Enquanto o Burnout se caracteriza pelo esgotamento emocional extremo e agudo, no Burn On, vemos uma manifestação crônica do estresse ocupacional, explica o médico Dr. Linério Ribeiro de Novais Jr
Nos últimos anos, a discussão sobre o estresse ocupacional ganhou uma nova dimensão. A partir de 1º de janeiro de 2022, a síndrome de burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, foi oficialmente reconhecida como uma doença ocupacional.
Essa mudança ocorreu com a inclusão da condição na Classificação Internacional de Doenças (CID) pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Agora, surge um novo conceito: a Síndrome de Burn On.
O termo “Burn On” foi criado pelos alemães Timo Schiele, psiquiatra, e Dr. Bert te Wildt, psicoterapeuta, autores de um livro sobre o tema, atualmente disponível apenas em alemão. O título do livro, em tradução livre, é “Burn On: Sempre à beira do Burn Out: O sofrimento não reconhecido e o que ajuda contra ele”.
Enquanto a Síndrome de Burnout é caracterizada pelo estresse excessivo e não gerenciado no ambiente de trabalho, a Síndrome de Burn On segue a mesma linha, mas, segundo os autores, a principal diferença é que se trata de uma doença crônica.
Em entrevista, Dr. Linério Ribeiro de Novais Jr., clínico geral e doutorando em Ciências da Saúde, esclareceu as distinções entre essas síndromes e explorou o papel promissor da Cannabis medicinal na prevenção e tratamento dos seus sintomas.
“Enquanto o Burnout caracteriza-se por um esgotamento emocional extremo, que se manifesta de forma aguda, e as pessoas afetadas experimentam uma sensação de exaustão e drenagem emocional, no Burn On, temos um resultado cronificado desse stress ocupacional no trabalho“, explica.
A síndrome de Burnout é notoriamente associada a um colapso emocional, levando os indivíduos a um estado em que o esgotamento se torna insuportável. “É uma condição que exige intervenção imediata, pois os afetados frequentemente se veem incapazes de continuar suas atividades profissionais”, acrescentou.
Burn On: o estresse crônico moderno
Em contraste, a síndrome de burn on é um conceito emergente.
“O burn-on não leva ao colapso imediato, mas representa um estado de estresse crônico e constante. Mesmo fora do horário de expediente, existe uma dificuldade em se desconectar e frequentemente isso vem acompanhado com uma sensação de culpa por não estar constantemente produzindo”, destaca.
Este estresse contínuo, embora menos intenso que o burnout, pode ter efeitos prejudiciais a longo prazo. O médico explica ainda que, não necessariamente eles estariam numa progressão. São semelhantes. Entretanto, um pode existir sem o outro.
“As pessoas conseguem sobreviver ao dia a dia, mas estão em constante sobrecarga, o que pode levar a problemas de saúde mental e física se não for tratado adequadamente”, alertou o especialista.
Burn on e papel da Cannabis Medicinal
Diante desse cenário, a Cannabis medicinal surge como uma alternativa tanto para a prevenção quanto para o tratamento dos sintomas do burn-on.
“O sistema endocannabinoide está envolvido em várias vias do organismo, incluindo humor, ansiedade, sono, apetite e metabolismo energético. A Cannabis medicinal pode ajudar a manter a homeostase, buscando o equilíbrio do organismo”, explicou o Dr. Linério Ribeiro de Novais Jr.
O Dr. Linério detalhou como a Cannabis pode atuar nesses casos: “Ela tem um poder de neuroplasticidade significativo, conferindo ao sistema nervoso a capacidade de se adaptar e se proteger. Além disso, possui propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes que são cruciais para combater os efeitos do estresse crônico.”
Mecanismos Anti-Inflamatórios e Antioxidantes
“O estresse crônico ativa o eixo HPA (hipotálamo-pituitária-adrenal), levando a uma produção constante de cortisol, que inflama o corpo. A Cannabis medicinal, especialmente o CBD, atua em duas vias metabólicas principais da inflamação (NFKB e PPAR-GAMA), transformando células inflamatórias em células não inflamatórias”, explicou.
Além de reduzir a inflamação, a Cannabis também diminui a excitabilidade do sistema nervoso central e periférico, reduzindo os sinais de dor e ansiedade.
“Ela atua diretamente nos centros da ansiedade, atenção e sistema límbico, proporcionando clareza mental, calma e menor irritabilidade”, acrescentou.
Além disso, o médico destaca a importância de uma abordagem holística no tratamento do Burn On, incluindo exercícios físicos, alimentação balanceada, práticas como yoga e a conexão consigo mesmo.
“Essas estratégias, combinadas com o uso da Cannabis medicinal, podem oferecer um alívio significativo e prevenir a progressão do estresse crônico”, concluiu.
Fonte: Cannabis e Saúde
Foto: Julia Teichmann por Pixabay