Por Fulvio Bahia
Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, o Caderno Baiano trouxe para vocês algumas personalidades que fazem a diferença no cenário baiano.
Fernanda Lordêlo é Secretária de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude, advogada, docente com especialização e mestrado. Atuou como coordenadora adjunta dos cursos de Direito e de Administração, além da Diretoria Acadêmica de Planejamento da UNIFACS e gerência acadêmica da Escola de Ciências Sociais Aplicadas, Educação, Artes e Humanidades.
À frente da SPMJ, a secretária vem se destacando nos trabalhos voltados às causas comunitárias e sociais, deixando claro o poder da mulher na condução de temas tão sensíveis e atuais.
Confira abaixo a entrevista de Fernanda Lordêlo para o Caderno Baiano.
O que é ser titular da Secretaria de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude?
Para mim, ocupar uma pasta dessa magnitude e importância, e com pautas sociais tão relevantes para o nosso país e para a construção de uma sociedade mais igualitária, justa e equânime, é uma grande responsabilidade, além de ser um desafio diário frente ao combate a todo e qualquer tipo de violação de direitos que transversalizam a vida e a história de tantas mulheres, crianças e jovens de nossa cidade.
Quem é a maior influência em sua vida? E por quê?
Sempre foram meus pais. Eles me deram autonomia e liberdade e, mesmo diante de todas as adversidades vivenciadas por eles na infância, adolescência e juventude, sempre me fortaleceram enquanto menina e mulher negra. Conhecendo e discutindo a minha ancestralidade com apresentação de um mundo real e que precisava ser reestruturado para atender a todos indistintamente.
Indiscutivelmente, a senhora hoje é uma referência nas políticas públicas do município de Salvador e vem ganhando cada vez mais espaço. A que se deve a sua aceitação em um ambiente tão desproporcional às mulheres?
No trabalho desenvolvido coletivamente e pautado no respeito às pessoas, buscando sempre ouvir e acolher as vozes de tantas mulheres, que por vezes são silenciadas pelo medo, pela discriminação e pelo preconceito. Ninguém consegue fazer uma caminhada dessa, em ambientes majoritariamente masculinos, de maneira solitária e sem a parceria de outras mulheres.
Que mensagem gostaria de deixar para mulheres e homens neste dia de celebração?
Acredito que o dia de hoje, para além de um data celebrativa, deve ser associado mais às lutas por garantia de direitos nos mais diversos espaços, valorização da mulher e do feminino, e combate a todo tipo de violência. Não podemos falar na busca de uma sociedade com equidade de gênero e fortalecimento do feminino, sem envolver os homens nesta pauta. Essa é uma luta coletiva que deve envolver toda a sociedade em prol de um movimento de desconstrução de padrões tóxicos e cruéis que foram perpetuados ao longo dos anos e que acomete homens e mulheres.
Ao final da entrevista, Fernanda deixou uma mensagem de otimismo às mulheres.
“Que possamos no nosso dia-a-dia atuar com a verdadeira sororidade no apoio, acolhimento e ação na defesa das mulheres de forma integral. E lembrar que as meninas e os meninos precisam ser educados em um mundo diverso onde a equidade seja o direcionamento natural. Não podemos perpetrar o machismo estrutural e essa desconstrução depende de todos nós”.
Foto: ASCOM SPMJ