A produção de chocolates no assentamento Dois Riachões, localizada na cidade de Ibirapitanga, no Baixo Sul da Bahia, está relacionada à luta pelo direito à terra e à busca por melhores condições de vida para os agricultores locais. A região tem uma história marcada pela agricultura familiar e pelo protagonismo de famílias produtoras de cacau.
A luta pelo direito à terra remonta a um contexto histórico de concentração fundiária, em que grandes propriedades rurais dominavam a região. A luta dos assentados de Dois Riachões e outros assentados e agricultores familiares, visava reivindicar a posse da terra para garantir a sustentabilidade de suas atividades e a preservação da cultura local.
A produção de chocolates na região é uma alternativa econômica importante para os agricultores. O cacau é cultivado de forma sustentável, seguindo práticas agroecológicas que priorizam o respeito ao meio ambiente e a preservação dos recursos naturais. Os produtores locais têm se dedicado a melhorar a qualidade do cacau e aprimorar as técnicas de manejo orgânico, colheita, fermentação e secagem dos grãos, o que contribui para a obtenção de chocolates de alto padrão.
Além disso, o assentamento tem investido em processos de beneficiamento do cacau, como a produção de chocolate artesanal. A valorização dos saberes tradicionais e a promoção do sistema agroalimentar local são aspectos importantes para fortalecer a economia da região e garantir a autonomia dos agricultores e agricultoras. O assentamento possui 40 famílias e produz 160 hectares de cacau no sistema Cabruca, garantindo 25 toneladas de amêndoas de cacau orgânicos por ano.
“A luta pela reforma agrária popular para nós não se restringe apenas a um pedaço de terra, mas alinhar o conhecimento tradicional das famílias e a educação do campo no intuito de buscar novos conhecimentos para, a partir da Matriz da Agroecologia, desenvolver formas de convivência com o Bioma Mata Atlântica e o sistema Cabruca, contribuindo para uma produção de alimentos saudáveis para abastecer a população do campo e da cidade. Sendo assim, a reforma agrária cumpre a função social”, conta Luciano Ferreira, agricultor familiar agroecológico do assentamento.
Vale ressaltar que a produção de chocolates em Dois Riachões não se restringe apenas à fabricação do produto final, mas também envolve a promoção do turismo rural, agroturismo e a culinária agroecológica no assentamento. Visitantes têm a oportunidade de conhecer as plantações de cacau, participar de atividades relacionadas à produção de chocolate, degustar os produtos e vivenciar a cultura da comunidade.
A valorização da produção de chocolates contribui para a geração de renda e emprego na região, fortalece a identidade local e promove a preservação do meio ambiente. Essa iniciativa também colabora para a conquista do direito à terra, pois a atividade econômica sustentável se torna um argumento importante na defesa da posse da terra pelos agricultores baianos.
ATER
Em assistência técnica e extensão rural (ATER), o Território do Baixo Sul conta com investimentos, em execução, de aproximadamente R$ 15,2 milhões do Governo do Estado. São agricultores e agricultoras familiares, principalmente, alcançados pelas Chamadas Públicas da Bahiater: ATER Biomas, ATER Mulheres, ATER Agroecologia e ATER Sustentabilidade, além do convênio com o CIAPRA, Consórcio regional, em parceria com a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR).
Fonte: Ascom/SDR