Você sabia que o uso indiscriminado de medicamentos como Rivotril, por exemplo, podem aumentar as probabilidades do desenvolvimento de demência?
O uso prolongado de medicamentos benzodiazepínicos, por exemplo como o Rivotril, pode sim estar associado a um maior risco de problemas cognitivos, como dificuldades de memória e confusão mental.
Esses medicamentos têm efeitos sedativos e podem afetar a função cognitiva, especialmente em pessoas mais velhas. É neste cenário que os medicamentos à base de Cannabis surgem como alternativa segura e eficaz no tratamento de ansiedade e insônia, principalmente em pessoas com mais idade.
No entanto, não há evidências concretas que indiquem que o Rivotril, especificamente, possa causar demência. A relação entre o uso de benzodiazepínicos e o desenvolvimento de demência ainda não está completamente esclarecida, como explica o médico Dr. João Carlos Normanha Ribeiro.
“O uso de benzodiazepínicos deve ser feito com o acompanhamento de médicos que conhecem sobre o medicamento. Acontece que hoje em dia a gente temos dois lados. Primeiramente o médico que prescreve de uma forma indiscriminada. E um paciente que muitas vezes ele inicia o uso prescrito, mas ele não volta no médico e vai ajustando a própria dose. É diferente daquela pessoa que faz o uso controlado por um período de tempo. E aí essas pessoas de uso indiscriminado começam a entrar numa incidência maior, em uma estatística maior para a probabilidade delas desenvolverem algum tipo de demência”.
É possível substituir o Rivotril por produtos à base de Cannabis?
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) mais de 65 milhões de unidades de Rivotril foram vendidos no Brasil em 2022. Porém, mesmo sendo um dos remédios mais vendidos do país há diferentes riscos no seu uso contínuo. Por exemplo, a dependência química e psicológica, já que o uso prolongado desse medicamento pode levar à tolerância.
“Penso que produtos com CBD deveriam ser o medicamento de escolha no caso do tratamento da ansiedade e da insônia de idosos. E aí quando a gente entra no caso do idoso que tem sintomas psiquiátricos, considero que tanto medicamentos com CBD e com THC deveriam ser tentados antes de se optar por alguma alternativa que hoje a gente tem no mercado farmacêutico. Os fitocanabinoides deveriam estar na linha de frente. Então sim, em muitos casos o CBD poderia substituir em muitos casos o Rivotril e o Zolpiden, principalmente na insônia crônica. Mas a gente sabe que existe uma certa dificuldade no ajuste da dose dos medicamentos à base de Cannabis. Então em uma situação de urgência, prefiro que o paciente faça o tratamento convencional. Os medicamentos convencionais são aliados, mas é preciso ter um olhar para que no futuro você consiga manejar e fazer a substituição por medicamentos de Cannabis”.
Quem deve decidir a prescrição do medicamento?
Tanto no uso de produtos à base de Cannabis, como no uso de benzodiazepínicos, a prescrição de um medicamento deve ser decidida pelo médico, com base em uma avaliação completa do paciente, incluindo histórico médico, sintomas, exames laboratoriais e outras informações relevantes.
Neste sentido, Dr. Normanha destaca que é um direito do médico ter autonomia, e não ser influenciado, para fazer de forma segura e confiável.
“Você precisa ter a liberdade de ter na mão todas as cartas para selecionar uma coisa mais natural para o paciente. Isso sim é a gente trazer a liberdade da saúde. Claro, sempre seguindo os preceitos do código de ética médica. Restringir um médico na forma dele atuar, de maneira segura e eficaz, não é o caminho. E sabemos que o Conselho de Medicina está prestes a emitir um documento restringindo a prescrição de Cannabis no Brasil”, alerta.
Importância do acompanhamento médico
“Todo benzodiazepínico cria uma tolerância que a pessoa tem que aumentar a dose do uso. Mas se ela faz uso dele por um período de tempo, como solução para um problema. É importante a gente também entender que muita das vezes a prescrição desse medicamento é feita de uma forma correta. Pois existe uma coisa que é muito pior, por exemplo, que é a insônia do paciente. Por exemplo, o paciente fica agitado a noite inteira, um idoso que não dorme e isso não vai melhorar o quadro dele. Há tratamentos e situações em que realmente o Rivotril é indicado, mas deve ser feito e, principalmente, retirado de maneira correta”, concluiu o profissional.
É mais saudável usar produtos à base de Cannabis do que benzodiazepínicos
É essencial adotar uma abordagem equilibrada e baseada em evidências científicas ao considerar opções de tratamento. Medicamentos alopáticos, quando prescritos e utilizados corretamente sob supervisão médica, desempenham um papel crucial no tratamento de muitas condições de saúde.
Da mesma forma, produtos naturais como a Cannabis também podem ter benefícios e requer acompanhamento médico. De qualquer maneira, utilizar produtos à base de Cannabis é um caminho mais natural de tratamento.
Em relação aos estudos científicos, cabe destacar que recentemente uma nova pesquisa, realizada por cientistas dos EUA, teve resultados interessantes para aqueles que pretendem reduzir ou eliminar o uso de medicamentos convencionais, principalmente benzodiazepínicos.
De acordo com o estudo Anxiety severity and prescription medication utilization in first-time medical marijuana users, pacientes com ansiedade ou transtorno do estresse pós-traumático conseguiram reduzir o uso de medicação convencional de forma segura, após incluir a Cannabis no tratamento. Entre esses medicamentos, a classe dos benzodiazepínicos foi a que teve maior redução entre os pacientes.
Fonte: Cannabis e Saúde
Foto: Divulgação Cannabis e Saúde