Exames como a dosagem do TSH e a medição dos hormônios da tireoide (T3 e T4, total e livre) podem ajudar no diagnóstico, que deve ser feito por um médico
No mês de conscientização da prevenção ao suicídio, o Setembro Amarelo, é fundamental ampliar o entendimento sobre as causas e os sintomas da depressão. Entre os vários fatores que podem desencadear ou agravar o problema, os desequilíbrios hormonais merecem destaque. Essas substâncias químicas afetam diretamente o funcionamento do corpo e, quando desreguladas, podem causar estresse, tristeza, fadiga e irritabilidade.
“Os hormônios são importantes para todas as funções corporais. Eles são os mensageiros químicos que coordenam os diversos processos metabólicos que ocorrem no corpo ao longo do dia e existem em um equilíbrio delicado. É importante entender que cada hormônio no corpo tem um nível ideal para manter o equilíbrio hormonal”, afirma a endocrinologista e consultora médica do Sabin Diagnóstico e Saúde, Larissa Figueiredo.
Um órgão fundamental neste tema é a tireoide, localizada na parte anterior do pescoço, responsável pela produção de hormônios, como o T3 (triiodotironina) e o T4 (tiroxina), que regulam o funcionamento de órgãos vitais, como coração, fígado, rins e cérebro. Dois distúrbios conhecidos do órgão são o hipertireoidismo (produção excessiva de hormônios) e o hipotireoidismo (produção reduzida), que podem ser tratados com reposição hormonal.
“Ambos os distúrbios causam efeitos cognitivos, alguns sintomas, inclusive, similares aos da depressão. É o caso de alteração no sono, aumento de peso, desânimo, cansaço e fraqueza, causados pelo hipotireoidismo. Já o hipertireoidismo causa irritabilidade, ansiedade, taquicardia, dentre outros que também podem afetar o emocional do paciente”, explica.
Outro hormônio para o qual é preciso ter atenção é o cortisol. A substância pertence à família dos esteroides e é produzida pelas glândulas suprarrenais (acima dos rins), sendo responsável, por exemplo, por mediar a resposta ao estresse, regular o metabolismo e a resposta inflamatória do corpo. Quando desregulado, especialmente em situações de estresse prolongado, o cortisol pode causar problemas como insônia, depressão, fibromialgia, fadiga crônica, aumento do risco de doenças cardiovasculares e baixa imunidade.
“Vale dizer que, em pessoas com depressão, os níveis de cortisol costumam ser mais altos e o tratamento foca no manejo do estresse e mudanças no estilo de vida”, esclarece Larissa.
Diagnóstico
A principal orientação para investigar distúrbios em hormônios tireoidianos ou do cortisol é procurar um profissional endocrinologista. O médico poderá solicitar exames que auxiliem no diagnóstico para desequilíbrios na produção dos hormônios para confirmar ou descartar a hipótese.
Bioquímica e especialista em análises clínicas do Sabin, Gélida Pessoa diz que há uma série de exames para essa finalidade, mas os mais comuns incluem a dosagem do TSH e a medição dos hormônios da tireoide (T3 e T4, total e livre). O hormônio TSH é produzido pela glândula hipófise (localizada no cérebro) e estimula a tireoide a produzir os demais hormônios. Uma coleta de sangue permite analisar os níveis de cada um deles.
“A dosagem do TSH, juntamente com os demais hormônios (T3 e T4 total e livre), é útil para diagnosticar doenças como hipotireoidismo e hipertireoidismo. Além disso, são importantes para monitorar o tratamento dessas doenças, avaliar a eficácia da terapia de reposição hormonal em pacientes com hipotireoidismo e detectar a recorrência do câncer de tireoide”, explica a bioquímica.
Já a verificação dos níveis de cortisol tem mais de um procedimento possível. O exame de cortisol salivar “avalia a quantidade de cortisol na saliva, coletada diretamente da boca do paciente”, diz. O teste também pode ser feito com uma amostra de sangue coletada em laboratório ou por meio da análise da urina.
Menopausa e andropausa
Outro aspecto importante é a avaliação do eixo gonadal, especialmente durante a menopausa nas mulheres e a andropausa, nos homens, fases que podem desencadear sintomas depressivos devido à queda nos hormônios sexuais. A reposição hormonal pode ser indicada para ambos os casos.
A endocrinologista Larissa Figueiredo frisa que as fases de climatério e menopausa, período em que a mulher encerra o ciclo menstrual e tem um declínio de hormônios reprodutivos, podem causar sintomas associados a quadros depressivos. “A queda dos estrógenos (hormônios) no climatério e, posteriormente, na menopausa, são comumente gatilhos para depressão”, afirma. O climatério inicia por volta dos 40 anos.
O quadro pode ser similar no caso dos homens que passam pela andropausa, quando ocorre a diminuição da produção de testosterona, por volta dos 50 anos. “Há estudos que apontam que homens com níveis mais baixos de testosterona têm maior probabilidade de apresentar sintomas depressivos, como falta de energia e baixa autoestima”, explica.
Para a médica, a avaliação de todo o painel hormonal humano, incluindo aqueles associados ao sistema genital, “é extremamente importante na investigação dos quadros de distúrbios do humor como ansiedade e depressão”.
Fonte: Assessoria de Imprensa
Foto: Acervo Sabin