Espetáculo terá apresentações gratuitas no Campo Grande (dias 30/06 e 1º/07) e no espaço Boca de Brasa Subúrbio 360, da Prefeitura de Salvador.
Integrando a programação pelo Bicentenário das lutas pela Independência do Brasil ocorridas na Bahia, organizada pela Fundação Gregório de Mattos da Prefeitura de Salvador, o Bando de Teatro Olodum estreia na próxima sexta-feira, 30 de junho, às 19h, o espetáculo A Resistência Cabocla.
A apresentação será gratuita, em um palco na praça do Campo Grande, ao lado do monumento ao Caboclo do 2 de Julho, para que toda a população possa conhecer a história de resistência do povo baiano contra o domínio português e o protagonismo de mulheres, negros e indígenas para garantir a libertação do Brasil.
Com texto inédito do dramaturgo Daniel Arcades, escrito especialmente para essa celebração dos 200 anos, consultoria da pesquisadora Mabel Freitas e direção de Cássia Valle, Valdinéia Soriano e Leno Sacramento, o elenco do Bando de Teatro Olodum dará vida a heróis e heroínas ainda ausentes nos livros de História e nas narrativas sobre a independência do Brasil. A peça dará destaque a personagens como Maria Felipa, Maria Quitéria, o corneteiro Lopes e o indígena Bartolomeu, representante dos primeiros defensores das terras e da natureza do Brasil.
Enredo
A Resistência Cabocla conta a história de dois jovens negros que se preparam para participar dos desfiles ao 2 de Julho, em Salvador. Enquanto Luque está ansioso para desfilar como baliza à frente de uma das fanfarras, a musicista Mirna faz vários questionamentos sobre a sua participação nos festejos, especialmente por sentir falta de representatividade negra e feminina no que aprendeu sobre a data.
A aparição fantástica do Caboclo Tupinambá conduzirá os jovens às imagens históricas das lutas travadas em solo baiano para expulsar as tropas dos colonizadores, que resistiam mesmo depois do 07 de setembro de 1822, trazendo à cena do espetáculo a bravura popular que garantiu definitivamente a independência do país.
“Queremos mostrar que desde sempre nosso povo resistiu por liberdade e que ainda temos muito o que lutar e honrar a coragem dos nossos ancestrais negros e indígenas”, explica Daniel Arcades, autor e diretor de espetáculos premiados como ´NAU´ (Melhor Espetáculo do Prêmio Braskem de Teatro 2022), além de ‘Exú, a boca do Universo’ (2014), ‘Rebola’ (2017), ‘Madame Satã’ (2018) e ‘Erê’, que em 2020 comemorou os 30 anos de criação do Bando de Teatro Olodum.
Artistas convidados
O Bando de Teatro Olodum dividirá o palco com artistas convidados, como o ator e cantor Érico Brás; o cantor e compositor Tonho Matéria; a banda mirim do Olodum; e os dançarinos da Uzarte, grupo artístico do Subúrbio de Salvador, que desde 2014 vem reunindo pela arte, jovens e crianças de comunidades da periferia da cidade.
O espetáculo tem ainda a presença de artistas indígenas como Isabela Santana, criadora de conteúdo, atriz e poeta da comunidade Pataxó de Itapitanga, no sul da Bahia, e Luiz Caboclo de Cobre, ator e músico nascido em Itajuípe, na Bahia e integrante da comunidade indígena de Xukuru-Kariri, em Palmeiras dos índios, em Alagoas.
“Sinto-me abraçado por esse grupo de teatro negro para falar de mundos possíveis, com os diversos olhares da nossa história e reverter essa invisibilidade das presenças negras e indígenas”, comemora Caboclo de Cobre, sobre a aliança afro-indígena no espetáculo A Resistência Cabocla.
Todo esse grande elenco encenará as canções e movimentos criados para o espetáculo, que conta com a direção musical de Jarbas Bittencourt e direção de coreografia do mestre Zebrinha (José Carlos Arandiba), além de figurino, cenário e adereços de Zuarte Júnior e a produção da Mil Produções Artísticas.
Direção coletiva
“O Bando assume mais esse compromisso de contar a história de um outro ponto de vista, com a nossa metodologia e linguagem construídas em nossa trajetória de 33 anos, fazendo um teatro negro, popular e engajado com as demandas urgentes do nosso povo. Neste bicentenário, tínhamos que trazer à tona esses personagens fundamentais que lutaram e que continuam inspirando nossas lutas atuais”, destaca a atriz, diretora e escritora Cássia Valle.
Depois de três décadas como atriz do Bando de Teatro Olodum, Cássia estreou como diretora com o espetáculo ‘Sarauzinho da Calu’, vencedor do Prêmio Braskem de Teatro 2020 como melhor Espetáculo Infanto-juvenil.
Uma das fundadoras do Bando de Teatro Olodum em 1990, a atriz Valdineia Soriano vem também consolidando uma carreira no cinema nacional, tanto com interpretações premiadas em filmes como ‘Tim Maia’, ‘Café com Canela’ e ‘Ilha’ e também na preparação de elenco de filmes como ‘Um dia de Jerusa’, de Viviane Ferreira e ‘Malês’, de Antônio Pitanga. A atriz também tem feito participações especiais em produções da Rede Globo, a exemplo de Mister Brau, Falas Negras e, recentemente, na novela Vai Na Fé.
Outro fruto da trajetória do Bando de Teatro Olodum é Leno Sacramento, que divide a direção de A Resistência Cabocla com Cássia Valle e Valdineia Soriano. Com mais de duas décadas integrando a companhia, Leno também vem se destacando na direção teatral, em peças como ‘V de Viado’ (2019), ‘Vi(elas)’ (2021), e ‘Vovô’ (2022).
Depois das apresentações no palco do Campo Grande, dias 30/06 e 1º/07, o espetáculo A Resistência Cabocla será apresentado no Espaço Cultural Boca de Brasa Subúrbio 360, em Alto de Coutos, nos dias 07 de julho (aberto ao público em geral) e dias 10, 11, 12 e 13 de julho, em sessões voltadas para estudantes de escolas municipais, seguidas por bate-papo com a equipe.
A Resistência Cabocla tem apoio financeiro da Prefeitura Municipal de Salvador, e integra a programação organizada pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, por meio da Fundação Gregório de Mattos, para celebrar o Bicentenário da Independência do Brasil na Bahia.
Bando 33 anos de atuação nos palcos
Companhia negra mais popular e de maior longevidade na história do teatro baiano e uma das mais conhecidas do país, o Bando de Teatro Olodum nasce em 17 de outubro de 1990, em Salvador, fruto da parceria do Grupo Cultural Olodum, do diretor Márcio Meirelles e de artistas compromissados com as lutas das comunidades negras e com a valorização da performance e da estética negras.
Com 33 anos de atuação, mais de 30 espetáculos, filmes e series televisivas, o Bando de Teatro Olodum vem se destacando na cena brasileira por colocar em prática um complexo projeto poético-político que inclui representar o cotidiano da população negra, combater o racismo, valorizar e divulgar a cultura negra no país, contribuir para a presença ativa do negro na sociedade, promover a conscientização e a construção das identidades negras, capacitar artistas negros, desenvolver dramaturgia e linguagem cênica própria.
Atualmente a companhia possui uma coordenação colegiada, formada por atores, que atuam também como produtores, e os diretores artísticos: o coreógrafo Antônio Carlos Arandiba, Zebrinha e o músico Jarbas Bittencourt.
SERVIÇO
A Resistência Cabocla
Espetáculo Gratuito
Estreia dia 30 de junho, às 19h, na Praça do Campo Grande
Dia 1º de julho, em duas sessões: às 17h e às 19h, na Praça do Campo Grande
Dia 07 de julho (aberto ao público), às 19h; Espaço Cultural Boca de Brasa Subúrbio 360, em Alto de Coutos
Dias 10, 11, 12 e 13 de julho: sessões voltadas para alunos de escolas municipais, seguidas por bate-papo com a equipe.
FICHA TÉCNICA
Texto: Daniel Arcades
Pesquisadora: Mabel Freitas
Direção Artística: Cássia Valle, Valdineia Soriano e Leno Sacramento
Assistência de direção: Merry Batista
Elenco do Bando de Teatro Olodum: Arlete Dias, Ednaldo Muniz, Fabio Santana, Gerimias Mendes, Jamile Alves, Jorge Washington, Merry Batista, Naira da Hora, Rejane Maya, Shirlei Silva e Sergio Laurentino
Atores Convidados: Danilo Cerqueira, Laura Lucila, Isabela Santana e Luiz Caboclo de Cobre
Participações especiais: Érico Brás, Tonho Matéria, Banda Mirim do Olodum e Grupo Uzarte
Coreografia: coletiva com a direção de Zebrinha (José Carlos Arandiba)
Assistência de Coreografia: Arismar Adoté Jr.
Direção Musical, arranjos e composições: Jarbas Bittencourt
Assistência de direção Musical: Cell Dantas
Músicos convidados: Irma Ferreira (voz), Jordan Hohenfeld (guitarra, violão, flauta transversal e surdos), Josehr Santos (voz), Mário Soares (violino), Welber Crêu (baixo, pandeiro, cavaquinho e caixa) e Daniel Vieira, Nine (Percussão)
Figurino, Cenário e Adereços: Zuarte Júnior
Sonorização: Caetano Bezerra
Iluminação: Rivaldo Rio
Direção de Produção: Sibele Américo (Mil Produções Artísticas)
Fonte / Foto: Divulgação