Em 2025, a Fundação Cidade Mãe (FGM) completa 30 anos de acolhimento, inclusão social e fortalecimento dos direitos da criança e do adolescente em Salvador. Para celebrar esse momento, o órgão realizou, na tarde da sexta-feira (6), um encontro com pessoas que já passaram pela instituição para que pudessem compartilhar suas experiências. A programação celebrativa contou com um momento de acolhimento, com uma apresentação de dança, depoimentos de egressos, orientação e direcionamento para vagas de emprego, além de encerramento com lanche.
Artista de dança e do teatro, Mila Reis, 33 anos, contou o quanto a FCM mudou completamente a história dela. “Eu cheguei na Fundação aos oito anos e muitas vezes a entidade foi o braço direito da minha mãe. Nós passamos muita dificuldade, vivemos em situação de violência social, e a FCM era um refúgio. Foi na Fundação que eu encontrei pessoas que não desistiram de mim, que me incentivaram o tempo todo. Hoje, sou educadora social de dança e tenho outras formações. Já trabalhei até fora do país, na Turquia, com a dança, e me sinto realizada em pensar na menina que eu era e na mulher que me tornei”, declarou.
Para Alan Santos, 27 anos, a FCM também foi a instituição responsável por dar a caneta com a qual ele escreveria a sua própria história com o enredo que sempre sonhou ter. “Eu sempre costumo dizer que eu não tenho como contar a minha vida, não tenho como falar da minha história, da minha trajetória de vida sem eu falar da Fundação Cidade Mãe, porque foi realmente o meu pronto-socorro”, disse.
O jovem cresceu em um lar bastante conturbado, onde, segundo ele, 90% dos familiares eram envolvidos com a criminalidade e com o consumo de entorpecentes. “Era na Fundação Cidade Mãe que eu encontrava acolhimento, era onde eu encontrava amor de verdade e foi aqui que eu pude participar de diversas oficinas culturais, como dança, capoeira, artes plásticas, canto coral, percussão e teatro. Foi aqui que pude me especializar na dança, onde me encontrei de verdade. Na FCM, eu me tornei Jovem Aprendiz e também tive a oportunidade do meu primeiro emprego. Hoje, eu atuo como educador social e professor de dança dentro da FCM e confesso que conquistei coisas que jamais poderia conquistar. Hoje eu posso passar para cada criança e adolescente, cada jovem que tenho na minha sala o que eu aprendi aqui dentro”, relatou.
Para Eliane Braz, gerente de proteção básica da FCM, a ideia era justamente ter um momento de compartilhamento de experiências e de reencontro com as pessoas que já passaram pela entidade. “Nós pensamos em reunir egressos da FCM, pessoas que passaram por aqui, que deixaram suas marcas, mas também que, com certeza, puderam desfrutar de momentos de acolhimento. A Fundação ajudou no crescimento dessas pessoas, como cidadãs e cidadãos, então é um momento de compartilhar, de a gente saber notícias deles, onde eles estão, o que estão fazendo e para que eles também possam conhecer a Fundação de hoje”, afirmou.
Três décadas de acolhimento – A Fundação Cidade Mãe (FCM) foi criada e implementada por meio da Lei 5.045/1995, em 17 de agosto. O órgão é vinculado à Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SMPJ) e tem como missão promover a proteção e o protagonismo de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social através de ações na perspectiva da formação para a cidadania.
“Nesses 30 anos, a Fundação Cidade Mãe vem contribuindo para a redução da desigualdade social e para o fortalecimento da proteção da infância ao promover a inclusão social, o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários e a prevenção de situações de risco. Se eu fosse escolher apenas uma palavra para traduzir o propósito da Fundação Cidade Mãe, sem dúvida, seria a palavra ‘acolher’. As crianças e adolescentes atendidos na Fundação sentem-se acolhidos, em todos os aspectos e com o sentimento de pertencimento, que é visível na alegria que eles demonstram em estar presentes nas unidades, nos centros de convivência, participando das atividades e na evolução deles”, afirmou Eliane.
A atuação da FCM se dá em dois níveis: no da Proteção Social Básica e no da Proteção Especial. O foco das ações de Proteção Social Básica está na prevenção de situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Para alcançar essa prevenção e fortalecimento, a instituição dispõe de nove Centros de Convivência Socioassistenciais (CCS) com capacidade para inscrever 2,4 mil pessoas.
Já a Proteção Especial garante acolhimento nas modalidades Institucional e Familiar a crianças e adolescentes em situação de extrema vulnerabilidade social que tiveram seus direitos violados e foram encaminhados por meio de medida de proteção expedida pelo Poder Judiciário. A ação ocorre nas Unidades de Acolhimento Institucional (UAIs), que atualmente são lares para dezenas de crianças com idade de 8 a 17 anos, e também por meio do Serviço Família Acolhedora, iniciativa que visa acolher, de maneira provisória, crianças de 0 a 6 anos em situação de risco e afastadas das famílias de origem por medida protetiva determinada judicialmente. Nesse caso, o acolhimento é feito por famílias voluntárias e residentes da capital baiana.
Centros de Convivência – Por meio dos CCS e de mais uma instituição parceira, a FCM atende, mensalmente, mais de mil crianças e adolescentes, dos seis aos 17 anos, que se encontram em situação de vulnerabilidade social ou risco pessoal. Os nove CCSs estão distribuídos nos bairros de Periperi, Chapada do Rio Vermelho, Piatã, Nordeste de Amaralina, Saramandaia, Jardim das Margaridas, Canabrava, Engenho Velho de Brotas e Fazenda Grande IV.
Neles, crianças e adolescentes, inclusive os que estão matriculados na rede municipal de ensino, têm acesso a acompanhamento psicossocial, a oficinas culturais (dança, música, artes plásticas, capoeira, teatro), oficinas para inclusão digital, cursos de qualificação e de jovem aprendiz.
“Na linha da proteção social básica a FCM, através do Centro de Convivência Socioassistencial, oferece um espaço de convivência onde crianças e adolescentes e seus familiares podem desenvolver habilidades, construir novos projetos de vida e fortalecer suas relações, contribuindo assim para a prevenção da violência, do trabalho infantil e de outros tipos de situações de vulnerabilidade”, explicou Eliane.
Além disso, a FCM já deu diversas oportunidades de ingresso em emprego na modalidade CLT aos educandos oriundos dos CCS’s e dos cursos de Jovem Aprendiz para exercerem funções como educadores sociais, assistentes administrativos, agentes de portaria e auxiliares de serviços gerais. Atualmente, a FCM possui quatro turmas de Jovem Aprendiz, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai).
Fonte: Secom PMS
Foto: Bruno Concha