo de ataques e preconceitos.
Nosso papel continuará sendo o de lutar por equidade de gênero em todos os espaços, garantir direitos e lutar contra a violência contra a mulher, que tem aumentado consideravelmente à medida em que reforçamos nossas lutas. Lugar de mulher é onde ela quiser!
Que mensagem gostaria de deixar para mulheres e homens neste dia de celebração?
O machismo está incrustado na nossa sociedade e a cada dia que o combatemos, mais ele aparece. Por isso presenciamos, notamos e combatemos, tanto o aumento da misoginia e do machismo, principalmente oriundo do último governo, declaradamente machista. É preciso que todos entendam que o machismo é estrutural para que possamos mudar essa condição social. Os homens precisam entender isso, se conscientizar disso, para que possam fazer a diferença enquanto nós mulheres continuaremos pautando este debate e combatendo todo tipo de absurdos, desde salários mais baixos à agressões físicas.
A mensagem que quero deixar é que precisamos de um Brasil mais justo, com equidade de gênero, e para isso é preciso que nós mulheres estejamos nos espaços de poder e que os homens tenham consciência do risco que é o bolsonarismo.
Para Marta, “As consequências de Bolsonaro na presidência foram enormes, com aumento do feminicídio, de casos de agressão contra as mulheres, de retirada de programas e de políticas públicas, que agora retornam com o governo Lula, como o Ministério da Mulher, como a Casa da Mulher Brasileira.
“Com a vitória de Lula, houve uma esperança maior de que voltemos a ser um país que não só debata, mas formule, elabore e coloque em prática políticas para as mulheres, para alcançarmos cada vez mais paridade de gênero em todos os espaços, direitos e combate a toda forma de discriminação oriundo de uma sociedade patriarcal”, finalizou.
Foto: ASCOM Ver. Marta Rodrigues