Acionamento do valor mais alto das bandeiras é motivado pela previsão para as hidrelétricas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que devem fechar outubro com 39,9% de capacidade
A seca severa que atinge boa parte do país, com a colaboração dos gargalos na transmissão de eletricidade que estão represando a energia eólica e solar produzida no Nordeste [saiba mais no Em Tempo abaixo], vai doer ainda mais no bolso dos brasileiros. Neste mês de outubro, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) vai acionar a bandeira vermelha patamar 2 – a mais cara do sistema de bandeiras tarifárias, criado em 2015 para refletir os custos variáveis na geração de energia elétrica, como o acionamento de termelétricas a combustíveis fósseis, que têm energia mais cara e suja.
Com a bandeira vermelha patamar 2, consumidores atendidos pela rede elétrica vão pagar R$ 7,877 a mais por cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos de 1º a 31 de outubro. Em setembro, a bandeira acionada pela ANEEL foi a vermelha patamar 1, que cobra R$ 4,463 por 100 kwh.
Segundo o órgão regulador, os fatores que motivaram o acionamento da bandeira vermelha patamar 2 foram as previsões de poucas chuvas no próximo mês, o que afeta os reservatórios das hidrelétricas, e a elevação do preço do mercado de energia elétrica, informam O Globo, Folha, Estadão e g1.
Segundo as últimas projeções do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o nível dos reservatórios das hidrelétricas deve cair pelo 6º mês consecutivo em outubro. De acordo com a previsão do ONS, as usinas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste devem chegar ao fim do mês que vem com 39,9% de capacidade, informam CNN e Poder 360, uma queda de 7 pontos percentuais em relação aos números do fim de setembro.
Ao longo de outubro, a previsão meteorológica indica que as chuvas devem voltar gradualmente, mas em níveis baixos e insuficientes para aumentar a afluência dos rios ou recompor os reservatórios das grandes hidrelétricas. Com isso, a vazão deve seguir baixa e o volume de água armazenada cair ainda mais até o final do próximo mês, avalia o operador.
Em tempo: O crescimento das fontes eólica e solar no Nordeste sem o correspondente avanço da transmissão de energia elétrica ameaça onerar ainda mais a conta de luz dos brasileiros. Empresas do setor e o governo discutem na Justiça uma fatura que já chega a R$ 1,2 bilhão, provocada pelo descasamento entre a implantação dessas usinas e a expansão das linhas de transmissão, destaca a Folha. As companhias querem ser indenizadas por cortes involuntários na geração, intensificados por restrições impostas pelo ONS à transferência de energia após o apagão de agosto de 2023. Sem linhas suficientes para escoar sua eletricidade, usinas eólicas e solares têm sido obrigadas a parar por determinados períodos do dia, enquanto termelétricas a gás fóssil, mais caras e poluentes, são acionadas. Dor no bolso e no clima.