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Arraiá Sustentável e Solidário: mais de 700 kg de materiais recicláveis são coletados em Salvador, durante festejo junino

Vendedores autônomos, Carlos Vinicius Amaro e Renan Marinho, ambos de 24 anos, se conheceram no ônibus enquanto trabalhavam. Durante a conversa sobre as vendas, Renan, que também é catador de materiais recicláveis, convidou Carlos para conhecer o Arraiá Solidário e Sustentável, projeto criado por 12 Cooperativas de catadores e catadoras de Salvador e a ONG CAMA, que garante trabalho e renda a esses profissionais, durante os festejos juninos na capital baiana.

Empolgado com a ideia de poder fazer uma renda extra, Carlos, que é morador de Camaçari, aceitou o convite do amigo. “As vendas hoje foram bem fracas. Já estava indo para casa, quando começamos a conversar e ele (Renan) me chamou. Quero mudar de vida. Estou juntando dinheiro, pretendo morar em São Paulo para estudar sobre bolsa de valores. Falou em ganhar dinheiro honesto, estou indo”, contou o rapaz, entre risos.

Além de Carlos e Renan, centenas de trabalhadores se dirigiram à Vila Junina dos Catadores (as) de Materiais Recicláveis, no Parque de Exposições, neste primeiro dia de festa. Outras duas Vilas, no Pelourinho – no Largo da Tieta -, e em Paripe – na Rua da Estação, Subúrbio de Salvador -, também estão acolhendo esse profissionais.

Nesta 3ª edição, o projeto Arraiá Sustentável e Solidário serão beneficiará 560 catadores e catadoras de materiais recicláveis, entre autônomos e cooperativados.

A intenção da iniciativa, além de dar suporte a estes trabalhadores, garantindo dignidade e uma renda justa, é retirar do meio ambiente cerca de 12 toneladas de materiais recicláveis, que seriam descartados de forma irregular. Nesta sexta-feira (21), primeira noite de trabalho, foram coletados no Parque de Exposições e Pelourinho 770 quilos de resíduos, entre latinhas de alumínio, plásticos, garrafas PET’s e papelão. A Vila de Paripe começa a funcionar neste sábado, 22.

Dona Maria Quitéria Santana também é um desses trabalhadores que participam do projeto. Veterana, pretende trabalhar até o dia 2 de julho, Dia da Independência da Bahia, para juntar uma grana e poder pagar o aluguel e quitar dívidas com o cartão de crédito e empréstimo. Atuando há 10 anos como catadora de material reciclável, ela reconhece a importância do projeto. Ela tira no máximo R$ 100,00 trabalhando em eventos particulares da cidade, já através do Arraiá do Sustentável e Solidário é mais que o dobro. “Minha expectativa é de conseguir com a coleta de hoje em torno de R$300,00”, disse Maria Quitéria.

Everaldo Brito, catador de material reciclável, há 6 anos, atua todos os dias nas regiões de Itapuã, Boca do Rio e Costa Azul. Ele conheceu o projeto através de um amigo e também faz planos com o dinheiro que irá receber. “Pretendo investir na minha filha, Agatha Vitória. Ela tem 2 meses, vou comprar leite para guardar”, disse o rapaz, com um olhar voltado para o futuro e o bem-estar da filha recém-nascida.

A alta expectativa dos catadores em relação aos ganhos com a coleta de material reciclável tem explicação. Os matérias recolhidos nos trabalhos realizados no dia-a-dia, geralmente, são vendidos a ferros velhos da cidade, os chamados atravessadores, que costumam pagar bem menos pelo material entregue. Já durante os festejos, os materiais são comprados pelas cooperativas por um preço justo. Nesta 3ª edição, o quilo da latinha de alumínio está sendo comercializado a R$6,00, o da garrafa PET, a R$1,00, e do plástico, a R$0,50. O trabalhor que conseguir bater a meta de 15 quilos de plástico e PET recebe uma bonificação de R$30,00 a mais no valor do quilo coletado.

“Na primeira semana de festas juninas no Parque de Exposições os catadores sentiram falta do projeto, pois ficaram sem ter para quem vender o material recolhido. Eles vieram e não encontraram o projeto que eles já estão acostumados. Tiveram que sair pela manhã com saco de latas nas costas para vender o material no Bairro da Paz”, explicou Jeane Santos, uma das coordenadoras do projeto.

O Projeto

Na 3ª edição do Arraiá Sustentável e Solidário serão acolhidos 560 catadores e catadoras de materiais recicláveis, sendo 310 autônomos e 250 cooperativados. Para auxiliar esses trabalhadores, três Vilas Juninas dos Catadores (as) de Materiais Recicláveis foram montadas no Parque de Exposições, no Pelourinho (Largo da Tieta) e pela primeira vez em Paripe, na Rua da Estação.

Para participar, o catador deve ir até uma das três Centrais do Arraiá Sustentável e Solidário e apresentar o CPF para poder se cadastrar e pegar o kit de Equipamento de Proteção Individual -EPI. Os trabalhadores recebem uma mochila com uma calça, uma blusa, um par de luvas e um par de botas.

Um grupo de costureiras que integram o Costura Solidária Sustentável também é acolhido pelo projeto. São elas as responsáveis por produzir as mochilas feitas com banners de lona vinílica que seriam jogados no lixo.

Estão à frente da iniciativa, as cooperativas Coocreja, Cooperbari, Cooperguary, Caec, Canore, Camapet, Crun, Cooperes, Canarecicla, Cooperbrava, Cooperlix, Coleta Cidadã e a ONG CAMA, que integram o Fórum Estadual Lixo e Cidadania da Bahia. A ação conta com o apoio do Governo do Estado da Bahia (SEMA, SEDUR e SETRE) e do MPT-BA, Limpurb, Secis, Voluntárias Sociais da Bahia e MPBA.

Fonte: ONG Cama
Foto: Divulgação

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