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Canabinoides no tratamento da dermatite atópica: potencial terapêutico e Perspectivas

A dermatite atópica (DA) é uma doença cutânea crônica, caracterizada por prurido intenso, xerose (ressecamento da pele) e inflamação. A patologia afeta milhões de pessoas em todo o mundo. As terapias convencionais, como o uso de corticosteroides e hidratantes, frequentemente não oferecem alívio completo dos sintomas (CHU et al., 2024).

Nesse contexto, os canabinoides emergem como uma alternativa promissora no tratamento da DA. Substâncias como o canabidiol (CBD) e o Δ-9-tetrahidrocanabinol (THC) possuem propriedades anti-inflamatórias, antipruriginosas e antioxidantes, que podem auxiliar na redução dos sintomas dessa condição (AVILA et al., 2020; FERREIRA et al., 2023).

Além disso, compostos endocanabinoides, como a palmitoiletanolamida (PEA), demonstraram efeitos benéficos na regulação do prurido (coceira) e na melhora da função de barreira da pele (EBERLEIN et al., 2007). Estudos pré-clínicos mostraram que o uso tópico de PEA resultou em uma melhora significativa dos sintomas da coceira e inflamação em modelos murinos (EBERLEIN et al., 2007).

Um estudo clínico randomizado conduzido por Gao et al. (2021) avaliou a aplicação tópica de uma formulação combinada de CBD e aspartame em pacientes com DA leve a moderada, resultando em uma redução significativa na pontuação ISGA (Investigator’s Static Global Assessment) após 14 dias de tratamento.

Além disso, Schräder et al. (2021) relataram que o uso tópico de canabinoides em pacientes com epidermólise bolhosa, uma doença genética rara que provoca a formação de bolhas na pele, melhorou sintomas como dor e prurido, sugerindo o potencial terapêutico dessas substâncias em diversas condições dermatológicas.

Os canabinoides não apenas oferecem um efeito anti-prurido, mas também podem ser úteis para a manutenção da função de barreira cutânea, controle da inflamação, hidratação da pele e propriedades antioxidantes e antimicrobianas. Isso abre um vasto campo para o desenvolvimento de novas formulações farmacêuticas e cosméticas.

Embora os resultados preliminares sejam promissores, mais pesquisas são necessárias para validar a eficácia e segurança dos canabinoides no tratamento da DA em humanos. Além disso, os desafios legais e a variabilidade nas regulamentações sobre o uso de derivados de cannabis ainda limitam a disponibilidade dessas terapias em muitos países (YEROUSHALMI et al., 2020).

Referências

– AVILA, C. et al. Cannabinoids for the treatment of chronic pruritus: A review. Journal of the American Academy of Dermatology, 2020.

– CHU, D. K. et al. Atopic dermatitis (eczema) guidelines: 2023 American Academy of Allergy, Asthma and Immunology/American College of Allergy, Asthma and Immunology Joint Task Force on Practice Parameters. Annals of Allergy, Asthma & Immunology, 2024.

– EBERLEIN, B. et al. Adjuvant treatment of atopic eczema: assessment of an emollient containing N-palmitoylethanolamine. Journal of the European Academy of Dermatology and Venereology, 2007.

– FERREIRA, B. P. et al. Skin applications of cannabidiol: sources, effects, delivery systems, marketed formulations and safety. Phytochemistry Reviews, 2023.

– GAO, Y. et al. Novel cannabidiol aspartame combination treatment significantly reduces ISGA score in atopic dermatitis. Journal of Cosmetic Dermatology, 2021.

– SCHRÄDER, N. H. B. et al. Cannabinoid use and effects in patients with epidermolysis bullosa: an international cross-sectional survey study. Orphanet Journal of Rare Diseases, 2021.

– YEROUSHALMI, S. et al. Perceptions and recommendation behaviors of dermatologists for medical cannabis: A pilot survey. Complementary Therapies in Medicine, 2020.

Fonte: Sechat
Foto: Reprodução / Sechat

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