Dia Mundial da Saúde | Exclusiva com Drª Lilian Chehade

Por Fabi Costa

No Dia Mundial da Saúde, 07 de Abril, o Caderno Baiano fez uma entrevista exclusiva com a endocrinologista Drª Lilian Chehade. Confira abaixo:

Formada em Medicina pela Escola Bahiana de Medicina, Drª Lilian fez 02 anos de Residência Médica em Clínica Médica no Hospital Calixto Midlej Filho, na cidade de Itabuna – BA e 02 anos de estágio em Endocrinologia e Metabologia no Hospital Professor Edgar Santos.

Possui Título de Especialista obtido pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), é Sócia da SBD e SBEM e foi “Fellow” no Serviço de Endocrinologia durante 03 meses no Hospital São Jorge, na cidade de Beirute, no Líbano, no ano de 2001.

Participou de diversos congressos nacionais e internacionais, relacionados com a especialidade e realização de cursos. Atua somente em consultórios, fazendo consultas ambulatoriais na capital baiana e consultas on-line, através da plataforma Doctoralia.

Por que cuidar da saúde é tão importante?

Porque a saúde deve ser uma prioridade na vida de todas as pessoas. É o nosso maior bem e deve ser valorizado. Saúde significa bem-estar físico , mental e social, e bom funcionamento do nosso organismo. Sem saúde não somos nada! Precisamos ter saúde pra enfrentarmos todas as tarefas do nosso dia-a-dia, ter uma vida equilibrada e uma vida longa, evitar doenças e cuidar de outras pessoas também. Cuidar da saúde é um investimento em nós mesmos, que vale a pena, e uma atitude de amor-próprio.

Como colocar a saúde em dia?

Adotando um estilo de vida saudável. E como seria possível? Devemos ter uma alimentação equilibrada composta por verduras, legumes, frutas, grãos, carnes (frango, peixe, carne vermelha), cereais, raizes, azeite de oliva, carboidratos, leite e derivados. Evitar alimentos processados e ultraprocessados, açúcar, gordura saturada e sal em excesso, que estão relacionados com o surgimento de várias doenças como a obesidade, diabetes, hipertensão, câncer e demência.

Além disso, a prática regular de exercício
fisico pelo menos 150 min na semana, ter boas noites de sono (dormir bem, entre 6 e 8h por noite), evitar o uso de drogas, bebidas alcoólicas, evitar o estresse, trabalhar com o que gosta, ter um bom convívio familiar e com os amigos, tirar tempo para o descanso e lazer, ir para as consultas médicas com regularidade e fazer um check Up pelo menos 1 vez ao ano.

Qual a importância do exercício físico para o nosso corpo?

O exercício físico é fundamental para o nosso corpo, pois promove saúde física e mental. Traz vários benefícios, como perda de peso, melhora da composição corporal com ganho de massa magra e redução de massa gorda, prevenção e tratamento de doenças crônicas como obesidade, diabetes, hipertensão, melhora o controle glicêmico em quem tem diabetes, melhora gordura no fígado, reduz os níveis de colesterol e triglicérides. Alivia o estresse, melhora a depressão, a ansiedade, a auto-estima, além de liberar endorfina, proporcionando um bem-estar físico e mental. Resumindo: exercício físico é um santo remédio e deve ser incorporado à nossa rotina diária.

Qual o principal problema de saúde no Brasil?

Temos diversos problemas de saúde no Brasil. Excluindo a pandemia da Covid -19, acredito que seja o crescimento no número de casos de obesidade (outra pandemia), diabetes e câncer. Ainda existe a dificuldade de muitos pacientes de buscarem um tratamento adequado, seja na rede pública ou privada.

Como ficou o cenário da saúde no Brasil pós-pandemia?

Houve uma piora neste cenário. A saúde mental de boa parte da população brasileira ficou bastante abalada! Aumentaram os distúrbios psiquiátricos, como os casos transtornos depressivos, de ansiedade, transtornos alimentares, síndrome do pânico, tentativas de suicídios, insônia. Além disso, houve um aumento no número de casos de diabetes descompensado e de novos casos recentemente diagnosticados, tanto Diabetes tipo 1 e 2, aumento dos casos de obesidade, internações por infarto e AVC e insuficiência renal. Tudo isso como reflexo do isolamento social da pandemia da covid-19 e da demora na procura de atendimento médico.

Quais são os principais dificuldades da saúde no nosso país?

Na minha opinião é conseguir atender a demanda de tanta gente doente, principalmente na rede pública, onde os médicos e enfermeiros são mal remunerados, as condições de trabalho são péssimas e ainda a falta de medicamentos básicos e materiais hospitalar. Além disso, planos de saúde caros, o que leva muitas pessoas a ficarem sem, pois ainda tem o custo alto das medicações de ponta. É de extrema importância que os governantes destinem mais verbas para a saúde pública, adotem programas de combate à obesidade, tanto em adultos como em crianças, ao diabetes e outras doenças crônicas.

Qual o maior desafio para educar pacientes portadores de doenças endocrinológicas, como a obesidade e a diabetes, por exemplo?

Realmente é um grande desafio para os endocrinologistas educar os pacientes com obesidade e diabetes. Ambas são doenças crônicas, andam juntas, o tratamento é crônico e as consultas devem ser periódicas, para otimizar o controle de peso, o controle metabólico e de pressão arterial, além de evitar as complicações médicas. Infelizmente muitos pacientes não aceitam o diagnóstico e não têm muita aderência ao tratamento. Hoje o arsenal terapêutico para o tratamento do Diabetes é vasto, com novos medicamentos orais seguros e bastante eficazes, novas insulinas. A tecnologia em Diabetes (bombas de insulina e sensores de glicose , glicosímetros), por exemplo, ainda não é acessível a todos os pacientes, pelo alto custo e o SUS não fornece tudo. A educação em Diabetes também é fundamental para o controle da doença. O mesmo vale para obesidade. O paciente com excesso de peso sofre de muitos estigmas e preconceitos. Assim, cabe a nós, médicos, sermos acolhedores e ter um novo olhar no tratamento da Obesidade, tratar com respeito e responsabilidade, sermos incentivadores e inspiradores, e conscientizar o paciente da importância do tratamento com dieta, prática de exercícios físicos, tratamento farmacológico, cirurgia bariátrica (quando indicada), apoio psicológico e mudanças comportamentais. A maioria diz que o tratamento destas duas doenças é muito caro, porém, para quem tem uma condição financeira melhor, é um investimento que vale a pena, pois é sinônimo de melhora na qualidade de vida, aumento da longevidade e redução do risco de mortalidade.