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Cannabis e autismo: comunicação e socialização se destacam entre os principais benefícios do tratamento

Com o uso de Cannabis medicinal, crianças com autismo têm mostrado avanços na capacidade de se comunicar e socializar, áreas que tradicionalmente são mais desafiadoras no tratamento convencional

A Cannabis tem se mostrado uma aliada promissora no tratamento de condições como o autismo, especialmente no que diz respeito à melhoria da comunicação. Embora os desafios ainda sejam muitos, a evidência científica vem ganhando força, com relatos de progressos importantes, como o aumento da capacidade de interação e expressão.

Esses avanços, que, de acordo com especialistas, não são comuns com tratamentos tradicionais, revelam o potencial da Cannabis em transformar a qualidade de vida dos pacientes. Ela promove não apenas melhorias no comportamento, mas também no vínculo social e emocional.

Estudo do Hospital Universitário de Brasília destaca a comunicação como principal melhoria com o uso de Cannabis para o autismo

Estudos recentes, como os conduzidos no Hospital Universitário de Brasília, demonstram que o uso de Canabinoides, como o Canabidiol (CBD), tem proporcionado avanços significativos nas habilidades comunicativas de crianças e jovens dentro do espectro autista.

A pesquisa liderada pela Dra. Jeanne Alves de Souza Mazza, publicada na revista Pharmaceuticals, envolveu 30 pacientes entre 5 e 18 anos com autismo moderado a grave (nível 2 ou 3 de suporte), muitos dos quais já haviam tentado outros tratamentos.

Os resultados foram promissores, com melhorias expressivas, especialmente na comunicação. A capacidade dos pacientes de interagir e expressar suas necessidades aumentou significativamente.

A comunicação foi a principal melhoria, algo que não acontece com outros medicamentos. Muitos pacientes passaram a observar as pessoas e entender o que elas diziam, o que reduziu a irritabilidade, frequentemente causada pela dificuldade de se comunicar”, afirmou a médica.

Ana Hounie também destaca melhorias na comunicação e nos sintomas nucleares durante a ExpoCannabis

Durante a segunda edição da ExpoCannabis, realizada em São Paulo em novembro, Ana Hounie, presidente da AMBCANN, conduziu o painel “Atualização do tratamento com Cannabis no autismo”. Pioneira na pesquisa e prescrição de Canabinoides, a médica destacou diversos avanços no tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA), entre eles: a melhora na comunicação.

Em sua fala, Hounie apontou que, embora a evidência científica ainda esteja em desenvolvimento, já existem dados promissores, incluindo relatos de casos clínicos, estudos retrospectivos e estudos controlados mais robustos.

“Temos seis relatos de caso clínico, cinco estudos retrospectivos e dois estudos duplo-cego controlados que demonstram a eficácia da Cannabis no controle de sintomas como agressividade e dificuldade de socialização. O mais fascinante é observar melhorias nos sintomas nucleares do autismo, como avanços na linguagem e na interação social — aspectos que, geralmente, não respondem aos tratamentos convencionais”, destacou.

Canabinoides no tratamento do autismo: Dr. Gustavo Pecolo explica como CBD, CBN e CBG promovem melhorias na fala e no comportamento

Em entrevista para o portal Cannabis & Saúde, o psiquiatra Dr. Gustavo Pecolo, especialista em psiquiatria infantil, explicou como os Canabinoides, como o CBD, CBN e CBG, podem beneficiar crianças com autismo. Especialmente no que diz respeito à questão da comunicação.

Segundo ele, esses compostos atuam como agentes anti-inflamatórios endógenos, reduzindo moléculas pró-inflamatórias e trazendo melhorias significativas no comportamento e na fala das crianças.

Esses compostos têm um efeito muito grande no metabolismo, reduzindo moléculas pró-inflamatórias. A criança acaba exteriorizando esse poder anti-inflamatório, o que reflete em avanços no geral, como na linguagem e no comportamento”, explicou Pecolo.

Ele também ressaltou que a Cannabis possui uma abordagem ampla, reorganizando diversos processos metabólicos simultaneamente, e que, enquanto outros suplementos, como a vitamina B12, podem atuar de forma mais direta em questões relacionadas à linguagem, o CBD contribui de maneira mais holística.

“A Cannabis medicinal não é apenas um ansiolítico simples; ela entra como um todo, reorganizando muita coisa ao mesmo tempo”, afirmou.

O Impacto positivo da Cannabis: confira relatos de melhora na comunicação e socialização

“Hoje, eu consigo entender o que meu filho está sentindo e isso faz toda a diferença para mim”

A experiência de Daniele Alves com o tratamento de seu filho, Valentim, com Cannabis medicinal, é um exemplo do impacto positivo na comunicação de crianças com autismo. Valentim, um autista não verbal, começou a apresentar mudanças progressivas na forma de se comunicar.

Ele ainda é um autista não verbal, mas agora consegue se compreender e se fazer entender. Hoje, eu consigo saber o que meu filho está sentindo, e isso transforma completamente a nossa relação”, disse Daniele.

Ela compartilhou com emoção a evolução de Valentim no uso de um sistema de comunicação alternativa, associando emoções a personagens do filme Divertidamente. “Ele começou a associar personagens a emoções, como alegria ou frustração”, contou a mãe.

O momento mais marcante foi quando Valentim vocalizou a palavra “mãe” pela primeira vez após quatro anos e sete meses. “Ouvir o ‘mãe’ pela primeira vez foi indescritível. Esses momentos de progresso me dão forças para continuar”, relatou.

O impacto positivo na vida de Laura após três anos de tratamento

Karoline Xavier compartilhou a história de sua filha, Laura, diagnosticada com autismo nível 2 de suporte e atraso intelectual, que também experimentou melhorias significativas após iniciar o tratamento com Cannabis.

Os primeiros avanços surgiram logo no primeiro mês, com uma significativa melhora no sono. Outro ponto  marcante foi a redução dos episódios de autoagressão.

Após três anos de tratamento, Karoline compartilha com orgulho as conquistas da filha.

Hoje, ela é muito mais independente, começou a utilizar um sistema de comunicação alternativa, e a primeira vez que ela me chamou de ‘mãe’ foi depois do início do tratamento com Cannabis. Esse momento ficará para sempre na minha memória. Ver minha filha evoluir dessa maneira é o maior presente que poderia receber.” 

Fonte: Cannabis e Saúde
Imagem de Mimzy por Pixabay

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