Uma revisão recente de pesquisas científicas sobre o canabinoide menos conhecido, o cannabigerol (CBG), destaca seu potencial terapêutico no tratamento de diversas condições de saúde, incluindo câncer, dor, distúrbios metabólicos e inflamações. O estudo, publicado na revista Molecules neste mês, sugere que o CBG pode ser um agente terapêutico versátil, com efeitos promissores, embora as pesquisas sobre suas aplicações ainda estejam nos estágios iniciais.
De acordo com a pesquisa, o CBG interage com os receptores canabinoides do corpo, assim como o THC (tetra-hidrocanabinol) e o CBD (canabidiol), mas também se liga a outros receptores, como os α2AR e 5-HT1A. Esses mecanismos de ação variados podem explicar uma gama de possíveis aplicações terapêuticas, incluindo neuroproteção, controle da dor, propriedades antibacterianas e efeitos anti-inflamatórios.
Entre os benefícios reportados por usuários de CBG estão melhorias no sono, embora essa alegação ainda não tenha sido confirmada por estudos clínicos. A pesquisa também aponta para o potencial do CBG no tratamento de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer, Parkinson e esclerose múltipla, além de suas possíveis propriedades anti-câncer, especialmente no tratamento de cânceres como os de próstata, mama e pâncreas.
Propriedades Anti-Câncer e Controle da Dor
O estudo revelou que o CBG demonstrou efeitos anticancerígenos, inibindo a proliferação celular e a migração de células tumorais em diferentes tipos de câncer. A combinação de CBG com quimioterapia convencional mostrou um aumento na eficácia do tratamento, o que abre novas possibilidades terapêuticas.
No campo do controle da dor, o CBG também tem se mostrado promissor. Estudos indicam que o canabinoide pode reduzir a sensibilidade à dor em modelos animais, sugerindo que ele pode atuar na transmissão de sinais dolorosos, oferecendo alívio para condições crônicas de dor.
Outro ponto de destaque da revisão é o potencial anti-inflamatório do CBG, que pode ser útil no tratamento de doenças inflamatórias como a Doença de Crohn, artrite reumatoide e asma alérgica. O canabinoide também demonstrou efeitos benéficos em casos de hipotensão e lesões hepáticas.
A síndrome metabólica, que está associada ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2, também pode ser tratada com CBG, que tem mostrado a capacidade de reduzir o apetite e induzir a perda de peso ao bloquear os receptores CB1.
Embora muitas das pesquisas sobre o CBG ainda sejam preliminares e realizadas em modelos celulares ou animais, os autores do estudo destacam que, à medida que as pesquisas evoluem, o CBG pode emergir como um agente terapêutico com um perfil molecular único e um amplo espectro de benefícios. O estudo conclui que é fundamental continuar a exploração de seus mecanismos de ação, particularmente em ensaios clínicos com humanos, para que o CBG possa ser integrado ao tratamento de condições complexas, oferecendo novas opções terapêuticas.
Pesquisas adicionais devem se concentrar não apenas em ensaios clínicos e estudos mecanísticos detalhados, mas também em como o CBG pode interagir com outros canabinoides e medicamentos tradicionais. O estudo sugere que, nos próximos anos, o CBG pode se tornar parte integrante da medicina convencional, revolucionando o tratamento de doenças crônicas e debilitantes.
Apesar dos obstáculos à pesquisa sobre a maconha, os últimos anos têm mostrado um aumento significativo na investigação dos diversos componentes químicos da planta. Canabinoides menores, como o CBG, estão ganhando atenção por suas potenciais aplicações terapêuticas, podendo oferecer novas esperanças no tratamento de condições complexas.
Fonte: Cannabis Medicinal
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