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Cannabis sativa mostra potencial no tratamento da epilepsia: neuroproteção e efeitos anticonvulsivantes

Estudos apontam benefícios do CBD e THC no controle de convulsões e na neuroproteção, abrindo novas possibilidades de tratamento para pacientes com epilepsia resistente a medicamentos

Uma pesquisa publicada recentemente na Science Direct (2024) explora o potencial da Cannabis sativa no tratamento da epilepsia, especialmente nas formas resistentes a medicamentos. O estudo destaca os efeitos neuroprotetores e anticonvulsivantes dos canabinoides, como o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC), apresentando novas perspectivas para pacientes cujas condições não são controladas por tratamentos convencionais. A pesquisa revela como a Cannabis sativa pode emergir como uma alternativa viável no controle das convulsões e na proteção neural.

A morfologia e os componentes da Cannabis sativa

A Cannabis sativa, planta da família Cannabaceae, é rica em compostos químicos com potenciais terapêuticos, entre eles os canabinoides. Mais de 125 canabinoides foram identificados, sendo o CBD e o THC os mais estudados. O CBD, em particular, tem se destacado por seus efeitos neuroprotetores, que incluem a redução da neuroinflamação e do estresse oxidativo. Além disso, a planta possui propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e até anticancerígenas, o que a torna relevante para uma série de distúrbios neurológicos, incluindo a epilepsia.

A eficácia do CBD e THC na epilepsia

A Cannabis sativa tem sido investigada como uma alternativa para o tratamento de epilepsias resistentes a medicamentos. Estudos clínicos recentes apontam que o CBD pode reduzir significativamente a frequência das convulsões em pacientes com epilepsia de difícil controle. Um exemplo notável é a aprovação do Epidiolex pela FDA em 2018, o primeiro medicamento à base de cannabis aprovado para o tratamento da epilepsia. De acordo com pesquisas, o CBD tem mostrado resultados promissores em condições como a síndrome de Lennox-Gastaut e a síndrome de Dravet, formas raras e graves de epilepsia.

Propriedades anticonvulsivantes e neuroprotetoras do CBD

Em modelos animais, os canabinoides, especialmente o CBD, demonstraram ter efeitos anticonvulsivantes significativos. Estudos mostram que o CBD pode reduzir a gravidade e a frequência das convulsões sem causar efeitos colaterais indesejados. Além disso, o CBD tem efeitos neuroprotetores, protegendo as células neuronais contra danos causados pelas convulsões recorrentes. Um estudo realizado por Ibeas Bih et al. (2015) sugere que o CBD pode ajudar a reduzir a neurotoxicidade e a inflamação, prevenindo danos cerebrais em pacientes com epilepsia crônica.

Impacto na epilepsia refratária

A epilepsia refratária, caracterizada pela falta de resposta a tratamentos convencionais, afeta cerca de um terço dos pacientes com epilepsia. Para esses pacientes, o uso do CBD tem mostrado benefícios, com estudos pré-clínicos e clínicos indicando uma redução substancial na frequência das crises. O CBD tem se mostrado eficaz ao reduzir a excitabilidade neuronal e a neuroinflamação, fatores essenciais na propagação das convulsões.

O papel do sistema endocanabinoide

O sistema endocanabinoide (SEC) é crucial para a regulação da neurotransmissão e neuroproteção no cérebro. Os receptores canabinoides CB1 e CB2 estão envolvidos na modulação da atividade neuronal. O CBD, embora não se ligue diretamente aos receptores CB1 ou CB2, exerce efeitos anticonvulsivantes ao interagir com outros sistemas, como os receptores de serotonina (5-HT1A) e vaniloides (TRPV1). Essas interações ajudam a reduzir o estresse oxidativo e a neuroinflamação, fatores que desempenham papéis críticos na epilepsia.

Terapias combinadas e perspectivas futuras

Além dos efeitos isolados do CBD, pesquisas também indicam que a combinação de canabinoides com medicamentos antiepiléticos tradicionais pode ser uma opção terapêutica promissora. O CBD tem demonstrado melhorar a eficácia de outros tratamentos, permitindo a redução das doses necessárias e minimizando os efeitos colaterais. A combinação dessas terapias oferece uma abordagem mais eficaz para pacientes com epilepsia refratária, ampliando as possibilidades de tratamento.

Fonte: Sechat
Foto: Michael Fischer

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