O etnoturismo indígena na Reserva Pataxó da Jaqueira, localizada no município de Porto Seguro, ganhou reforço com a inauguração, na última segunda-feira (31), dos kijêmes, um tipo de dormitório coletivo tradicional de algumas culturas indígenas. A ação, que incluiu a entrega de um Portal receptivo de visitantes, foi executada pelo projeto do Governo do Estado, por meio da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), no âmbito das políticas públicas voltadas aos povos originários.
A inauguração aconteceu durante o 25º Aragwaksã Pataxó, festividade tradicional para comemorar as lutas e as conquistas do povo Pataxó, que iniciou no último sábado (30)e segue até esta terça-feira (1º), na Reserva Pataxó da Jaqueira, com a participação de caciques e lideranças indígenas de outras aldeias da Bahia e de etnias de outros estados, a exemplo de Minas Gerais e Amazonas.
O diretor-presidente da CAR, Jeandro Ribeiro, ressaltou que o projeto de etnoturismo foi abraçado pelo Governo do Estado da Bahia, para proporcionar aos turistas a oportunidade de conhecer a história dos Pataxós, tão importante para a Bahia e para o Brasil. “É um projeto belíssimo que abraça o turista com a realidade local. Porto Seguro é a cidade que representa os nossos povos indígenas e que respira os nossos povos indígenas. Nós temos aqui a etnia Pataxó que traz essa realidade para o turismo local e visitantes do mundo inteiro agora vão conhecer essa realidade e ter um espaço para serem recebidos de forma adequada”.
O Cacique Syratã Pataxó expressou sua satisfação pelas conquistas afirmando que é a realização de um sonho. “Nossos turistas agora podem ter estadia aqui no local. Tem também a nova portaria, que proporcionará maior conforto ao público. Somos gratos à CAR por desenvolver esse projeto sustentável dentro da comunidade e, eu como cacique, estou muito feliz em ver o Governo do Estado participando ativamente da nossa comunidade”.
De acordo com o secretário da SDR, Osni Cardoso, a inauguração dos kijêmes contribuirá para o fomento do etnoturismo indígena na Reserva Pataxó da Jaqueira. “Neste local você pode se hospedar, conhecer a tradição, a história de resistência desse povo e a cultura indígena”.
A liderança feminina e uma das fundadoras da Reserva, Nitynawã, chamada Maria das Neves, na língua portuguesa, agradeceu a todas as pessoas que contribuíram com a luta do povo indígena. “Nós mulheres aqui na aldeia da Jaqueira estamos vendo um resultado positivo desse trabalho, dessa parceria e dessas políticas públicas. Nós estamos procurando melhorar a nossa qualidade de vida, a nossa comunidade aqui na Jaqueira, como uma forma de, cada vez mais, preservar essa mata, trabalhar a sustentabilidade e trazer para o nosso povo esse fortalecimento, tanto cultural quanto ambiental para que a gente possa deixar para nossas gerações futuras”.
Suhyasun Pataxó, conhecido como Vitor Vulga, na língua portuguesa, é uma das lideranças jovens da Reserva. Ele destacou que o projeto proporcionou uma melhor infraestrutura para a comunidade. “Foram dois projetos concluídos com sucesso e abrindo oportunidades para diversas famílias e beneficiários, para se manterem dentro da própria comunidade. Tivemos aí os kijêmes, que eram um sonho para a nossa comunidade e tendo a oportunidade da nossa juventude permanecer dentro desse projeto e do próprio espaço, sem precisar que saia da aldeia para trabalhar num local externo para se manter”.
No total, foram investidos R$ 939 mil na Reserva Pataxó da Jaqueira, destinados à construção dos Kijêmes dormitório, do portal receptivo e de um Centro de Artesanato, onde são comercializados produtos como colar, brincos e peças de cerâmica. Foram destinados recursos também para o serviço de assistência técnica e extensão rural (Ater), prestado pelo Instituto Terra Mãe, organização contratada pelo projeto da CAR, Bahia Produtiva.
Investimentos nos povos originários
Por meio da CAR, o Governo do Estado tem realizado diversas ações para a inclusão produtiva e o desenvolvimento sustentável das diversas etnias indígenas do estado da Bahia, a exemplo das executadas por meio dos projetos Bahia Produtiva e Pró-Semiárido, respeitando a tradição e a identidade cultural dos povos.
Só por meio do Bahia Produtiva, projeto cofinanciado pelo Banco Mundial, foram destinados mais de R$ 25 milhões, em ações para povos indígenas, em projetos voltados para sistemas de produção agroecológica, quintais produtivos, criação de galinhas caipiras, fortalecimento da fruticultura, caprinocultura e pesca artesanal, além da construção de viveiros, casas de farinha, centros de artesanato, entre outras ações.
Olhar Sustentável
Durante o evento, a Reserva recebeu o Selo Amarelo – Olhar Sustentável, a partir da reciclagem de resíduos sólidos, realizada por meio de parceria entre o Instituto de Etnoturismo, a Ambiente See (empresa de soluções sustentáveis ESG) e a Brasil Preserva, que iniciaram uma aliança via Associação AWE Recicla, que tem o objetivo de realizar gestão de resíduos e a educação ambiental dentro das aldeias indígenas, captando recursos e incentivando multiplicadores de conhecimento sustentável. A ação tem a colaboração com a Cooperativa de Catadores (Cooperaporto).
Fonte: Ascom/CAR
Foto: Marta Medeiros/CAR