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Ciência investiga: pesquisas relacionam uso de cannabis a maiores riscos cardíacos

Segundo o estudo, o uso de cannabis pode aumentar significativamente os riscos cardiovasculares, incluindo ataques cardíacos e AVC, porém especialistas destacam a importância de mais estudos e alertas sobre a segurança do consumo

Foi divulgado neste 01 de abril, dois novos estudos que reforçam as evidências de que o uso de cannabis pode aumentar significativamente os riscos de problemas cardiovasculares nas pessoas.


Apesar de mais pesquisas serem necessárias para determinar os impactos específicos do consumo, os autores das pesquisas destacam que “legal não significa seguro”.


Um dos estudos, publicado na revista JACC Advances, analisou retrospectivamente a relação entre o uso de cannabis e ataques cardíacos. Já o outro estudo, uma meta-análise, considerada a maior já realizada sobre o tema, será apresentado durante o encontro anual do American College of Cardiology, ainda para esse trimestre de 2025.


Análise de grandes bancos de dados


Os pesquisadores examinaram dados de aproximadamente 4,6 milhões de pacientes dos Estados Unidos, Canadá e União Europeia por meio da rede de pesquisa TriNetX. 


A análise comparou duas frentes: usuários autodeclarados de cannabis e não usuários. Os participantes tinham média de 25 anos e não apresentavam doenças pré-existentes que pudessem aumentar naturalmente o risco de ataque cardíaco.


Os resultados foram preocupantes: em comparação com não usuários, aqueles que relataram consumir cannabis apresentaram um risco seis vezes maior de ataque cardíaco, quatro vezes maior de acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico, dobro do risco de insuficiência cardíaca e três vezes maior de morte cardiovascular.


Cannabis e o mecanismo do dano cardiovascular


Embora os dados analisados não permitam identificar com precisão quais formas de consumo (fumar, vaporizar ou ingerir) representam maior risco, os cientistas acreditam que a cannabis pode prejudicar o sistema cardiovascular ao afetar o funcionamento do endotélio e reduzir o fluxo sanguíneo. 


Essa hipótese é reforçada pelo fato de que muitos ataques cardíacos associados ao uso de cannabis não foram decorrentes da ruptura de placas arteriais, mas sim de eventos trombóticos.


Alerta para políticas públicas e mais estudos


Os pesquisadores defendem que produtos derivados da cannabis incluam advertências sobre seus potenciais riscos cardiovasculares, de forma similar às embalagens de cigarros. “Não deveríamos ter que provar que a cannabis é prejudicial; a indústria deveria provar que é segura”, alerta o Dr. Ibrahim Kamel, autor principal do estudo e professor da Boston University.


Mesmo com medidas regulatórias, Kamel enfatiza que os profissionais de saúde devem orientar seus pacientes de maneira clara e objetiva. “Não sabemos com certeza se a cannabis causa doenças cardíacas, mas as evidências estão crescendo. Os pacientes devem ser informados”, pontua.


Os estudos indicam uma ligação preocupante entre o uso de cannabis e problemas cardiovasculares, especialmente entre adultos jovens e saudáveis. Diante disso, torna-se essencial ampliar o debate científico e a conscientização sobre os potenciais impactos do uso da substância na saúde cardíaca.

Fonte: Sechat
Foto de Tara Winstead

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