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Produção industrial varia 0,1% em junho e fecha primeiro semestre em retração de 0,3%

Produção no setor extrativo fechou o primeiro semestre com alta de 5,8%.

A produção industrial do país variou 0,1% na passagem de maio para junho, marcando a segunda taxa no campo positivo consecutiva. Em maio, a indústria já havia avançado 0,3%. Na comparação com junho de 2022, o avanço é de 0,3%. No ano, o acumulado da indústria é de retração de 0,3%, enquanto o acumulado nos últimos 12 meses foi de acréscimo de 0,1%. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada nesta terça-feira (1º) pelo IBGE.

André Macedo, analista da pesquisa, explica que o resultado de junho mostra uma manutenção no campo positivo, embora com uma taxa muito próxima da estabilidade. “Entretanto, esses dois meses de alta em sequência não revertem a perda de abril, quando a taxa foi -0,6%”, ressalta. Para o pesquisador, “ainda que o primeiro semestre de 2023 mostre saldo positivo de 0,5% quando comparado com o patamar de dezembro de 2022; o ritmo está muito aquém do que o setor precisa para recuperar as perdas do passado recente, afinal, ainda se encontra 1,4% abaixo do patamar pré-pandemia de fevereiro de 2020”, afirma.

A produção industrial nacional, ao recuar 0,3% no primeiro semestre do ano, permaneceu com taxa negativa, mas reduziu a intensidade de perda frente ao fechamento dos quatro primeiros meses de 2023, quando havia recuado 1%. Contudo, esse movimento não foi visto em todas as grandes categorias econômicas. Entre esses dois períodos, bens intermediários, que também é o de maior peso, foi o único que mostrou ganho de dinamismo, ainda que no campo negativo, a categoria saiu de uma queda de 2,1% no primeiro quadrimestre para encerrar o semestre com recuo de 0,5%. “Há uma relação muito clara com o setor extrativo, que exerce uma liderança em termos de crescimento, com expansão de 5,8% nos primeiros seis meses do ano, com destaque para minério de ferro e petróleo”, complementa Macedo. O analista também ressalta a importância dos resultados, dentro dessa categoria, dos setores de alimentos, mais especificamente os produtos açúcar e os itens derivados da soja; e de derivados do petróleo. “As demais categorias econômicas não fizeram esse movimento de melhora de ritmo durante o semestre, mesmo os segmentos que fecharam com taxas positivas”, ressalta o pesquisador.

Resultado de junho é impulsionado pelo setor extrativo

Quando analisado o resultado da indústria nacional na passagem de maio para junho de 2023, somente uma das quatro grandes categorias econômicas e 7 dos 25 ramos industriais pesquisados mostraram crescimento na produção. A maior influência positiva nos grupos de atividades veio de indústrias extrativas, que avançou 2,9% em junho depois de crescer 1,4% em maio. “São cinco taxas positivas em seis meses, influenciado pelo avanço na extração de petróleo e minérios de ferro”, afirma Macedo, salientando que o setor é um dos poucos que estão acima do patamar pré-pandemia, com 7% de alta perante o nível de fevereiro de 2020.

Outros setores que contribuíram para o resultado de junho de 2023 foram confecção de artigos do vestuário e acessórios (4,9%), de produtos de borracha e de material plástico (1,2%) e de produtos de metal (1,2%). Já entre as 16 atividades em queda, coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-3,6%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,0%) e máquinas e equipamentos (-4,5%) exerceram os principais impactos.

Produção avança 0,3% na comparação com junho de 2022

Na comparação dos resultados de junho de 2023 com o mesmo mês de 2022, a produção industrial avançou 0,3% em junho de 2023, obtendo resultados positivos em duas das quatro grandes categorias econômicas, 8 dos 25 ramos, 34 dos 80 grupos e 41,7% dos 789 produtos pesquisados. Vale citar que o chamado “efeito-calendário” não apareceu nesta comparação, pois junho de 2023 teve 21 dias úteis, o mesmo número de junho de 2022.

Entre as atividades, o destaque também fica para indústrias extrativas, com avanço de 11%. Outros setores como produtos alimentícios (4,9%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (4,3%), impressão e reprodução de gravações (23,7%) e outros equipamentos de transporte (10,1%) também deram contribuições positivas.

Já entre as 17 atividades em queda, chama a atenção os resultados das atividades de produtos químicos (-9,4%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-6,2%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-13,0%), máquinas e equipamentos (-7,3%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-12,6%), que exerceram as maiores influências.

Entre as grandes categorias econômicas, na mesma comparação, bens intermediários teve a maior alta, avançando 1,8%. O segmento de bens de consumo semi e não duráveis (0,1%) também teve resultado positivo no mês, embora menos intenso do que a média da indústria (0,3%). Por outro lado, houve quedas em bens de consumo duráveis (-3,9%) e bens de capital (-10,3%).

O setor produtor de bens intermediários cresceu 1,8%, segunda taxa positiva consecutiva na comparação interanual, mas menos intensa do que a do mês anterior (3,1%). A produção de bens de consumo semi e não duráveis teve variação positiva de 0,1%, também registrando a segunda alta seguida, porém, menos intensa do que a registrada no mês anterior (0,9%).

Por fim, o segmento de bens de consumo duráveis teve queda de 3,9% em junho de 2023 na comparação com junho de 2022, interrompendo cinco meses consecutivos de crescimento nesse tipo de comparação, enquanto o setor produtor de bens de capital apresentou recuo de 10,3% e marcou a 10ª taxa negativa consecutiva nessa comparação.

Mais sobre a pesquisa

PIM Brasil produz indicadores de curto prazo desde a década de 1970 relativos ao comportamento do produto real das indústrias extrativa e de transformação. A partir de março de 2023, teve início a divulgação da nova série de índices mensais da produção industrial, após reformulação para atualizar a amostra de atividades, produtos e informantes; elaborar uma nova estrutura de ponderação dos índices com base em estatísticas industriais mais recentes; atualização do ano base de referência da pesquisa; e a incorporação de novas unidades da federação na divulgação dos resultados regionais da pesquisa. Essas alterações metodológicas são necessárias e buscam incorporar as mudanças econômicas da sociedade. Os resultados da pesquisa também podem ser consultados no banco de dados Sidra. A próxima divulgação da produção industrial – Brasil será em 05 de setembro.

Fonte: IBGE
Foto: André Motta de Souza/Petrobras

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