O mercado sofre com a forte liquidação ocorrida na segunda-feira e tentou se recuperar, com o BTC atingindo US$ 80 mil, mas retrocedendo hoje para US$ 78 mil, dando chances para os ursos baixarem ainda mais o preço do Bitcoin
A principal criptomoeda do mercado, o Bitcoin BTC está cotada na manhã desta terça-feira (8), em R$ 467.527,75. O mercado sofre com a forte liquidação ocorrida na segunda-feira e tentou se recuperar, com o BTC atingindo US$ 80 mil, mas retrocedendo hoje para US$ 78 mil, dando chances para os ursos baixarem ainda mais o preço do Bitcoin.

Beto Fernandes, analista da Foxbit, destaca que apesar da grande volatilidade o pânico parece estar dando uma trégua. Os fortes recuos estão servindo para que alguns players acumulem BTC e ações a preços mais baixos, como uma oportunidade. Porém, ainda há muito estresse no mercado, que pode trazer uma nova onda de liquidez.
Segundo ele, o problema a ser enfrentado agora é a possível divisão que está sendo criada pelo tarifaço. De um lado, há um grupo de países dispostos a conversar e negociar uma flexibilização tarifária com Donald Trump. Do outro, a China já retaliou as taxas norte-americanos, enquanto há indícios de que a União Europeia vá seguir pelo mesmo caminho, mesmo que de forma mais branda.
“Todo esse estresse impede que o mercado e até mesmo a economia se desenvolvam tranquilamente. Não à toa, uma reunião de última hora do FED aumentou o sentimento dos investidores de que um corte de juros pode não estar tão distante assim. E é interessante observar este comportamento. Com os Estados Unidos cada vez mais próximos de uma estagflação, o FED pode decidir por abrir mão de controlar a inflação, por uma tentativa de impedir uma recessão econômica do país.
Até lá, a volatilidade tende a ser o grande mote do mercado, contaminando qualquer tendência ou decisão dos investidores. Nem mesmo os dados inflacionários, na quinta-feira, devem mexer muito com o humor. Afinal, a inflação divulgada de março dificilmente vai capturar a realidade do tarifaço”, disse.
Análise técnica preço do Bitcoin
Olhando para os gráficos, Pedro Gutiérrez, diretor Latam da CoinEx, destaca que a perspectiva técnica para o Bitcoin (BTC) continua a se deteriorar rapidamente, confirmando sinais que, em ciclos anteriores, precederam correções significativas. A já ativada “cruz da morte” — o cruzamento da média móvel de 50 dias (EMA50) abaixo da média móvel de 200 dias (EMA200) — tem sido historicamente um dos alertas mais confiáveis na análise técnica tradicional para sinalizar o início de uma tendência de baixa de médio prazo.
Segundo ele, em 2021, esse mesmo padrão marcou o início de uma queda de 20% em três semanas; em 2020, pouco antes do crash da COVID, antecipou uma queda de 50%; e em 2018, durante o inverno cripto, precedeu uma queda de 48%. A estrutura atual traz uma semelhança inquietante com esses cenários: rejeição nas médias móveis, movimento lateralizado, perda de suportes-chave e aumento no volume das velas vermelhas.
“Do ponto de vista do Ichimoku, o panorama também é preocupante. A nuvem (Kumo) está espessa, vermelha e descendente, indicando não apenas uma pressão vendedora contínua, mas um impulso baixista sustentado. O preço está sendo negociado bem abaixo da nuvem, sem cruzamentos favoráveis entre Tenkan e Kijun. A Kumo futura confirma ainda mais que não há recuperação técnica em andamento.
Esse tipo de configuração é típico de mercados de baixa que duram vários meses, nos quais a nuvem atua como uma zona de resistência dinâmica, bloqueando qualquer tentativa significativa de recuperação”, afirmou.
Além disso, recentes velas de baixa vieram acompanhadas de aumento de volume, validando que os vendedores estão firmemente no controle. O MACD também apresenta um cruzamento baixista com inclinação negativa e sem sinais de exaustão. Isso não é apenas uma correção leve por realização de lucros — trata-se de uma liquidação ativa de posições, que pode continuar a se intensificar.
Gutiérrez destaca também que os níveis técnicos-chave a serem observados agora incluem os US$ 73.000 como suporte imediato, seguidos pela faixa entre US$ 70.000 e US$ 65.000, onde o Bitcoin consolidou em ciclos anteriores.
“Caso essa zona seja rompida, o próximo suporte histórico está por volta de US$ 60.000, ou até mesmo entre US$ 58.000 e US$ 55.000, uma região que coincide com o nível de retração de 61,8% de Fibonacci da última grande alta. Um rompimento abaixo de US$ 70.000 pode desencadear uma nova fase de capitulação, semelhante ao que vimos na segunda metade de 2018.
Tudo isso ocorre em meio a um cenário macroeconômico turbulento: o mercado futuro dos EUA caiu mais de 3% ontem, sinalizando uma mudança profunda no apetite por risco. O petróleo WTI caiu mais de 6%, antecipando uma possível desaceleração da demanda global.
De uma perspectiva conservadora, este não é o momento para assumir riscos excessivos. Pelo contrário, é uma fase que exige preservação de capital. O Bitcoin, apesar de ser inovador e frequentemente descrito como um refúgio digital, está se comportando cada vez mais como um ativo de alta volatilidade, correlacionado com ações — o que o torna vulnerável nesse ambiente macroeconômico e geopolítico mais restritivo”, finaliza.
BTC vive momento desafiador
Guilherme Prado, Country Manager da Bitget, aponta que o índice Crypto Fear & Greed caiu para 17/100, sinalizando “medo extremo” entre investidores e que, apesar do cenário desafiador, alguns sinais podem beneficiar o mercado cripto nos próximos meses:
- O rendimento dos treasuries americanos caiu abaixo de 4%, o que alivia pressões sobre a dívida futura;
- O dólar (DXY) está mais fraco, favorecendo a valorização de moedas globais e abrindo espaço para fluxos de capital rumo às criptos;
- E as chances de corte de juros pelo Fed em maio aumentaram, o que tende a impulsionar ativos de risco.
Ana de Mattos, analista técnica e trader parceira da Ripio, aponta também que embora no curto prazo tenha entrado um alto volume financeiro durante a queda, sugerindo possível absorção por parte dos compradores, é importante analisar o gráfico diário, o qual mostra que ainda há espaço para mais quedas para o preço do ativo.
“Portanto, se houver continuidade da baixa, o Bitcoin poderá buscar a faixa dos US$ 69.000 como suporte de longo prazo. Mas, vale ressaltar que, diante dessa queda de -15% o preço do Bitcoin torna-se atrativo para realizar compras fracionadas pensando no longo prazo. Caso entre força compradora absorvendo a queda, a resistência de curto e médio prazo está na faixa de preço dos US$ 79.100 e US$ 82.300”, disse.

Portanto, o preço do Bitcoin em 08 de abril de 2025 é de R$ 467.527,75. Neste valor, R$ 1.000 compram 0,0021 BTC e R$ 1 compram 0,0000021 BTC.
As criptomoedas com maior alta no dia 08 de abril de 2025, são: Kucoin (KCS), Hyperliquid (HYPE) e Maker (MKR) com altas de 17%, 16% e 13% respectivamente.
Já as criptomoedas que estão registrando as maiores baixas no dia 08 de abril de 2025, são: Tether Gold (XAUT), Tokenize Xchange (TKX) e Fasttoken (FTN), com quedas de -0,8%, -0,7% e -0,6% respectivamente.
Aviso: Esta não é uma recomendação de investimento e as opiniões e informações contidas neste texto não necessariamente refletidas nas posições do Cointelegraph Brasil e do Caderno Baiano. Cada investimento deve ser acompanhado de uma pesquisa e o investidor deve se informar antes de tomar decisão.
Fonte: CoinTelegraph
Foto de Alesia Kozik