Estabelecer parcerias com os municípios baianos para desenvolver a aquicultura. Este foi o foco da participação da Bahia Pesca na quinta edição do Fórum Estadual dos Gestores Municipais da Agropecuária da Bahia (Feagri), que reúne representantes de mais de 200 cidades do Estado no Centro de Convenções de Salvador.
Na abertura, o presidente da Bahia Pesca, Daniel Victória, apresentou um panorama geral dos projetos desenvolvidos pela empresa . Acompanhado pelo gerente de projetos Júnior Sanches, Daniel participou de um painel ao lado do diretor-geral da Agência de Desenvolvimento Agropecuário da Bahia (ADAB), Paulo Sérgio Luz, e do chefe de gabinete da Secretaria de Agricultura, Thiago Guedes Viana.
“Durante muito tempo a Bahia Pesca ficou conhecida como uma empresa que distribui alevinos, mas nós somos muito mais que isso: nós transformamos vidas, e nós o fazemos com muito critério porque temos responsabilidade com os recursos públicos”, declarou Victória.
Alternativas para o Semiárido – Na quarta-feira (9), foi a vez de Júnior Sanches apresentar o minicurso “Carcinicultura e Piscicultura como alternativas para o semiárido” para um grupo de mais de 80 gestores municipais.
Em sua explanação inicial, o biólogo contextualizou a realidade da Bahia, que tem dois terços de seu território baiano no semiárido. A maior parte deste território dispõe aquíferos subterrâneos situados sob escudos cristalinos, de onde os poços artesianos ali perfurados produzem água com elevados teores de sais, o que restringe seu uso para consumo humano, mas não para o desenvolvimento de projetos de piscicultura e de carcinicultura. Ele citou o exemplo do Ceará, onde a maior parte da produção de camarão vem do continente, e não do litoral.
Junior Sanches alertou para a necessidade de uma avaliação prévia por parte dos gestores das condições físico-químicas dos ambientes aquáticos. Muitas vezes, o investimento necessário para alcançar o equilíbrio iônico da água – que é indispensável para o cultivo de camarões – torna o custo do produto inviável. “A depender da dosagem de carbonatos que precisaremos utilizar para alcançar parâmetros mínimos para o camarão fazer as trocas da carapaça e se desenvolver, não tem viabilidade econômica. Mas nem tudo está perdido, porque essa mesma água que não serve para criar camarão pode servir para a cultivo de tilápias”, ponderou.
O especialista explica que embora também necessite de parâmetros mínimos de temperatura, oxigênio dissolvido na água, PH, amônia e alcalinidade, a criação de tilápias é muito mais viável porque trata-se de um peixe rústico, capaz de se adaptar às mais adversas condições.
Sanches revelou que em Riachão do Jacuípe, um projeto piloto desenvolvido pela Bahia Pesca e pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente está iniciando o cultivo consorciado de tilápia e camarão. “Fizemos alguns testes e agora vamos introduzir o primeiro o camarão e depois a tilápia, com intervalo mínimo de um mês. Esse sistema é vantajoso porque em dado momento a gente pode suspender a ração do camarão, que é detritívoro, e vai passar a se alimentar das fezes da tilápia, ajudando a limpar o fundo do tanque”, explicou. “E embora as tilápias sejam seres onívoros, não vão comer os camarões, desde que estejam sendo alimentadas com a quantidade correta de ração”, completou.
Júnior Sanches observou que mesmo que as tilápias sobrevivam em condições bastante adversas, os gestores municipais interessados no desenvolvimento da piscicultura de seus municípios devem estar atentos aos parâmetros de salinidade e disponibilidade da água, vazão, níveis de argila no solo, profundidade das barragens e declividade dos viveiros escavados. São esses critérios que, uma vez observados, irão determinar se o investimento feito vai ser capaz de se transformar em uma fonte de segurança alimentar e de geração de renda para a comunidade. “A Bahia Pesca conta com o apoio dos gestores municipais para fazer essa triagem, porque ninguém consegue fazer nada sozinho. Vocês conhecem as comunidades e nós temos a expertise técnica. Juntos podemos transformar a realidade”, concluiu.
Repercussão – Para o secretário de agricultura municipal de agricultura e meio ambiente de Cruz das Almas, Lerciano Oliveira, o minicurso foi uma oportunidade para alavancar o desenvolvimento da piscicultura no município. “É um prazer estar participando deste fórum, a Bahia Pesca realizou uma palestra belíssima a respeito da aquicultura e nós de Cruz das Almas pretendemos buscar este apoio para desenvolver a aquicultura, que em nosso município ainda é uma atividade pequena, mas crescente”, destacou.
Tamiris Castro, técnica do Serviço de Inspeção Municipal do Consórcio Intermunicipal do Piemonte da Diamantina, exaltou a nova oportunidade de poder levar aos oito municípios consorciados mais projetos de aquicultura da Bahia Pesca. “Já contamos com uma parceria consolidada, com o piloto do projeto Camarão no Semiárido em Miguel Calmon e uma edição do Workshop Construindo Redes realizada em Jacobina”, lembrou.
A engenheira Ananda Santiago, de Salvador, acredita que a participação no minicurso é uma forma de se manter atualizada e ajuda a manter e ampliar a sua rede de contatos. “Foi muito interessante para entender a cadeia da pesca e a gestão aquícola do Estado, que tem muito a crescer”, afirmou. Para a líder comunitária Paula Tupinambá, de Itapuã, Salvador, o minicurso foi importante para conhecer um pouco mais do desafio que tem pela frente para realizar o seu sonho. “Quero ajudar a população pobre da minha comunidade a desenvolver a criação de tilápias numa das lagoas do Abaeté”.
Fonte: Ascom/Bahia Pesca
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