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O uso dos derivados da Cannabis Sativa no controle sintomático da doença de Parkinson

Derivados da cannabis surgem como alternativa complementar no controle dos sintomas motores e não motores da doença

A doença de Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa crônica e progressiva mais frequente no mundo, ficando atrás apenas da Doença de Alzheimer. Atualmente, segundo dados da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde, cerca de 4 milhões de pessoas vivem com a doença no mundo, sendo aproximadamente 200 mil no Brasil.


A doença traz uma série de desafios motores e não motores que impactam diretamente a qualidade de vida dos pacientes. Tremores, rigidez muscular, lentidão dos movimentos, distúrbios do sono, dor crônica e ansiedade são apenas alguns dos sintomas que continuam difíceis de controlar, mesmo com os avanços nas opções terapêuticas.
Nos últimos anos, os derivados da Cannabis sativa vêm ganhando espaço como uma alternativa terapêutica complementar, especialmente para o manejo sintomático desses pacientes.


Mas o que a ciência realmente nos diz sobre essa abordagem?


Os canabinoides, como o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC), interagem com o sistema endocanabinoide, um sistema fisiológico fundamental para a regulação de diversas funções do organismo. Essa interação pode modular neurotransmissores envolvidos no controle sintomático e na melhora da qualidade de vida. Estudos pré-clínicos e pequenos ensaios clínicos sugerem que o CBD, isoladamente ou em combinação com o THC, pode ajudar a reduzir sintomas como tremores em repouso, distonia, distúrbios do sono REM e ansiedade.


Um estudo realizado pelo Departamento de Neurologia da Universidade de Tel Aviv, em Israel, avaliou 22 pacientes com doença de Parkinson antes e 30 minutos após o uso de cannabis. Foram utilizadas diversas escalas de avaliação, como a Escala Unificada de Avaliação da Doença de Parkinson (UPDRS), escala visual analógica e escala de intensidade da dor. A pontuação total média na UPDRS apresentou melhora significativa, especialmente nos domínios de tremor, rigidez e bradicinesia. Também foram observadas melhorias nos escores relacionados ao sono e à dor, sugerindo que a cannabis pode ter um papel relevante no manejo da doença de Parkinson (Lotan et al., 2014). 

Estudo de Israel 


Outro estudo, também conduzido em Israel, relatou benefícios expressivos com o uso de cannabis medicinal, incluindo redução na incidência de quedas (de 46,8% para 33,3%), diminuição significativa da rigidez muscular (72,7%) e do tremor (73,2%), além de alívio substancial da dor (81,4%). O tratamento também teve efeitos positivos sobre o humor (76,1%) e a qualidade do sono (71,7%), reforçando o potencial da cannabis no bem-estar geral de pacientes com Parkinson (Balash et al., 2017).
 

É importante destacar que, até o momento, as evidências ainda são limitadas, e o uso medicinal da cannabis não substitui o tratamento padrão. No entanto, ela pode ser considerada como parte de uma estratégia integrada de cuidado, sempre com acompanhamento médico especializado, doses cuidadosamente ajustadas e escolha criteriosa dos produtos, privilegiando formulações padronizadas e com rastreabilidade de qualidade.


A utilização responsável dos derivados da cannabis no contexto da doença de Parkinson representa mais do que uma opção terapêutica: representa respeito à individualidade de cada paciente e a busca incessante por qualidade de vida. É um novo tempo para a medicina do envelhecimento, e a integração cuidadosa dos derivados da cannabis faz parte dessa revolução. 

Fonte: Sechat
Image by rawpixel.com on Freepik

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