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Médico Ginecologista é investigado por denúncia de assédio durante consulta na capital baiana

Vítima sofreu assédio, após procurar ginecologista para consultar sobre infecção urinária; Profissional nega crime. Pelo menos 3 mulheres já relataram situações com o profissional

Uma mulher de 43 anos de idade, que preferiu não se identificar, denunciou um médico ginecologista e obstetra por assédio durante consulta na capital baiana, há cerca de um mês. Depois que a situação foi exibida na TV Bahia, outras duas mulheres afirmam também terem sido vítimas do profissional há mais de 10 anos. No entanto, na época, elas não denunciaram por medo.

O caso é apurado pela Polícia Civil e pelo Conselho Regional de Medicina (Cremeb).

O médico, identificado como Elziro Gonçalves de Oliveira, de 71 anos de idade, afirmou que não cometeu o crime. O profissional atua no centro médico da Caixa Assistência dos Empregados do Baneb (Casseb), porém foi afastado dos atendimento do plano durante apuração do caso.

A vítima de 43 anos de idade disse que já possuía um laudo que constatava uma infecção e precisava que um profissional passasse um medicamento. Durante a consulta, o ginecologista sugeriu um preventivo. “Eu não consigo dormir direito. Eu acordo lembrando disso. Eu me pego lembrando disso, quando eu vou para o banho, eu lembro disso. A roupa que eu usei naquele dia joguei fora”, desabafou.

Além de ter os mamilos apertados por muito tempo, a administradora denunciou ainda que o médico não usou luvas, máscaras e retirou o lençol que cobria as pernas durante o preventivo. O ginecologista também teria feito movimentos no clitóris da paciente.

“Você se masturba? Ele me perguntou dessa forma e eu me calei. Aí insistiu, perguntou que tipo de aparelho eu usava para me masturbar e ainda chegou a falar assim: ‘É… Você está muito tensa, muito nervosa, precisa relaxar'”, relatou.

Em seguida, o profissional ainda teria levantado, e começado uma massagem nos ombros da paciente e perguntado qual era o signo dela.

Outros casos

Uma outra mulher, hoje com 56 anos de idade, fez duas cirurgias de histerectomia e uma plástica vaginal com o médico, mas não teve problemas. Os abusos iniciaram durante as consultas de revisão. O médico teria dito para ela não se preocupar porque não tinha o que “esconder” após os procedimentos.

“Ele pediu que eu me despisse para poder fazer o curativo e disse que não era necessário usar o roupão. Então eu perguntei para ele: ‘Mas por que não usar o roupão? Eu vou sair despida?”, relatou.

O ginecologista teria ainda feito exames que deixaram a vítima assustada. “Fez um toque anal, senti dor e perguntei o porquê de estar fazendo esse toque, desde quando a cirurgia foi histerectomia e abdômen. Ele disse que tinha que fazer o exame para que pudesse verificar se estava tudo normal”.

Para a TV Bahia, a mulher relatou que saiu do consultório triste, envergonhada e com sentimento de ter tido a privacidade invadida. Uma semana depois, voltou para outra revisão e o médico teria feito mais um pedido para que ela não usasse o roupão.

“Ele disse que era desnecessário. Mais uma vez, ele fez outro toque retal, mas quando ele fez novamente o toque retal eu questionei: ‘Doutor, de novo?’”, relatou a mulher.

A vítima disse que o ginecologista justificou que estava verificando se “estava tudo normal”. “Eu disse: ‘É, mas o senhor está me machucando e eu não estou gostando”.

Quando não voltou mais para as revisões, o médico teria entrado em contato com a mulher para saber o motivo e ela abriu o jogo. “E eu disse para ele: ‘Não volto para revisão porque o senhor não teve um comportamento correto comigo”.

Para completar, a ex-paciente afirmou ainda que conversou com o companheiro sobre a situação, e, para a surpresa dela, ele não acreditou no assédio. “Ele disse para mim que se aconteceu pela segunda vez é porque eu tinha dado liberdade pra isso”.

Uma outra vítima, que é corretora de imóveis e hoje tem 41 anos de idade, conta que o ginecologista também a examinou sem luvas, e ela chegou a questioná-lo o porquê dele estar sem as luvas. A justificativa foi de que ele estava com uma “pequena alergia” ao material do item.

“O procedimento do toque nos seios foi bem mais delicado do que o normal. Mais no formato de carinho do que de toque, apalpar. Quando ele foi fazer o exame mesmo, fez perguntas como se eu fazia sexo anal, se me masturbava”, relatou. A vítima ainda afirmou que o médico alisava sua perna, enquanto afirmava que ela estava tensa.

Quando saiu do consultório, registrou uma denúncia através de uma carta que depositou em uma urna no Casseb, com todos os seus dados de identificação, mas nunca recebeu resposta.

Ao assistir a reportagem na TV Bahia, exibida na última quarta-feira (19), ela reconheceu o médico, começou a chorar e procurou a emissora. “Quando falou o nome, comecei a chorar, me tremer. Doeu em mim e veio a sensação de que realmente aconteceu e passei por aquilo. Durante 10 anos isso me perturba”, desabafou bastante emocionada.

Em conversa por telefone, o médico ginecologista que tem 45 anos de exercício profissional e trabalha no local há 30 anos, negou o assédio.

O profissional disse que foi ouvido pela coordenadora da unidade, afastado e viajou para outro estado. Disse ainda que explicou que abaixaria o lençol para explicar o preventivo para a paciente e negou que não usou luvas no procedimento.

“Eu fiz a minha defesa. É… Não houve nada do que a paciente está alegando. Não estou entendendo o porquê. Nunca tive um queixa, nunca tive um problema”, afirmou.

Em nota, a direção do Casseb confirmou que averigua o caso, convidou a denunciante para ser ouvida três vezes, mas teve os pedidos negados. Disse ainda que precisa ouvir a paciente para continuar com as investigações. A direção do plano afirmou também que desmarcou todas as consultas previstas para o ginecologista pelo prazo de 30 dias.

Foto: Reprodução TV Bahia

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