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Meliponários ganham força em Salvador e trazem um novo estilo de vida

Criação das abelhas sem ferrão tem crescido na cidade.

Por Fulvio Bahia

As abelhas tem um grande papel ecológico e econômico, principalmente as espécies nativas que são facilmente encontradas em todas as capitais brasileiras. Sua extinção traria impactos devastadores para o equilíbrio do planeta, interferindo diretamente na nossa cadeia alimentar, pois são responsáveis pela polinização da maior parte das plantas cultivadas em nossas terras.

Com o sinal de alerta de extinção ligado, cresce o número de projetos e estudos voltados à preservação da espécie e, uma nova atividade ganha força: a criação de “Meliponários Urbanos”. Atividade posta em prática por pessoas que buscam uma forma alternativa e sustentável para a produção e consumo do mel e própolis, substancias tão ricas, cheias de propriedades medicinais e que fazem uma ponte direta com a preservação do nosso riquíssimo ecossistema.

Um bom exemplo desses estudos vem do SAVAM – Sistema de Áreas de Valor Ambiental e Cultural, diretoria municipal que cuida das áreas verdes da cidade de forma determinante para a contribuição da qualidade urbana e ambiental. O projeto do Meliponário que está em fase de implantação no Parque da Cidade, conta com 12 colmeias das abelhas Uruçu Nordestina e é supervisionado pela bióloga Jaqueline Gonzaga. Segundo João Resch, Diretor do Savam, ” A ideia é que façamos o fomento dessa prática com a ampliação dos Meliponários em hortas comunitárias da cidade”.

Atualmente existem em média 350 espécies já identificadas de abelhas sem ferrão (ASF). Suas características são das mais variadas e dentre os exemplares mais conhecidos e criados, podemos destacar as Jataí, Mandaçaia, Uruçu, Borá, Mandaguari, Iraí, Mandurí, Bugia e a Guaraipo.

Conheça algumas espécies ASF:

Já pensou em consumir mel e ter extrato de própolis de abelhas criadas em sua casa?

Até pouco tempo, essas atividades seriam inimagináveis e difíceis de se pôr em prática, mais isso está mudando. Os Meliponários já estão presentes no cotidiano de inúmeras famílias baianas, trazendo uma atividade prazerosa e muitas vezes lucrativa.

Criando abelhas sem ferrão há 3 anos, Francisco Oliveira, Técnico em TI , morador do bairro do Cabula é um dos muitos exemplos de criadores das ASF. Auto intitulado “hobista”, possui 3 colônias de abelhas Jataís e conta que mudou seu estio de vida após a chegada das abelhas. Começou a estudar em busca de conhecimento sobre a alimentação das abelhas, e após muitas mudanças necessárias para introduzir as colmeias no quintal de casa, hoje existe uma grande variedade de pasto meliponícola com espécies de plantas tecnicamente escolhidas para dar às abelhas um estoque de néctar e pólen durante todas as estações do ano.

“Aqui as abelhas dominam o espaço. Tudo que tenho plantado hoje em dia foi pensado para elas. A rotina é acordar cedo, fazer a verificação das colmeias, a limpeza das plantas e contemplar o vai e vem das operárias. É o maior barato isso! Meus pés de pitanga, limão e maracujá hoje em dia dão muito mais frutos depois da chegada das abelhas”. Francisco nos conta que houve mudanças até na forma de receber os amigos em casa. ” Hoje, todo mundo que vem pra cá quer estar aqui no quintal, quer experimentar o mel que é colhido aqui. É uma coisa diferente e as pessoas não tem o costume de presenciar isso, conhecem as abelhas apenas como sendo aquele inseto que pica, que ataca e isso aqui está sendo mudado, todos tem uma nova visão delas”, concluiu.

Mas vale lembrar que matar abelhas é crime. São crescentes os casos de enxameação de abelhas nas áreas urbanas, o que ocasiona na maioria das vezes no extermínio do enxame, estando o responsável por destruí-las sujeito às penalizações da lei Nº 9.605 de 12 de fevereiro de 1998.

Ao identificar uma colmeia, se detectado possível risco à saúde, deve-se de imediato entrar em contato com o Batalhão do Corpo de Bombeiros, através do número 193 e solicitar a retirada que será feita de forma segura para a colônia.

Existem leis vigentes no Brasil, com especificidades em cada região que regulamentam a criação e a produção comercial dos insumos. Na Bahia, a lei Nº13.905 de 29/01/2018 é responsável sobre as normas de criação, comércio, conservação e transporte de abelhas nativas sem ferrão.

Temos também a Portaria ADAB Nº 207 de 21/11/2014  que traz o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Mel de Abelha social sem ferrão gênero Melipona.

Portanto, antes de iniciar uma criação de abelhas, é necessário muito estudo, dedicação às normas e práticas de manejo para uma criação saudável, prazerosa, lucrativa e segura.

Se ficou interessado em iniciar sua criação consciente e responsável, vale a pena consultar suas regulamentações:
http://www.legislabahia.ba.gov.br/documentos/lei-no-13905-de-29-de-janeiro-de-2018
https://www.legisweb.com.br/legislacao/?id=277684

Foto: meliponario.com
Imagens: A.B.E.L.H.A

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