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Assembleia Legislativa lança livro de ensaios do imortal Florisvaldo Mattos

Florisvaldo Mattos integrou a Geração Mapa, movimento literário surgido no meio estudantil secundarista, em meados do século passado, no Colégio Estadual da Bahia (Central).

A Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) lançou na última quinta-feira (25), no Museu de Arte da Bahia (MAB), o livro “A Academia dos Rebeldes e Outros Exercícios Redacionais”, do jornalista Florisvaldo Mattos. Trata-se de uma obra de fôlego, maturidade intelectual e vasto conhecimento em torno das culturas baiana, brasileira e universal.


Os 27 ensaios, dispostos em pouco mais de 500 páginas, estão divididos em quatro eixos temáticos. O primeiro dedicado à literatura; o seguinte, às artes plásticas; o terceiro trata de poetas e artistas com afeto; o último aborda outros exercícios redacionais. Florisvaldo Mattos enriquece os autores e artistas que escrutina com passagens autobiográficas, pois participou ativamente do mundo cultural que investiga e também agrega inestimáveis informações sobre os costumes e boemia da época.


Para o presidente da ALBA, deputado Adolfo Menezes, “A Academia dos Rebeldes e Outros Exercícios Redacionais” eleva o programa editorial que o Legislativo executa, desde o final dos anos 90, “pois contém reflexões culturais de um intelectual da importância de Florisvaldo Mattos – partícipe ativo da vida cultural da nossa terra, desde os anos 60 até a atualidade”. O Programa ALBA Cultural, destaca Menezes, trouxe a lume cerca de 350 obras de elevado valor memorialístico, histórico e cultural, “uma contribuição do Legislativo para que as novas gerações conheçam livros fora do catálogo das editoras comerciais”.


Florisvaldo Mattos explica que o livro fixa-se no tempo da erupção na Bahia das primeiras chamas intelectuais em favor da introdução dos princípios do movimento deflagrado pela Semana de Arte Moderna, travado pelo conservadorismo da época, como foi a Academia dos Rebeldes (1928-1933), que revelou, só de baianos, nomes como os poetas Sosígenes Costa e Alves Ribeiro, os romancistas Jorge Amado, João Cordeiro e Clóvis Amorim, o etnólogo Edison Carneiro e o crítico Walter da Silveira, além de jornalistas e políticos, da Bahia e de outros estados, alinhando 14 biografias sintéticas dos mais atuantes membros desse movimento.


Prossegue com apreciação das atividades e obras de criadores, nas áreas da poesia, das artes plásticas, apoiando-se surto culturalmente revolucionário das vanguardas de inícios do século XX e no tanto que contribuíram os jovens integrantes da Geração Mapa, além de outros diversos temas. Assim, digo apenas umas poucas palavras sobre alguns desses escritos, cuja quase totalidade consiste de inéditos em livro. Fogem a essa condição os que tratam do poeta Godofredo Filho como um afinado enólogo; o sobre Jacinta Passos, com a sua poética modernista de fundamento político; o sobre o paraibano Augusto dos Anjos, com sua vigorosa elocução expressionista; a anatomia de uma série de poemas que aludem às façanhas e ao malogro da estada de holandeses na Cidade da Bahia do século XVII; o escrito sobre baiano Sosígenes Costa como poeta sensorial.


E continua, “suponho que o que vai publicado não será melhor nem pior do que já escrevi e publiquei em prosa, inclusive nas páginas do saudoso caderno A Tarde Cultural, de que fui editor por quase 14 anos. Já na perspectiva de um curioso das artes plásticas, não poderia esquecer outro companheiro de geração, o pintor Sante Scaldaferri, cuja obra em sua fase mais incisiva sempre me pareceu um criador mergulhado na estética do expressionismo figurativo, com traços e cores fortes voltados para a expressão das mais íntimas vibrações do ser humano. No campo das artes, ousei tratar ainda de fauvismo, cubismo e dadaísmo, além de enveredar pela música, com um artigo em homenagem ao grande sambista baiano Oscar da Penha, conhecido pelo apelido de Batatinha, que lhe cravou Antônio Maria, durante um problema de auditório da Rádio Sociedade da Bahia”, completou.

PERFIL
Florisvaldo Mattos integrou a Geração Mapa, movimento literário surgido no meio estudantil secundarista, em meados do século passado, no Colégio Estadual da Bahia (Central), que tinha como membros futuros intelectuais do porte de Glauber Rocha, João Ubaldo Ribeiro, Ruy Espinheira Filho, João Carlos Teixeira Gomes, Carlos Anysio Melhor, Angelo Roberto, Fernando da Rocha Peres, Paulo Gil Soares, Calasans Neto, Sante Scaldaferri e Sônia Coutinho, entre outros.


Jornalista, poeta, acadêmico, crítico, escritor e professor, Florisvaldo Mattos estreou na literatura, em 1965, com o livro de poemas Reverdor. O Programa ALBA Cultural publicou dele, em regime de coedição com a Academia de Letras da Bahia (ALB), o ensaio “A Comunicação Social na Revolução dos Alfaiates”, em 1998. Formado em Direito, nunca advogou, pois ingressou cedo no jornalismo. Foi repórter, editor, colunista e chefiou órgãos de imprensa, como o jornal A Tarde e a sucursal do Jornal do Brasil.


Integra a ALB desde 1995. Foi professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) até 1994, colaborando na formação de várias gerações de jornalistas. Florisvaldo Mattos também dirigiu a Fundação Cultural do Estado e, por 14 anos, editou o Caderno Cultural de A Tarde, considerado, em 1995, como o mais importante órgão de difusão cultural do Brasil pela Associação Paulista de Críticos de Arte.

Fonte / Foto: ASCOM ALBA

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