BrasilDrogasSaúdeSaúde MentalTratamento

CBD transdérmico pode transformar os tratamentos para dor crônica

Unindo uma nova via de administração e um princípio ativo conhecido há muito tempo, os tratamentos para a dor podem ficar mais eficazes

O canabidiol (CBD) transdérmico vem ganhando destaque pelo seu potencial para o tratamento de dores crônicas ou agudas. A via transdérmica é um caminho diferente que o canabinoide pode fazer para chegar ao lugar certo e fazer o efeito que desejamos.

Geralmente, a via transdérmica é utilizada para administrar medicamentos através da pele usando adesivos. Esses medicamentos podem ter ação local ou sistêmica com a liberação acontecendo gradualmente, permitindo uma absorção controlado e com alta biodisponibilidade.

Os produtos mais populares que utilizam essa via de administração são os adesivos para dores agudas — sendo os da marca Salonpas os mais populares — e os adesivos com nicotina para quem quer largar o tabagismo.

Uso de transdérmicos para a dor crônica

É comum vermos atletas de alto rendimento ou amadores utilizando adesivos com medicamentos transdérmicos (os coloridos podem até combinar com a roupa). No entanto, nos casos de dor crônica, aquela que persiste por 3 meses ou mais, essa abordagem pode ser insuficiente. Em condições inflamatórias, como a artrite, cresce a busca por alternativas que devolvam qualidade de vida para esses indivíduos.

O canabidiol se apresenta como uma alternativa pela sua ação com o sistema endocanabinoide capaz de reduzir consideravelmente a inflamação e as dores por uma via diferente da medicação tradicional. Porém é importante destacar que, para o tratamento da dor, há alguns desafios quanto à administração pela via oral. Eles incluem:

  • baixa biodisponibilidade após a passagem hepática;
  • imprevisibilidade das condições gástricas;
  • efeitos sistêmicos que podem ser indesejados.

Assim, a possibilidade de aplicação de CBD transdérmico surge como uma nova estratégia para compensar essas características. Como primeira opção ou complementando um tratamento amplo, essa via de administração pode proporcionar uma biodisponibilidade elevada na região de interesse, além de ter um bom perfil de segurança.

Nesse sentido, a análise Transdermal Delivery of Cannabidiol for the Management of Acute Inflammatory Pain: A Comprehensive Review of the Literature, feita por pesquisadores canadenses, reuniu informações de estudos realizados anteriormente para esclarecer as possibilidades do uso do CBD transdérmico.

As possibilidades com o CBD transdérmico

De antemão, é importante destacar que o sistema endocanabinoide também está presente na pele. A pele desempenha funções essenciais como a regulação da temperatura corporal e a proteção contra patógenos e substâncias nocivas. Na pele, o sistema endocanabinoide tem uma função de regulação do crescimento, diferenciação e proliferação celular. Além disso, é capaz de regular a resposta imune quando ela é exagerada.

No artigo, os pesquisadores canadenses defenderam a utilização do CBD transdérmico pela interação do canabinoide com o sistema endocanabinoide na pele.

“Diferentes receptores de CBD estão localizados na pele, indicando que este poderia atuar diretamente neste tecido. Portanto, uma aplicação tópica e transdérmica poderia ser uma alternativa viável para a entrega de CBD.

Estes métodos de aplicação são de grande interesse porque evitam os problemas associados aos modos convencionais de administração e podem proporcionar uma elevada biodisponibilidade com um nível plasmático estável e um bom perfil de segurança.

Além disso, os efeitos do CBD são principalmente locais, o que contribui para a diminuição dos efeitos secundários, e a dosagem total necessária para atingir o local alvo é muito menor.”

Os cientistas canadenses elaboraram essa figura que representa a distribuição dos receptores do sistema endocanabinoide (CB) na pele, assim como os receptores vaniloides (TRPV).
Os cientistas canadenses elaboraram essa figura que representa a distribuição dos receptores do sistema endocanabinoide (CB) na pele, assim como os receptores vaniloides (TRPV) e receptores de potencial transitório anquirina (TRPA).

Bom para a artrite e outras condições dolorosas

De acordo com os resultados da análise, principalmente os pacientes com artrite poderiam se beneficiar de um tratamento com CBD transdérmico. Estima-se que a artrite afete 1% da população mundial, principalmente mulheres com mais de 40 anos. No entanto, os pesquisadores apontaram que doenças inflamatórias de uma forma geral podem ser tratadas com o canabidiol.

“A administração transdérmica de CBD mostra-se muito promissora no tratamento de uma ampla gama de patologias, incluindo doenças de dor inflamatória aguda. Várias nanoformulações de CBD e excipientes carregados de CBD mostram grande potencial na abordagem de questões críticas como biodisponibilidade, estabilidade e libertação controlada, oferecendo um potencial novo tratamento para a dor inflamatória crônica.”

Potencial da nanotecnologia em produtos com CBD transdérmico

Uma vantagem das recentes regulamentações da Cannabis e a reaproximação com essa planta é a possibilidade de unir o conhecimento tradicional sobre os usos dela e novas tecnologias de administração de medicamentos. Se temos registros de uso da Cannabis que datam de cerca de 5 mil anos atrás na China e cerca de 3 mil anos atrás no Egito, somente nos dias atuais podemos ter produtos com canabinoides utilizando nanotecnologia.

O uso de nanotecnologia em produtos com Cannabis abre caminho para tratamentos mais assertivos e direcionados. Esse tipo de tecnologia é capaz de melhorar a entrega dos compostos ativos da planta para o nosso organismo. Além de aumentar a biodisponibilidade dos medicamentos, também possibilita a liberação controlada desses compostos, prolongando os efeitos e minimizando efeitos adversos.

Fonte: Cannabis e Saúde
Foto: Reprodução

Related posts

Primeira edição dos JUBs em 2024 termina com saldo positivo

Fulvio Bahia

Governo Federal garante repasse adicional de R$ 2 bilhões para assegurar assistência em entidades filantrópicas

Fulvio Bahia

Caixa paga Bolsa Família a beneficiários com NIS de final 2

Fulvio Bahia

Deixe um comentário

Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência. Nós assumimos que você concorda com isso, mas você pode desistir caso deseje. Aceitar Leia Mais