A coleta de materiais recicláveis no Carnaval de Salvador é feita a muitas mãos e também a base da consciência coletiva. Nesta 19ª edição do projeto Eco Folia Solidária: O Trabalho Decente Preserva o Meio Ambiente, os foliões têm entendido que os catadores são a força motriz que movimenta essa engrenagem. O respeito e um novo olhar sobre esses trabalhadores têm feito toda diferença e a categoria tem sentido.
“Este ano está ótimo, está muito bom. A expectativa é que cada ano fique ainda melhor, porque nós, catadores, merecemos. Estou muito feliz pela sensibilidade do público, as pessoas estão reconhecendo nosso trabalho. Estão entregando as latinhas em nossas mãos, passam por aqui (Central de Catadores) e colocam também”, contou Jeane Santos, da Cooperativa Canarecicla.
Seu Antônio de Araújo é comerciante e, por falta de condições de colocar uma guia para vender no Carnaval, está ganhando uma renda extra através do recolhimento de materiais recicláveis. Pela 1ª vez no projeto, também tem sentido os reflexos da colaboração do povo na rua. “Está tudo bem, muito bom mesmo. Mas, ficaria ainda melhor se todos os filões tivessem mais respeito com o catador. Isso é questão de consciência, mas já estamos vendo a mudança”, afirmou o trabalhador.
Para a professora Ana Lúcia Araújo, o trabalho dos catadores é de suma importância. “As ruas estão suja, imagine se eles (os catadores) não estivessem por aqui. Temos que valorizar mesmo, respeitar, incentivar. É um bem que eles fazem para todos nós e à natureza”, declarou ela.
O Eco Folia Solidária é coordenado 11 associações e cooperativas de catadores (as) de materiais recicláveis de Salvador, junto com a ONG CAMA. Mais de 1.100 trabalhadores, sendo 650 autônomos e 450 cooperativados, são beneficiados pela iniciativa. Um grupo de costureiras da capital baiana e de cidades do interior também recebem o apoio do projeto. Elas foram as responsáveis em produzir o fardamento (camisa e calça) e mochilas sustentáveis que os catadores(as) estão usando.
A expectativa da organização do projeto é retirar do meio ambiente, nos 7 dias de folia de momo, mais de 100 toneladas de resíduos sólidos, entre latinhas de alumínio, embalagens plásticas e garrafas PTE’s, que seriam descartados irregularmente ou encaminhados aos aterros sanitários.
Seis Centrais de Apoio ao Catador(a), quatro dessas montadas na região da Barra, nas ruas Carlos Chiaccio, Marques de Leão e Miguel Burnier, e outras duas, no centro da cidade, na Ladeira da Montanha e no Politeama, estão à disposição dos trabalhadores. Nestes locais, é possível comercializar os materiais coletados por um preço justo e sem a interferência de atravessadores. Cada quilo da latinha de alumínio está valendo R$5,00, e o das embalagens de plástico e garrafas PETs R$1,00. Além disso, a cada 30 quilos de plástico e PET vendidos, o catador(a) recebe o valor do quilo e também uma bonificação de R$100, 00, totalizando uma renda de R$130,00.
São as associações e cooperativas de Salvador: Cooperguary, Coocreja, Cooperbari, Crun, Cooperes, Canore, Caec, Camapet, Canarecicla, Cooperlix e Cooperbrava, junto com a ONG CAMA, que integram o Fórum Estadual Lixo e Cidadania da Bahia, as responsáveis pela coordenação do Eco Folia. A iniciativa tem o apoio do Governo do Estado da Bahia, através da SEADES, SEMA, CAR e da SETRE, da AMBEV, Prefeitura Municipal de Salvador, MPT-BA, MPBA e DPU.
Fonte / Foto: ONG CAMA