Segundo a NOAA, 77% das áreas de recife do mundo estão sofrendo estresse térmico de nível de branqueamento; COP16 fará sessão emergencial sobre corais
Cientistas estão preocupados com a situação dos recifes de corais ao redor do mundo. Em meio a recordes de temperatura alta nos oceanos nos últimos meses, análises preliminares indicam que a maior parte desses ecossistemas pode estar passando por estresse térmico de nível de branqueamento, com perdas ecossistêmicas potencialmente severas.
A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) indicou à Reuters que, segundo imagens de satélite, cerca de 77% das áreas de recifes de corais do mundo foram submetidas até agora a estresse térmico de branqueamento. Esse é o maior evento de branqueamento global de corais, iniciado em abril passado, superando o recorde anterior de 66% de áreas de recifes afetadas no evento de 2014-2017.
“Este evento ainda está aumentando em extensão espacial e quebramos o recorde anterior em mais de 11% em cerca de metade do tempo”, explicou o coordenador do Coral Reef Watch da NOAA, Derek Manzello. “Isso pode ter ramificações sérias para a resposta final desses recifes a eventos de branqueamento”.
Como a AFP assinalou, o branqueamento é uma reação dos corais ao aquecimento das águas. Quando a temperatura se eleva excessivamente, os corais expelem suas algas e ficam brancos, o que os deixa expostos a doenças e em risco de morrer. As algas oferecem alimentos e nutrientes aos corais, além de suas cores marcantes.
As consequências do branqueamento dos corais vão além dos ecossistemas marinhos. Muitas comunidades dependem deles para a pesca: a morte dos corais elimina uma fonte importante de alimentos aos peixes, reduzindo assim sua disponibilidade e ameaçando a subsistência e a segurança alimentar de milhares de famílias. Ao todo, os recifes fornecem cerca de US$ 2,7 trilhões em bens e serviços, de acordo com uma pesquisa de 2020 da Global Reef Monitoring Network.
A questão da sobrevivência dos corais será um dos temas na agenda de negociação da Conferência da ONU sobre Diversidade Biológica (COP16) que começa em Cali nesta 2ª feira (21/10). Pesquisadores pediram uma sessão de emergência sobre os recifes de corais, com a discussão de medidas imediatas e de médio e longo prazo para evitar seu colapso generalizado.
Folha, O Globo e Um Só Planeta repercutiram o alerta da NOAA sobre o branqueamento dos recifes de corais. CNN e Fox também abordaram o assunto.
Em tempo: Um novo relatório do Greenpeace Internacional reiterou a importância de um Tratado Global dos Oceanos para impulsionar a ação climática nos oceanos e nas comunidades costeiras. O documento resume as descobertas científicas dos últimos cinco anos que alertam sobre o aquecimento marinho, o branqueamento dos corais, as mudanças na distribuição das espécies marinhas, a perda de gelo marinho, a elevação do nível do mar e os eventos climáticos extremos. Um dos pontos destacados é que a capacidade dos oceanos de absorver dióxido de carbono não pode ser mais capaz de acompanhar as emissões humanas de gases de efeito estufa.
Fonte: ClimaInfo
Foto: Great Barrier Reef Marine Park Authority