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Eco Folia Solidária: homens e pessoas negras são maioria entre os catadores de materiais recicláveis,  no carnaval de Salvador

Há 50 anos, dona Maria das Graças Assis, de 69, trabalha como catadora de matérias recicláveis. É com o dinheiro que consegue vendendo os resíduos, que a moradora de Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador, mantém a casa e ajuda a filha criar os 3 netos.

A idosa faz parte de uma estatística, que aponta as mulheres como maioria entre os trabalhadores dessa categoria. Dados do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), de 2021, contabilizou que, a época, no Brasil, tinha 800 mil catadores em plena atividade e que 70% eram do sexo feminino.

Em Salvador, os números seguem os dados do estudo nacional. Dos 450 trabalhadores vinculados a alguma associação e cooperativa, 293, são mulheres e 157 são homens. Elas também são maioria e representam 65% do total de catadores. Outro recorte também chama a atenção nas cooperativas. Quase 100% dos trabalhadores são pessoas negras.

Um levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada feito com base nos dados do Censo Populacional, de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sobre o perfil desses profissionais, identificou que os homens da cor/raça negra representavam 68,9% do total das pessoas que exerciam a atividade de coleta e reciclagem de resíduos sólidos, no país.
No Eco Folia Solidária: O Trabalho Decente Preserva o Meio Ambiente, coordenado por 11 associações e cooperativas, a maioria dos trabalhadores são autônomos. E os homens representam 70% dessa mão de obra. E é foi pensando em incluir esses profissionais que, durante as festas populares de Salvador, tiram o sustento das ruas, que foi criado o projeto. Já são 19 edições proporcionando aos catadores (as) condições de exercer o trabalho de forma descente e garantido uma renda justa com a comercialização dos materiaiscoletados, sem a interferência de atravessadores.

Iraneudo Pereira Silva, 41 anos, trabalha com reciclagem, há 18 anos. Pela 1ª vez, está participando do Eco Folia. “Sem palavras. Os caras ajudam muito. Não tenho nada para falar de mal. Estou feliz correndo atrás do meu”, disse ele.

Outra beneficiada pelo projeto é dona Maria das Graças. Ela veio trabalhar no Carnaval da capital baiana na esperança de conseguir juntar dinheiro para suprir algumas necessidades da família. “Meu gás acabou. Tem alguns dias que estou cozinhando com álcool. Vir trabalhar aqui (projeto) e com fé em Deus, vou comprar meu gás, amanhã. Gosto muito desse projeto. Sempre participo. Me dão roupa, sapato, luva, tudo (fardamento). Aqui, consigo pegar um bom dinheiro”, disse a senhora.

ECO FOLIA SOLIDARIA

Nesta edição, mais de 1.100 trabalhadores, sendo 650 autônomos e 450 cooperativados, estão sendo beneficiados pela iniciativa. Um grupo de costureiras da capital baiana e de cidades do interior também recebem o apoio do projeto. Elas foram as responsáveis em produzir o fardamento (camisa e calça) e mochilas sustentáveis que os catadores(as) estão usando.

A expectativa da organização do projeto é retirar do meio ambiente, nos 7 dias de folia de momo, mais de 100 toneladas de resíduos sólidos, entre latinhas de alumínio, embalagens plásticas e garrafas PTE’s, que seriam descartados irregularmente ou encaminhados aos aterros sanitários.

Seis Centrais de Apoio ao Catador(a), quatro dessas montadas na região da Barra, nas ruas Carlos Chiaccio, Marques de Leão e Miguel Burnier, e outras duas, no centro da cidade, na Ladeira da Montanha e no Politeama, estão à disposição dos trabalhadores. Nestes locais, é possível comercializar os materiais coletados por um preço justo e sem a interferência de atravessadores. Cada quilo da latinha de alumínio está valendo R$5,00, e o das embalagens de plástico e garrafas PETs R$1,00. Além disso, a cada 30 quilos de plástico e PET vendidos, o catador(a) recebe o valor do quilo e também uma bonificação de R$100, 00, totalizando uma renda de R$130,00.

As associações e cooperativas de Salvador: Cooperguary, Coocreja, Cooperbari, Crun, Cooperes, Canore, Caec, Camapet, Canarecicla, Cooperlix e Cooperbrava, junto com a ONG CAMA, que integram o Fórum Estadual Lixo e Cidadania da Bahia, as responsáveis pela coordenação do Eco Folia, sãoresponsáveis em coordenar às ações do projeto. A iniciativa tem o apoio do Governo do Estado da Bahia, através da SEADES, SEMA, CAR e da SETRE, da AMBEV, Prefeitura Municipal de Salvador, MPT-BA, MPBA e DPU.

Fonte: ONG CAMA
Foto: Divulgação

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