Na fase final de elaboração do Plano Plurianual PPA 2024-2027, que corresponde ao instrumento de planejamento de médio prazo, o Governo da Bahia iniciou, na última quarta-feira (09), com um evento realizado no auditório da Secretaria do Planejamento, a atualização de cenários e tendências do Plano de Desenvolvimento Integrado (PDI Bahia 2035), que consolida a visão estratégica de longo prazo do estado. A iniciativa da gestão estadual, realizada em parceria com o PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e a consultoria Macroplan, reuniu quatro ex-secretários do Planejamento (Armando Avena, Ronald Lobato, Antônio Alberto Valença e José Sérgio Gabrielli), além dos secretários de Ciência e Tecnologia, André Joazeiro, e do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte, Davidson Magalhães.
O objetivo do encontro, de acordo com o secretário do Planejamento, Cláudio Peixoto, é formar uma rede de gestores públicos, especialistas e técnicos para promover uma reflexão qualificada sobre os desafios para o desenvolvimento do estado, iniciando com a análise dos cenários e a identificação de tendências, que afetarão os contextos econômico, social, político e ambiental nas próximas décadas.
“Hoje é um dia muito especial para a Seplan, que tem um papel importante não só nessa retomada do protagonismo do planejamento no país, com a recriação do ministério, sendo referência pela construção participativa das políticas públicas e dos seus instrumentos, como pela missão a desempenhar na construção de um futuro mais próspero, justo e inclusivo para o nosso estado. Reunir quatro ex-secretários do Planejamento, que colocam toda sua capacidade de compreensão e formulação para pensar a Bahia, representa um marco histórico nessa virada de chave em direção ao futuro, tendo como guia uma base estratégica que irá nos direcionar em um mundo marcado pelos movimentos na geopolítica, as mudanças climáticas, as inovações tecnológicas e as transformações nas cadeias de valor”, destaca o secretário Cláudio Peixoto.
Cenários e Tendências
Responsável pela apresentação dos cenários projetados pela Macroplan para o ano de 2035 na Bahia, o cientista político, Elimar Pinheiro, traçou um panorama evolutivo do século XXI, identificando os principais eventos e processos que influenciaram o momento atual, destacando as mudanças climáticas, as inovações tecnológicas, o crescimento da extrema-direita e a guerra da Rússia x Ucrânia.
Em seguida, Pinheiro abordou as tendências mundiais que afetam o desenvolvimento, entre elas, a descarbonização e a aceleração do deslocamento do centro da economia para o Oriente, as mudanças nas relações de trabalho, o aumento da demanda mundial de alimentos, as novas tecnologias nas áreas da educação e saúde (telemedicina), a expansão do setor de serviços e as transformações urbanas, com o surgimento das cidades inteligentes.
Focando no contexto brasileiro, o cientista destacou algumas tendências que precisam ser consideradas no processo de planejamento, incluindo a transição demográfica, com o envelhecimento da população, a transição energética, o aumento da conectividade e do investimento em saneamento, além do adensamento da rede urbana e da melhoria da infraestrutura. Para ele, a forma como a Bahia irá se posicionar em um contexto marcado por diversas variáveis no Brasil e no mundo, que irá definir o seu nível de desenvolvimento. “O futuro tem três trilhos. Um se chama alimentos, nós temos. O outro chama-se energia, nós também temos e o terceiro que é a tecnologia, sempre associada a altos níveis de educação. Se olharmos para os países desenvolvidos no mundo, eles têm duas coisas em comum, não é mercado grande, nem acesso ao mar, é alta escolaridade e instituições confiáveis”, resumiu o cientista político.
Em sintonia com a apresentação, os ex-secretários do Planejamento presentes fizeram algumas contribuições importantes para a sequência do trabalho de atualização do PDI Bahia 2035. Sérgio Gabrielli destacou a necessidade de hierarquização das tendências apresentadas de forma a potencializar a atividade de planejamento, destacando o papel de destaque da China na geopolítica mundial e o processo de eletrificação do mundo, e ainda a necessidade da Bahia desenvolver sua matriz produtiva, considerando as novas cadeias de valor.
Armando Avena, por sua vez, defendeu a importância de planejar a Bahia sob um novo olhar, desenvolvendo a economia baiana com uma atenção especial ao tripé formado pelas áreas da educação, tecnologia e energia, além de sinalizar o papel importante desempenhado pelo Senai Cimatec na questão da inovação. Já para Ronald Lobato o maior desafio que se coloca no longo prazo é o de um cenário marcado pela escassez dos recursos naturais e de surgimento de um novo modelo econômico (pós-capitalismo). Enquanto que Antônio Valença lembrou a importância da Bahia investir na logística e nos diversos modais de transporte, especialmente, as ferrovias, para evitar o isolamento e a fuga de cargas para outros estados.
Plano de Longo Prazo
O superintendente de Planejamento Estratégico da Seplan, Ranieri Barreto, que coordena o processo de atualização do Plano de Desenvolvimento Integrado PDI Bahia 2035, construído de forma coletiva com a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (SDE) e o Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico e Social (Codes), valoriza o planejamento de longo prazo, destacando que se trata de uma agenda comum aos estados nordestinos, que também alcança o Governo Federal. “Hoje a gente fica gratificado, quando ouve a ministra do Planejamento afirmar que após o PPA, as equipes estarão voltadas para o planejamento de longo prazo do Brasil. Esperamos que isso aconteça, porque há muito tempo nós não temos um planejamento de longo prazo nesse país”.
Fonte: Ascom/Seplan
Foto: Lucas Silva/Seplan