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Coletivo cênico “Sonhos em Movimento” lança espetáculo “Vamos dar a Meia Volta” em Salvador

O Coletivo Cênico “ Sonhos em Movimento”, composto por adolescentes egressos/as do projeto #RefazendoSonhos, do Instituto Aliança com o Adolescente (IA), lança em Salvador o espetáculo “Vamos Dar a Meia Volta”, em apresentação com chamada única e indicação para público a partir dos 12 anos, no dia 07 de outubro, no espaço Boca de Brasa, Subúrbio 360, localizado na R. da Paz, S/N – Coutos, Salvador – BA, com exibição aberta ao público e gratuita, às 17h.

Sobre a importância do espetáculo e a força da arte para transformação, em entrevista, Ilma Oliveira – Diretora técnica do Instituto Aliança, compartilhou: “A arte tem o poder de chegar no coração e na alma das pessoas. O tema da violência sexual é um tema difícil, complexo, invisível e doloroso. O coletivo Cênico consegue trazer esse tema, de uma forma sensível, gerando a empatia necessária para a aceleração de processos de mudança em relação a essa gravíssima violação de direitos, além de chegar em um grande número de pessoas- adolescentes e adultas”.

Composição criativa: O roteiro de Vamos dar a Meia Volta é um analogia à musica infantil “ciranda-cirandinha”, com intenção de reforçar a ludicidade e convidar o público para entrar numa ciranda e/ou roda de enfrentamento a violência sexual e dar a meia volta para combater os casos de abuso as crianças e adolescentes.

“Foi (e é) um presente para o meu fazer artístico e educacional trabalhar esta peça. Todos os dias de encontro são momentos de aprendizagem, de compartilhamentos e de fazer política, afinal, a temática propõe um mergulho com sutileza em um tema desafiador e velado na sociedade – a violência sexual -, tudo através de uma linguagem criativa e juvenil. O espetáculo é composto por 14 jovens no palco, com uma metodologia de encenação e integração, levando ao público um olhar sensível para a proposta de revisitar nossas atitudes do dia a dia para a violência em questão, além de informar estratégias de proteção e enfrentamento a violência sexual contra crianças e adolescentes, algo que é tão necessário.

Nossa missão, dentro do projeto #RefazendoSonhos, é disseminar esse assunto e chamar para essa ciranda de cuidados e proteção todos, todas e todes, que estão ao nosso redor”, contou Jedjane Mirtes, Diretora do espetáculo, e uma das responsáveis pela criação do texto.

Na direção do que trouxe Jedjane, no espetáculo, as personagens Maria do socorro, João Brasil e Maria da Graças falam de violação, dor, excessos e, de forma muito sutil, alertam a sociedade sobre o tema, em um compilado de histórias que retratam o cotidiano de crianças e adolescentes que sofreram violência sexual. Alertam, ainda, sobre uma cultura permissiva de violações, que coloca nossos/as jovens em vulnerabilidade e privações de direitos.

“A experiência feita pelos e pelas adolescentes no coletivo cênico é, também, um exercício de diálogo, de amadurecimento e de ampliação da participação com foco na garantia de direitos. É, ainda, uma ótima oportunidade para fomentar os processos emancipadores e sustentáveis para e com a juventude, com soluções que sejam criadas por eles/as e para eles/as, como no caso deste grupo, que desde já circulou por mais de logo logo começa a se preparar para profissionalizar e comercializar esse espetáculo, inaugurando uma fase nova de autonomia para todas as pessoas envolvidas na ação”, compartilhou Marcio Lupi, coordenador pedagógico e de implementação de projetos da área de Direitos Humanos do IA e coordenador local do #RefazendoSonhos.

A composição do espetáculo conta ainda com um momento considerado o “ponto alto” a da apresentação: a roda de conversa com o público sobre o tema da violência sexual.

Logo após a última cena, os/as adolescentes retornam ao palco e se sentam (literalmente) para um bate papo com as pessoas presentes. Neste momento, qualquer pessoa da plateia pode trazer perguntas, comentários ou mesmo tirar dúvidas. Aos adolescentes cabe a condução da conversa, a partir dos aprendizados que adquiriram durante a formação do projeto, que inclui a violência sexual. Tais Tavares, educadora do #RefazendoSonhos que também contribuiu com a formação do tema no coletivo, explica: “A caminhada de formação que eles/as fazem antes de entrar no teatro faz toda a diferença para este momento de bate papo, pois a ideia é que a conversa seja baseada em informações precisas, corretas e legais. Sempre tem alguém da equipe por perto também, para casos em que eles/as não consigam responder a alguma pergunta mais complexa. Mas, no geral, eles/as conduzem tudo, o tempo todo, mesmo sabendo que eles não têm a obrigação de oferecer todas as respostas, esclarece.

Trajetória

O Coletivo Cênico Sonhos em Movimento integra as ações dos/as adolescentes egressos/as do projeto #RefazendoSonhos, que ao final do ano de 2017 criaram o “Refazendo Sonhos em Movimento” (RSM):iniciativa genuína dos/as próprios adolescentes que, em 2017, animados/as com a oportunidade de dar continuidade às ações de enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes na comunidade, após serem certificados/as, constituíram o RSM com ações voltadas à Comunicação, Ao Observatório da Violência Sexual e ao teatro, como ferramenta eficaz de expressão, transmissão de informação, elucidação e mobilização para denúncia, junto aos seus pares e demais públicos do município de Simões Filho.

Motivados pelo desejo de tornar acessível à comunidade o debate deste tema, tão desafiador, promovendo sensibilização e engajamento dos públicos para denúncia, o grupo iniciou a escrita do primeiro roteiro de peça em 2017, a partir dos conhecimentos e experiências vividas durante a formação anterior, com a etapa dos Projetos de Intervenção.

Até o momento, o coletivo cênico Sonhos em Movimento criou 05 (cinco) espetáculos presenciais e 01 apresentação remota. Ambos os formatos abordando a temática da violência sexual:

“Até quando” (presencial – 2018/2019);

“A casinha dos Sonhos” – teatro de fantoche (presencial – 2019),

“Paraíso” (presencial – 2019)

● “Precisamos falar sobre isso” (remoto – 2020)

● “Vamos dar a meia volta…” (2023).

Os três primeiros (presenciais) com um público direto alcançado de 3.148 (três mil cento e quarenta e oito) pessoas e público indireto de 10.467 (dez mil quatrocentos e sessenta e sete) pessoas. O espetáculo remoto fez duas únicas apresentações no formato “live”, nos dias 15 e 16 de dezembro de 2020, com o alcance de 180 pessoas.

Por sua vez, de maio a setembro, “Vamos dar a meia volta” circulou por 12 escolas e outros centros do território de Simões Filho, alcançando aproximadamente 5.880 pessoas.

Violência sexual em números

De acordo com dados divulgados pelo Novo boletim epidemiológico do ministério da saúde em evento realizado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, foram notificados 202.948 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil, sendo 83.571 contra crianças e 119.377 contra adolescentes. Em 2021, o número de notificações foi o maior registrado ao longo do período analisado, com 35.196 casos.

Ainda segundo o material, a residência das vítimas é o local de ocorrência de 70,9% dos casos de violência sexual contra crianças de 0 a 9 anos de idade e de 63,4% dos casos contra adolescentes de 10 a 19 anos. Familiares e conhecidos são responsáveis por 68% das agressões contra crianças e 58,4% das agressões contra adolescentes nessas faixas etárias.

A maioria dos agressores são do sexo masculino, responsáveis por mais de 81% dos casos contra crianças de 0 a 9 anos e 86% dos casos contra adolescentes de 10 a 19 anos. As vítimas são predominantemente do sexo feminino: 76,9% das notificações de crianças e 92,7% das notificações de adolescentes nessas faixas etárias ocorreram entre meninas.

Alan Lorenzo, 18 anos, integrante do coletivo cênico, desde 2022, compartilhou seu depoimento sobre a importância do espetáculo, e da temtica de enfrentamento abordada – “O tema do abuso sexual é pouquíssimo abordado entre os jovens e acontece muito. Até as mães, parentes ou pessoas conhecidas, têm medo de denunciar, acredito que seja porque existe algum sentimento envolvido por quem causou o abuso. Nem todo mundo consegue falar sobre isso. Quando vamos à escola tratar desse tema as pessoas passam a ter coragem, acho que nos veem como um apoio para falar. O fato de sermos jovens apresentando também ajuda outros adolescentes e jovens a falarem. Sinto que percebem a nossa atuação como uma iniciativa que inspira e fortalece para que outras pessoas também possam tomar atitudes de denunciar a violência sexual”.

Adolescentes em cena – Acompanhe alguns depoimentos!

Muitos jovens precisam desse conhecimento, e ao levarmos a peça às escolas, conseguimos conscientizar as pessoas sobre essa questão. Se alguém estiver enfrentando violência em casa ou em outros lugares, ou se tiver um amigo ou amiga nessa situação, é fundamental compreender a gravidade do problema. A peça desempenha um papel importante ao despertar a consciência do público, apresentando cenas impactantes que os levam a conectar as informações e perceber até mesmo as violências que podem ter sofrido sem sequer saberem”, contou Alefy Santos do Nascimento , 15 anos, integrante do coletivo cênico , desde 2022 “Esse ano foi bastante gratificante, principalmente por alguns fatores. Conseguimos notar o crescimento e amadurecimento de diversos dos nossos companheiros/as, e ver essa evolução de cada um é simplesmente belo. Evoluímos como pessoas e para com a sociedade cada vez mais, assim como também, conseguimos conscientizar um pouco mais as pessoas ao nosso redor. A experiência de estar sempre evoluindo e conseguindo passar mensagens tão profundas para as pessoas é simplesmente incrível. Não consigo me imaginar distante de pessoas tão incríveis e de um ambiente tão alegre e aconchegante”, contou Moisés Philipe, jovem e ator do Coletivo Cênico.

“Bom, como começar? O RSM, mas especificamente o teatro, me ajudou com a minha timidez. Hoje eu amo atuar. Quem diria que eu uma garota tímida conseguiria se apresentar na frente de tanta gente. Hoje eu consegui me desenvolver melhor com as pessoas ao meu redor. Ela foi e é essencial no meu progresso no teatro. Os alunos também são maravilhosos, um ajuda o outro e a gente tem uma troca muito boa, são ótimos amigos e ótimos atores”, contou Mayane das virgens, atriz do coletivo cênico.

“Quando entrei no teatro não imaginei que seria tão bom, fiz novas amizades e aprendi muito não só com a professora Jedjane, mas também com os outros colegas.

Apresentar essa peça está sendo um sonho realizado, e espero crescer cada vez mais com essa equipe maravilhosa”, contou Raissa Marjory, jovem e atriz do Coletivo Cênico.

Ficha técnica do espetáculo

PROJETO REFAZENDOSONHOS

. Ilma Oliveira: direção geral do projeto

. Marcio Lupi: coordenação pedagógica e local do projeto

. Tais Tavares: educadora âncora do projeto e formação do grupo na violência sexual

ELENCO

. Direção do espetáculo: Jedjane Mirtes

. Assistente de direção: Miguel Arcanjo

. Texto: Jedjane Mirtes e criação coletiva

Atores e atrizes :

. Antônio José

. Bruna Gabrielle dos Santos Teixeira

. Edmundo Mota Dos Santos Filho

. Gabriel dos Santos de Santana

. Gabriel Sá dos Santos

. Ícaro Pita

. Luis Gustavo Santos Brandão

. Mayane das Virgens Conceição

. Michel Brito dos Santos (ator)

. Moisés Philipe Souza Araujo,

. Raissa Marjory Santos Brandão

. Raíssa Raquel Nascimento Santos

. Rute Santana da conceição

. Yasmin Jeniffer Moreira dos Santos

Conheça mais sobre o Instituto Aliança com o Adolescente e projetos realizados em nosso site: https://institutoalianca.org.br/

Fonte / Imagem: Assessoria de imprensa

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