Reunimos evidências científicas sobre o uso medicinal da Cannabis para tratar a doença de Crohn e outras doenças inflamatórias intestinais
Dando continuidade à nossa série de evidências científicas que asseguram a eficácia e a segurança da Cannabis, neste texto, apresentaremos comprovações sobre o uso medicinal da planta no tratamento de doenças inflamatórias intestinais, principalmente a doença de Crohn e a colite ulcerativa.
Você pode conferir os episódios anteriores pelos links abaixo:
- Evidências científicas da Cannabis para tratar ansiedade
- Evidências científicas da Cannabis para tratar dores crônicas
- Evidências científicas da Cannabis para tratar epilepsia e transtorno do espectro do autismo
- Evidências científicas da Cannabis para tratar insônia
- Evidências científicas da Cannabis para tratar Parkinson
Os objetivos da série
Como de costume, gostaríamos de enfatizar que o propósito dessa série é estimular um debate bem-informado e consciente sobre o uso medicinal da Cannabis, destacando conhecimentos científicos produzidos por cientistas de universidades e centros de pesquisa ao redor do mundo.
Consideramos que as evidências científicas vêm de pesquisas rigorosas, como ensaios clínicos, estudos observacionais, revisões sistemáticas e meta-análises. Esse tipo de informação é essencial para orientar tanto as decisões em saúde quanto a formulação de políticas públicas.
Doença de Crohn e colite ulcerativa
Tanto a colite ulcerativa quanto a doença de Crohn são doenças inflamatórias intestinais, ou seja, causam inflamação crônica no trato gastrointestinal. Sem tratamento adequado, podem aumentar o risco de câncer de cólon (no caso da colite ulcerativa), além de obstruções intestinais, fístulas e abscessos (na doença de Crohn).
O tratamento para essas condições geralmente envolve:
- Medicamentos
- Mudanças na alimentação
- Cirurgia (em casos específicos)
Pesquisadores têm considerado o uso de derivados da Cannabis para complementar o tratamento principalmente pelas suas propriedades anti-inflamatórias e ao seu efeito regulador no sistema imunológico.
Embora não exista cura conhecida para a doença de Crohn e a colite ulcerativa, o tratamento pode oferecer melhora na qualidade de vida para os pacientes e prevenir complicações.
Evidências científicas da eficácia da Cannabis no tratamento da doença de Crohn, colite ulcerativa e outras doenças inflamatórias intestinais
A seguir, listamos evidências científicas que sugerem o uso medicinal da Cannabis para complementar o tratamento da doença de Crohn, colite ulcerativa e outras doenças inflamatórias intestinais.
Estudo clínico com 115 mg de THC
Começamos destacando um estudo clínico randomizado e controlado por placebo realizado por pesquisadores da Universidade de Tel Aviv, em Israel. Eles selecionaram 21 pacientes com a doença de Crohn que não respondia aos tratamentos convencionais e dividiram em dois grupos: um recebeu duas doses de 115 mg de delta-9-tetrahidrocanabinol (THC) duas vezes ao dia e o outro um placebo.
O tratamento durou 8 semanas e 90% dos pacientes tiveram uma melhora clínica medida pelo índice de atividade da doença de Crohn (CDAI). Além disso, os indivíduos tratados com Cannabis relataram melhora no apetite e no sono, sem efeitos colaterais.
Doença de Crohn e o sistema endocanabinoide
Outro grupo de pesquisadores de universidades israelenses analisou como a doença de Crohn afeta os níveis de endocanabinoides no sangue. Para isso, compararam amostras de sangue de pacientes com a doença que se trataram com Cannabis ou placebo por oito semanas. Os níveis de endocanabinoides, principalmente anadamida e 2-AG estavam relacionados com melhora na qualidade de vida, assim como de outras substâncias envolvidas no sistema endocanabinoide, como a palmitoiletanolamina (PEA) e o ácido araquidônico (OEA).
Portanto, eles concluíram que o complemento do tratamento para a doença de Crohn com canabinoides pode proporcionar mais bem-estar, se comparado com o tratamento sem o uso dos derivados da planta.
Revisão da literatura sobre canabinoides em doenças inflamatórias intestinais
Nessa análise, os pesquisadores revisaram artigos publicados entre 2012 e 2022 sobre o uso de canabinoides no tratamento de pessoas com alguma doença inflamatória intestinal. Os resultados mostraram que o uso de medicamentos com Cannabis por esses pacientes é promissor, com a maioria dos estudos apresentando melhoras nos sintomas da doença, como ganho de peso, redução da inflamação e melhor qualidade de vida.
Por outro lado, o estudo também destaca que mais estudos devem ser realizados, principalmente ensaios clínicos para definir doses e protocolos de tratamento.
Revisão da literatura sobre o uso do CBD em doenças inflamatórias intestinais
Focada no uso do canabidiol (CBD), esta revisão da literatura científica analisa como o canabinoide pode beneficiar o sistema gastrointestinal. Estudos apontaram que ele pode ajudar a melhorar a permeabilidade intestinal, equilibrar a microbiota e reduzir a inflamação.
Assim, o CBD tem potencial para tratar diversas doenças inflamatórias intestinais graças a sua interação com o intestino.
Fonte: Cannabis e Saúde
Foto: Reprodução