Em sessão gratuita, documentário “O Preço da Cura” estreia em São Paulo e amplia o debate sobre o uso medicinal da Cannabis no Brasil
No próximo sábado, 26 de abril, a Nave Coletiva — sede da Mídia Ninja em São Paulo — recebe a sessão de estreia do documentário “O Preço da Cura”. O filme explora histórias reais de brasileiros que encontraram na Cannabis uma alternativa para tratar condições de saúde e ter mais qualidade de vida.
A sessão começará às 16h20 — horário simbólico para a comunidade canábica — com entrada gratuita mediante inscrição. Paralelamente, o documentário será lançado no canal do YouTube Cultlight, onde ficará disponível gratuitamente.
Em entrevista, Mônica Barcelos (diretora) e Dr. PV (produtor e médico) detalharam os bastidores da produção, os desafios enfrentados e o impacto que esperam causar com a obra.
Inspiração na prática clínica
Com experiência na prescrição de medicamentos à base de Cannabis, Dr. PV acompanha o tratamento de centenas de pessoas em sua clínica (Instituto Manga Rosa), que administra junto com Mônica. A diretora relatou que o contato diário com pacientes os motivou a criar “O Preço da Cura”.
“O Dr. PV, como médico, sempre ouviu histórias nas consultas. E ele falava: ‘Olha, hoje eu ouvi uma história que precisava ser contada.’ Isso foi gerando na gente uma urgência de falar sobre o tema do ponto de vista de pessoas comuns que tiveram as suas vidas transformadas com a planta.”
Dentre elas, a gente escolheu a história da Clara, com a família, a Deborah [mãe da Clara] e o Gabriel [irmão]. A Clara tem o diagnóstico de transtorno do espectro autista e epilepsia; e o Gabriel, irmão dela, tem depressão. Tudo começou com a Clara e depois o Gabriel também entrou no tratamento.”

Como falar sobre um tema polêmico
O grande desafio do projeto, segundo os realizadores, foi dialogar com quem está ‘fora da bolha’ — pessoas sem familiaridade com a Cannabis ou ativismo relacionado. Mônica destacou que depoimentos como os da família de Clara e de um vereador evangélico são essenciais para reduzir preconceitos.
“Quando a gente traz uma mãe que diz: ‘eu nunca fumei maconha, não tenho nenhuma experiência com isso, não sei o que é um baseado, mas eu escolhi plantar maconha escondida no meu quintal para salvar a vida da minha filha.’
Quando você traz um vereador evangélico dizendo: ‘Eu sou evangélico, cheguei para o meu pastor e falei: ‘eu vou fazer uma lei de maconha, porque isso salvou a vida do meu filho e tem que salvar a vida de outras crianças’.
Esse discurso é muito importante para quem está fora da bolha.”
Além de depoimentos da família de Clara, “O Preço da Cura” também aborda o pioneirismo do município de Armação dos Búzios, no estado do Rio de Janeiro. Foi nessa cidade praiana que foi aprovada a primeira lei de distribuição de medicamentos à base de Cannabis pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, Búzios foi o primeiro lugar onde a lei entrou em vigor, começando em 2023 a entrega dos produtos com canabinoides sem custos para os pacientes.
A evolução de Clara
A trajetória de Clara Raps, a personagem principal do documentário, é parecida com a de diversas crianças dentro do espectro do autismo: a vida dela e da família foi dividida em ‘antes’ e ‘depois’ da inclusão de medicamentos à base de Cannabis no tratamento.
Dr. PV acompanha o tratamento da Clara e falou sem dar spoilers sobre a evolução da condição da menina.
“A Deborah passou muitos anos buscando esse diagnóstico, tratando a Clara com medicações alopáticas, que dopavam, que sedavam a Clara, sem conseguir evoluir em muitas coisas. A Clara era não verbal, não tinha uma coordenação motora adequada, não conseguia assimilar e aprender.
A Clara nas palavras da Débora está cada dia mais festeira.”
Sessão de estreia do documentário “O Preço da Cura”
Se você está na cidade de São Paulo, não perca a estreia dessa incrível obra audiovisual.
📅 26 de abril, sábado
🕓 16h20
📍 Nave Coletiva – Rua José Bento, 106 – Cambuci, São Paulo, SP
🎟 Entrada gratuita com inscrição antecipada
🔗 Inscreva-se aqui
Confira abaixo o trailer do filme.
Fonte: Cannabis & Saúde
Imagem: Divulgação