Por Fabi Costa
Hoje, 25 de Maio, é o Dia Internacional da Tireoide. Para tratarmos sobre o tema, convidamos a endocrinologista Dra Lilian Chehade.
A tireoide é uma glândula endócrina localizada na região anterior do pescoço, logo abaixo do “ponto de Adão”, com formato de borboleta ou escudo, constituída de dois lobos e um istmo que os unem centralmente.
A tireoide tem como função produzir, armazenar e liberar hormônios da circulação sanguínea. Os principais hormônios produzidos pela tireoide são os triiodotironina (T3), tiroxina (T4) e a calcitonina, e está sob o comando do TSH (hormônio estimulante da tireoide). Esses hormônios controlam o metabolismo e equilíbrio entre todos os sistemas do corpo (homeostase).
Os problemas de tireoide têm se tornado cada vez mais frequentes e os que mais afetam a glândula são as disfunções hormonais e os nódulos.
Confira a entrevista abaixo:
Os problemas na tireoide atingem mais as mulheres?
Sim. A prevalência das doenças da tireoide é maior nas mulheres que nos homens e a frequência aumenta com o aumento da idade.
Quais são os sintomas e as diferenças entre o hipotireoidismo e o hipertireoidismo?
Hipotireoidismo é uma disfunção da glândula caracterizada pela redução na produção dos hormônios tireoideanos t3 e t4 e a principal causa é a Tireoidite de Hashimoto (tireoidite autoimune) onde o organismo produz anticorpos que agridem a própria tireoide e os seus marcadores sanguíneos são anti TPO (anticorpo antiperoxidase) e AAT (anticorpo antitireoideano) levando assim a uma hipofuncao da tireoide, ficando “preguiçosa“ e o metabolismo fica mais lento. Afeta 8 a 12/% dos brasileiros. Os principais sintomas são cansaço intenso, sonolência excessiva, esquecimento, falta de concentração e foco, letargia, queda de cabelos, unhas fracas, constipação (prisão de ventre), pele seca, desânimo, tristeza, falta de energia, retenção de líquido, inchaço no rosto e nos pés, depressão, dores no corpo, irregularidade menstrual, rouquidão, intolerância ao frio, aumento do volume do pescoço. O tratamento é com levotiroxina sódica via oral em jejum e contínuo.
O Hipertireoidismo é o contrário do Hipotireoidismo, ou seja , há um excesso na produção dos hormônios tireideanos levando a um metabolismo mais acelerado e a principal causa é a Doença de Graves (ou bócio tóxico difuso) que também é auto imune é seu marcador sanguíneo é o trabalho elevado. Os principais sintomas são: cansaço, insônia, nervosismo, irritabilidade, tremores nas mãos, sudorese, intolerância ao calor, aumento de apetite, perda de peso, dor de cabeça, palpitações, fraqueza muscular, câimbras , aumento do volume do pescoço, rouquidão, exoftálmia (profusão ocular), O tratamento é feito com drogas antireoideanas (metimazol ou propiltiouracil) ou iodo radioativo ou tireoidectomia.
Estresse e tireoide, existe uma relação?
Existe sim. O estresse psicológico e/ou emocional pode impactar no função da glândula e assim precipitar o aparecimento do hipertireoidismo ou descompensá-lo principalmente em quem tireoidite autoimune sem disfunção hormonal ou levar a uma recidiva .
Fala um pouco sobre alteração da tireoide na gravidez
A tireoide deve já ser avaliada antes da concepção nas mulheres que pretendem engravidar e que tenham fatores de risco para desenvolvimento disfunção tireoideana na gravidez como sobrepeso, história familiar de hipotireoidismo ou hipertireoidismo autoimunes, história pessoal de outras doença autoimunes. Caso seja diagnósticada alguma disfunção deve ser tratada e o tratamento mantido na gravidez. E pra se ter uma gravidez tranquila é preciso que a tireoide esteja em bom funcionamento, principalmente no primeiro trimestre da gestação período em que pode haver uma queda na produção dos hormônios da tireoide e em que o bebê desenvolve seus principais órgãos como o cérebro. Daí quem já tem hipotireoidismo geralmente há necessidade do aumento da dose da levotiroxina em 30 a 50%. O hipotireoidismo não controlado na gravidez pode levar a aborto espontâneo (principalmente em quem tem anti tpo e AAT positivo), parto prematuro, defeitos neurológicos no feto, baixo peso ao nascer, surdez .
Qual a importância da dosagem do TSH?
O TSH é muito importante como exame de triagem para diagnostico do hipotireoidismo e hipertireoidismo em qualquer faixa etária, na gravidez bem como no acompanhamento dos pacientes que já fazem tratamento destas disfunções para ajuste de dose das medicações e para pacientes submetidos a tireoidectomia total. TSH alto fala a favor de hipotireoidismo e TSH baixo hipertireoidismo , podendo ser repetido pra confirmação diagnóstica e complementado com a dosagem de t4 livre e os anticorpos supracitados .
Quais cuidados devemos ter com a tireoide?
Pra quem faz tratamento do hipotireoidismo ou hipertireoidismo e de câncer de tireoide o paciente deve fazer uso correto das medicações conforme prescrição médica , visitas regulares ao endocrinologista geralmente a cada 6 meses ou pelo menos anualmente, exames laboratoriais de controle para ajuste de dose das medicações . Pra quem tem nódulo (s) na tireoide realizar ultra som de controle (anualmente ou a cada 6 meses) e punção aspirativa com citologia quando indicado para afastar nódulo maligno. 5 a 10% dos nódulos de tireoide podem ser malignos. Pra quem tem fatores de risco para câncer de tireoide como história familiar de câncer de tireoide, história pessoal de radiação no pescoço , tabagismo , obesidade deve consultar um endocrinologista para fazer os exames necessários pra prevenção e diagnóstico precoce.
Outros cuidados também que devem ser tomados e a prática de exercícios, controlar o peso , evitar excesso de sal e iodo na dieta .
Foto: ASCOM Dra Lilian Chehade