MundoTecnologia

‘Efeito DeepSeek’ pode alavancar desenvolvimento de IA de código aberto no Brasil, afirma especialista

O sucesso do modelo de IA de código aberto chinês DeepSeek R-1 revela que capital e infraestrutura não são imprescindíveis para que um país tenha sucesso na principal corrida tecnológica do século 21

O lançamento do modelo de inteligência artificial (IA) chinês DeepSeek R-1 no final de janeiro desconstruiu algumas verdades absolutas sobre o desenvolvimento da tecnologia, ao mostrar que capital intensivo e infraestrutura de ponta não são imprescindíveis na corrida tecnológica mais importante e acirrada do século 21.

A narrativa dominante de que os futuros líderes do mercado de IA seriam empresas norte-americanas, devido ao acesso privilegiado a chips de última geração e ao financiamento abundante, está sendo desafiada por uma startup chinesa que treinou seu modelo utilizando chips fabricados em 2023 e um investimento de US$ 6 milhões.

Utilizando código aberto, o novo modelo da DeepSeek alcança resultados similares aos da versão mais avançada do ChatGPT, da OpenAI, por uma fração do custo.

Na prática, a DeepSeek reinicializou a disputa pela liderança em IA, ao provar que é possível explorar limitações de capital e infraestrutura para construir modelos adotando novas estratégias de treinamento, otimização de recursos e código aberto.

À margem da disputa, cabe ao Brasil lamentar uma oportunidade perdida, afirma o especialista em direito digital Ronaldo Lemos em sua coluna semanal na Folha de São Paulo.

Lemos lembra que o Brasil foi um dos líderes do movimento open-source entre 2003 e 2010. A conjunção de iniciativas privadas com políticas públicas tornou o país uma potência mundial e Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, tornou-se a sede permanente do Fórum Internacional do Software Livre.

Ao seguir o modelo europeu para regulamentação de tecnologias emergentes, o Brasil freou a inovação e ficou para trás na corrida tecnológica, argumenta Lemos.

“É nesse contexto que o DeepSeek é um choque também para nós [brasileiros]”, afirma. Apesar do atraso no desenvolvimento de novas tecnologias, Lemos sugere que o “efeito DeepSeek” abre uma oportunidade para que o Brasil não seja totalmente excluído da competição em IA:

“O país pode se especializar de novo em open source aplicado à inteligência artificial. Podemos criar uma lei de inteligência artificial com a ambição de proteger e fomentar os modelos abertos, transformando o país em um polo de desenvolvimento de IAs dessa natureza.”

Nesse sentido, o próprio DeepSeek poderia servir como base e inspiração para o desenvolvimento de modelos de IA brasileiros.

IA de código aberto

Modelos de IA de código aberto são rejeitados pelas grandes empresas norte-americanas, exceto a Meta, cujo modelo Llama teria servido de parâmetro para o desenvolvimento do DeepSeek.

Vantagem competitiva e segurança são as principais justificativas de empresas como a OpenAI e a Anthropic, criadora do Claude, para optar por modelos fechados. Desafiando essa lógica, o DeepSeek adotou uma das licenças mais permissivas do mundo para licenciar o código do seu novo modelo de IA, a MIT License.

Segundo Liang Wenfeng, fundador da startup chinesa, o código aberto acelera a inovação:

“Nossa vantagem competitiva está no conhecimento acumulado. Tornar o modelo open source não nos traz nenhum prejuízo. Ao contrário, como estamos liderando, isso é recompensador. Abrir o modelo não só é uma honra, mas também atrai talentos.”

  • Topo do Bitcoin no mercado de alta: Previsões do DeepSeek e do ChatGPT para máxima histórica do BTC em 2025

O lançamento do DeepSeek R-1 teve implicações diretas nos mercados financeiros e nas criptomoedas. O Bitcoin – BTC R$ 572.940 enfrentou uma correção de 17% na semana em que o DeepSeek R-1 foi lançado.

Fonte: CoinTelegraph
Image by rawpixel.com on Freepik

Related posts

Circuito FIRE estreia em Salvador com a mais moderna tecnologia em games, competição e diversão

Fulvio Bahia

Copa do Mundo: Brasil enfrenta Jamaica precisando de vitória para chegar às oitavas

Fulvio Bahia

UFBA e Universidade de Coimbra lançam documentário sobre Luta Antimanicomial no dia 14 de outubro

Fulvio Bahia

Deixe um comentário

Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência. Nós assumimos que você concorda com isso, mas você pode desistir caso deseje. Aceitar Leia Mais