Busca por aumentos reais é uma preocupação apontada na pesquisa realizada pela Secretaria de Mobilização e Negociação Salarial da FENAJ.
Os pisos salariais de jornalista no Brasil variam entre R$ 1,9 mil e R$ 4,5 mil mensais, com 40% dos salários de referência na casa de R$ 2 mil mensais, para uma jornada diária de 5 horas trabalhada. É o que revela a pesquisa “Panorama da Mobilização e Negociação Salarial nos Sindicatos de Jornalistas”, realizada em agosto deste ano pela Secretaria de Mobilização, Negociação Salarial e Direito Autoral da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ).
De acordo com Rafael Mesquita, secretário de Mobilização e Negociação Salarial da FENAJ, 24 dos 31 Sindicatos filiados à Federação responderam ao questionário. “O levantamento traz informações essenciais sobre as questões salariais e direitos trabalhistas dos jornalistas, com o objetivo de enriquecer a atuação dos sindicatos e fortalecer a defesa dos interesses da categoria”, pontua o dirigente, que também é presidente do Sindicato dos Jornalistas do Ceará (Sindjorce).
Os dados do levantamento serão apresentados aos dirigentes sindicais na 2ª Plenária Nacional sobre Campanhas Salariais, que acontecerá no dia 21 de setembro, às 19h, pela plataforma Zoom. A ideia é debater as principais demandas da categoria apresentadas pela pesquisa, que vai subsidiar a construção da pauta de reivindicações geral da Campanha Salaria, Nacional Unificada dos Jornalistas 2024.
Pisos estaduais/regionais unificados
De acordo com o levantamento, 15 (62%) sindicatos informaram que em suas bases o piso salarial estabelecido é unificado para toda a categoria. Em relação aos valores das remunerações iniciais, apenas dois Estados apresentam pisos unificados para jornalistas acima de R$ 4 mil: Alagoas (R$ 4.572,03) e Paraná (R$ 4.233,60).
Em outras quatro localidades, São Luís do Maranhão, Distrito Federal, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, os pisos salariais ultrapassam os R$ 3 mil, com valores de R$ 3.438,73, R$ 3.383,51, R$ 3.123,80 e R$ 3.011,48, respectivamente. Importante notar que o piso informado para o Rio Grande do Sul se aplica somente à Capital, enquanto no interior daquele Estado, o salário base geral é de R$ 2.660,08.
Três estados estabelecem pisos gerais entre R$ 2,5 mil e R$ 2,9 mil: Goiás (R$ 2.900,00), Roraima (R$ 2.800) e Piauí (R$ 2.640,00).
Na faixa de R$ 1,9 mil a R$ 2,1 mil, identificamos seis bases territoriais sindicais, 40% do total deste grupo, com os seguintes valores: Pernambuco (R$ 2.140,00), Juiz de Fora (R$ 2.100,00), Paraíba (R$ 2.000,00), Rondônia (R$ 2.000,00), Rio Grande do Norte (R$ 1.941,58) e Pará (R$ 1.900,00). Ressalta-se que o valor informado para o Pará é válido apenas para a Capital, enquanto no interior desse estado, o piso é de R$ 1.750,00.
Pisos salariais por segmentos
A pesquisa realizada pela FENAJ também revelou que, em pelo menos 12 localidades, os sindicatos reportaram negociações, acordos ou convenções que estabelecem pisos salariais com base em setores ou segmentos específicos. Nestes casos, a aplicação desses instrumentos varia consideravelmente.
Rádio e TV:
Cinco entidades apresentaram instrumentos coletivos com salários específicos para a radiodifusão. O Ceará se destaca como o estado com o maior piso específico, atingindo R$ 3.189,64. Minas Gerais estabeleceu um piso para TV e produtoras de R$ 2.886,93. No Espírito Santo, o piso para a televisão é de R$ 2.472,56 (aplicável à Grande Vitória). São Paulo utiliza uma jornada de trabalho de 7 horas, dificultando comparações diretas, com valores de piso variando entre R$ 3.540,11 e R$ 5.657,73.
Jornal e Revista:
Também em cinco bases territoriais foram registrados valores correspondentes a pisos específicos para o setor de jornais e revistas. A Bahia possui o valor mais elevado registrado, de R$ 4.331,20. O Município do Rio de Janeiro estabeleceu um piso de R$ 2.487,96. No Ceará, foram identificados dois valores: R$ 2.425,19 e R$ 2.331,91, devido a acordos com empregadores diversos. O Espírito Santo apresenta pisos variando de R$ 1.807,69 a R$ 2.496,79, dependendo da empresa e da localidade. Em São Paulo, o piso de 5 horas corresponde a R$ 4.275,75. Na projeção das 7 horas, o salário é de R$ 6.841,20.
Assessoria de Imprensa/Comunicação:
Apenas quatro sindicatos informaram ter pisos salariais característicos para o segmento de assessoria de imprensa/comunicação. São Luís (MA) estabeleceu o maior piso, de R$ 5 mil. No Ceará, o piso é de R$ 4.074,49, em Pernambuco é de R$ 2,5 mil, e no Espírito Santo os pisos são de R$ 2.496,79 (na capital) e R$ 1.908,32 (no interior). Rondônia menciona a existência de um piso, mas não fornece o valor. São Paulo tinha um piso até 2013, quando o sindicato patronal deixou de reconhecer o SJSP como representante da categoria.
Jornalismo Digital:
Apenas o Espírito Santo e o Município do Rio de Janeiro mencionam pisos para o jornalismo online, que foram incorporados aos segmentos tradicionais. No Rio de Janeiro, esses pisos variam de R$ 2.433,01 a R$ 2.487,96. No Espírito Santo, os valores variam de R$ 1.908,32 a R$ 2.496,79.
Principais desafios dos Sindicatos
Conforme Mesquita, a análise das respostas fornecidas pelos Sindicatos de Jornalistas em todo o Brasil sobre os principais desafios na atualidade revela uma série de problemáticas. A busca por aumentos reais que reponham as perdas salariais dos últimos anos é uma preocupação em comum.
“A resistência das empresas em oferecer reajustes significativos após a crise econômica e a pandemia são barreiras para o avanço salarial da categoria”, pontua o diretor.
Outros desafios centrais são, segundo ele, a busca por unificação dos pisos salariais em parte dos Estados e estender as remunerações iniciais para jornalistas que atuam em assessoria de imprensa/comunicação. “Muitos profissionais no campo da assessoria recebem salários significativamente abaixo desses patamares, apontando para a necessidade de assegurar condições salariais mais justas”, finaliza.
Campanha Salarial Nacional Unificada
Para a presidenta da FENAJ, Samira de Castro, o levantamento realizado pela Secretaria de Mobilização vai permitir aos dirigentes dos 31 Sindicatos filiados compreenderem quais são os gargalos comuns e quais são as oportunidades de fortalecimento da atuação conjunta.
“Sabemos que existem as particularidades locais, mais teremos condições de construir nossa Campanha Salarial Nacional Unificada 2024 sabendo onde queremos chegar, com uma pauta geral robusta e sólida. E esse objetivo comum, que é a recomposição dos salários e a ampliação dos direitos coletivos, representará na prática o fortalecimento de todos os Sindicatos na hora das negociações”, comenta.
Fonte: ASCOM FENAJ
Foto: Reprodução