O projeto de lei foi inspirado no movimento #RespeitaMeuCapelo, idealizado pela agência GUT São Paulo e pela Vult (marca de beleza do Grupo Boticário), e desenvolvido pela Dendezeiro, grife baiana agênero e especialista na pluralidade dos corpos
A Câmara Municipal de Salvador aprovou por unanimidade, durante sessão ordinária na tarde desta terça-feira (17), o projeto de lei (80/2024) de autoria da vereadora Marta Rodrigues (PT) que assegura que as instituições de ensino da capital baiana façam uso de chapéus de formatura (capelos) adequados para cabelos afro, cacheados, crespos e volumosos nas solenidades da rede municipal de ensino.
“A aprovação do projeto por unanimidade é uma demonstração de que a Casa entende o quão importante é a inclusão, principalmente na área de educação. Esperamos a sensibilidade do prefeito para que a lei seja sancionada”, afirmou.
Marta Rodrigues explica que projeto visa promover a inclusão, colaborar no combate ao racismo e empoderar os estudantes da rede municipal que possuem cabelos afro e que não se sentem representados pelo acessório tradicional, por não conseguirem encaixá-lo na cabeça durante um evento significativo de suas vidas.
“Essa é uma realidade do universo estudantil, de todos os graus, inclusive do acadêmico. Esses acessórios são fabricados em larga escala num modelo padrão que não contempla a maioria populacional da nossa cidade e do país, que é negra. Os capelos têm simbologia para os estudantes, fazem parte de um rito de passagem. É constrangedor saber que muita gente fica com este acessório na mão, em um momento importante da vida, porque não foi pensado para ela”, justificou.
A expectativa é que o projeto ganhe apoio e seja ampliado para as escalas de esfera estadual e federal. “Espaços de poder e de produção do conhecimento precisam passar por alterações para não reproduzir o racismo estrutural. Apesar da política de cotas ter ampliado o acesso de pessoas negras às universidades, esses espaços permanecem valorizando a padronização da estética branca eurocêntrica. A identidade do povo negro e sua estética são invisibilizados. Espero que todas as instituições de ensino, inclusive as universidades, se adequem a essa nova realidade”, disse.
O projeto de lei foi inspirado no movimento #RespeitaMeuCapelo, idealizado pela agência GUT São Paulo e pela Vult, marca de beleza do Grupo Boticário, e desenvolvido pela Dendezeiro, grife baiana agênero e especialista na pluralidade dos corpos. “Vale lembrar que Salvador é a capital com maior população negra fora da África, somando 83,2% de indivíduos que se autodeclaram pretos ou pardos, de acordo com o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2022”, disse.
Fonte: Ascom ver Marta Rodrigues – PT