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Consumidores de Cannabis têm menos chance de ter declínio cognitivo

Pessoas que consomem produtos derivados da planta com frequência teriam menos chance de problemas na memória e raciocínio, sintomas típicos de declínio cognitivo

Para esclarecer os complexos efeitos da Cannabis no corpo e na mente, um grupo de cientistas da Universidade Estadual de Nova York revelou uma surpreendente associação entre o consumo de Cannabis e um menor risco de declínio cognitivo.

De acordo com os resultados do estudo, o consumo regular de Cannabis, principalmente a rica em THC, tem efeito neuroprotetor em adultos de meia-idade e idosos. Entre os que usam produtos ricos em canabidiol (CBD), geralmente com fins terapêuticos, também houve menor risco de desenvolver declínio cognitivo, embora não tão significativo quanto o outro canabinoide.

Neuroproteção contra o declínio cognitivo

Publicado no periódico científico Current Alzheimer Research, o artigo Association Between Cannabis Use and Subjective Cognitive Decline: Findings from the Behavioral Risk Factor Surveillance System destacou o potencial do efeito neuroprotetor da Cannabis em adultos de 45 anos ou mais.

A probabilidade de consumidores frequentes de produtos com Cannabis desenvolverem algum declínio cognitivo subjetivo foi 96% menor do que a de pessoas que não utilizam a planta em nenhuma forma ou contexto.

As explicações para esses resultados são diversas. Uma delas diz respeito à manutenção das noites de sono. Muitos participantes relataram que utilizam os derivados da planta para dormir melhor. Nesse sentido, estudos anteriores indicavam que pessoas com distúrbios no sono têm maior chance de desenvolver demências.

Além disso, o alívio do estresse também surge como um fator importante. Assim como muitos relataram que recorrem à planta para combater o estresse, estudos indicaram que níveis elevados de estresse estão associados à diminuição da função cognitiva no longo prazo.

Os autores destacaram como o combate ao estresse e à insônia com auxílio da Cannabis é importante para preservar a função cognitiva nos consumidores ao longo do tempo.

“Vários estudos observaram que o uso de Cannabis pode melhorar a qualidade do sono, acelerar o início do sono e reduzir os distúrbios do sono. O uso não medicinal de Cannabis pode ter contribuído para a diminuição observada no declínio cognitivo subjetivo devido ao seu potencial benefício na qualidade do sono. A investigação demonstrou que o CBD pode reduzir eficazmente o estresse, e níveis elevados podem estar associados à redução da função cognitiva entre adultos mais velhos.”

Os pesquisadores reforçaram a necessidade de fazer mais pesquisas nessa área para ampliar o conhecimento sobre esse fenômeno.

O declínio cognitivo

O declínio cognitivo subjetivo se refere a uma diminuição nas habilidades cognitivas, como a memória e o raciocínio, de um ponto de vista individual. São pessoas que percebem que a capacidade mental está diminuindo, embora alguns testes formais não confirmem necessariamente essa percepção. Esse é considerado um marcador precoce que surge em pessoas que desenvolvem alguma demência, como a doença de Alzheimer.

Esses resultados vieram de uma amostra com mais de 4 mil participantes com 45 anos ou mais em 14 estados dos EUA, mais a capital Washington DC. Do mesmo modo, a pesquisa abordou diferentes variáveis do consumo de Cannabis, como a frequência, motivação e via de administração.

Esses resultados desafiam o ponto de vista que sugeria que o consumo regular de produtos derivados da Cannabis traria prejuízos à saúde mental e à cognição.

Resultados em linha com outros estudos

Estudos realizados anteriormente já exaltavam o poder neuroprotetor dos canabinoides. No Colorado, pesquisadores observaram melhora na cognição em pacientes com câncer em apenas duas semanas de tratamento com a planta. Em um período mais longo, esses pacientes oncológicos relataram que os pensamentos eram mais claros, além de testes apontarem melhorias no tempo de reação.

Ainda no contexto dos efeitos da Cannabis na cognição, uma outra investigação avaliou como o CBD impacta no funcionamento saudável do cérebro. Apesar de não demonstrar um efeito neuroprotetor tão potente quanto o do THC, o canabidiol não impactou negativamente a cognição de indivíduos saudáveis ou com algum tipo de transtorno ligado à saúde mental.

Com as atenções voltadas para pessoas com Alzheimer, um outro estudo se aprofundou nos impactos da Cannabis na cognição desses pacientes. Nesses casos, o CBD contribui para neutralizar substâncias nocivas que se acumulam no cérebro daqueles diagnosticados com essa doença. Desse modo, restaurou parte da comunicação entre neurônios e aliviou alguns sintomas cognitivos.

Portanto, tanto em indivíduos saudáveis como em pessoas com alguma condição relacionada à saúde mental, os compostos da Cannabis melhoraram a cognição. A forma mais simples de observar essa melhora seria pela memória e velocidade de processamento de informações.

Histórias reais de pacientes

Aqui no Cannabis & Saúde é o melhor lugar para você conhecer a história de pacientes que tiveram a vida transformada ao incluir a planta no tratamento. No contexto da Cannabis, cognição e saúde mental temos podemos destacar alguns relatos inspiradores.

cbd isolado cannabis

Um deles é a Marli Donato, 84 anos, diagnosticada com demência frontotemporal. Ela conseguiu reduzir o uso de medicamentos convencionais ao introduzir o óleo de Cannabis. Em seguida, ela teve melhoras significativas na memória e na relação com o filho Ignácio. Ele nos contou em um relato emocionante que junto com a cognição, vieram momentos mais leves ao lado da mãe.

“A realidade é que a Cannabis trouxe mais felicidade ao cotidiano da minha mãe. Ela interage comigo, compartilhamos refeições diárias e, mesmo diante da ausência de memória recente, ela se deleita ao ouvir sua música favorita do Martinho da Vila e canta junto.”

Você pode ler a história da Marli acessando esse link.

Outra pessoa que experimentou a propriedade neuroprotetora da Cannabis foi Marlene Pereira, 78 anos, que foi diagnosticada com Alzheimer. O filho dela, Stael, nos contou como a cognição da idosa começou a melhorar após incluir a planta. Desse modo, trouxe uma reviravolta na qualidade de vida de ambos.

“Hoje ela consegue focar mais, entender o que estamos falando e as crises de ansiedade e os rompantes de agressividade estão cada vez mais espaçados. Eu nem imagino mais como seriam as nossas vidas sem o uso do óleo.”

Fonte: Cannabis e Saúde
Foto: Divulgação

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