Com direção de Leno Sacramento, a Cia Encruzilhadas aborda o constrangimento do racismo em três estórias que
se entrelaçam
A palavra de ordem do espetáculo instalação (NU) Madrugada me Proteja é constrangimento. Com texto de Cuti e Leno Sacramento em colaboração com o elenco, é possível tocar aqueles, que mesmo não tendo a pele preta, entendem o que é ficar constrangido ao ter que se despir diante da sociedade, e esta não é uma metáfora. O espetáculo foi estreado em Julho e volta a cartaz no mês de agosto, no Museu Afro Brasileiro UFBA (MAFRO), sempre as terças, às 19h. A peça é um convite ao debate e reflexão sobre a naturalidade do racismo que expõe os corpos até que fiquem nus.
Para dar vida aos personagens, pela primeira vez na CIA, o elenco foi formado através de uma audição, onde sete atores apresentam três histórias diferentes que acontecem simultaneamente, mas que tem um ponto em comum: o constrangimento.
Ganhador do Prêmio Braskem de Teatro como Melhor Diretor de 2023 pelo espetáculo “A Resistência Cabocla” do Bando de Teatro Olodum, Leno Sacramento joga luz sobre episódios do cotidiano que continuam acontecendo, e reforça a ideia de que o espetáculo é um combate ou um esclarecimento pra que situações como essa não sejam normalizadas.
“É evidente o constrangimento do ser humano em ficar nu diante da sociedade. A questão com o corpo é um tabu que inibe e, muitas vezes, humilha. Esta sensação é comum ao povo preto, mesmo que as roupas não sejam tiradas.
É muito constrangedora a sensação de ser observado em tempo integral. No espetáculo, temos três estórias que se entrelaçam, em que os personagens são levados a ficar nus diante de uma situação. O constrangimento é uma poderosa imagem capaz de trazer empatia, mesmo por aqueles que não passam por situações como esta”, defende.
Ainda segundo Leno Sacramento, esse espetáculo é destinado a todos os públicos, pois se trata de um assunto ignorado por muitos, mas que se faz presente em nosso cotidiano.
“A Cia Encruzilhadas adoraria estar, neste momento, fazendo uma comédia, ou abordando temáticas distintas das questões ligadas ao desrespeito ao povo preto, mas ainda não estamos nesse momento, pois há muito o que falar sobre as condições a que estamos expostos todos os dias, e por isso – não vamos parar”, destacou.
Espetáculo Instalação
Pela primeira vez nesta Cia, o espetáculo foi pensado para ser expositivo, pois tudo é para ser visto, sempre. Todas as estruturas do espetáculo, cenografia, figurino, iluminação e sonorização fazem parte de uma grande instalação cênica onde tudo é para ser lido enquanto estrutura que expõe os corpos pretos. A escolha e parceria com o MAFRO inaugurou uma nova perspectiva ao local, que a partir da data vai receber projetos cênicos com temáticas
ligadas à negritude.
Sobre o MAFRO
Criado em 1974, o MAFRO é aberto ao público em 1982, e funciona desde então no local onde foi criada a primeira Escola de Medicina do Brasil. Sua criação, pelo Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia, correspondeu aos anseios por um espaço de coleta, preservação e divulgação de acervos referentes às culturas africanas e afrobrasileiras, tendo por objetivo principal enfatizar a importância da presença africana na formação da cultura brasileira, incentivando, por outro lado, contatos com a comunidade local. O Projeto Mais Mafro, que será inaugurado com o espetáculo (NU) Madrugada me Projeta, tem por objetivo ampliar diálogos com novos públicos, produtores culturais, através da introdução de linguagens artísticas diversas, em espetáculos, mostras e ações, em parcerias com agentes da cena preta da cidade de Salvador.
Cia Encruzilhadas
A Companhia de Teatro Encruzilhadas vem desde 2017 alimentando o teatro preto, baiano e nacional, com ações que envolvem a apresentação de espetáculos, oficina de teatro, resultado de oficina, lançamento de livro, estímulo a leitura, e debates sobre as perspectivas do povo preto e suas questões ligadas a sociedade. No repertório do grupo, ao longo desses sete anos, foram construídos quatro espetáculos de repertório (En(Cruz)Ilhada, Nas Encruza, Escarro Início e D.R), um livro (Para Desgraça – Uma quarta para não esquecer), em parceria com a
editora Selin Trovoar, e inúmeros debates. É uma equipe formada por sete pessoas que se revezam na construção dos projetos que já ocuparam o Teatro Vila Velha, o Galpão Wilson Melo, o Teatro Gregório de Matos e a Caixa Cultural.
Ficha Técnica:
Direção – Leno Sacramento
Texto – Cuti, Leno Sacramento e Elenco
Artistas em Cena – Bruxa Profana Latino-Americana, Edy Firenzza, Nanda Lisboa e Negafyah, Poeta com P de Preto, Ṣàngótunbí Ọmọ Tọ́lá e Vado Júnior.
Assistente de Direção – Meniky Marla e Fernanda Paquelet
Figurino – Agamenon Abreu
Cenografia – Leno Sacramento
Trilha Sonora e Preparação Vocal – Junior Brito
Iluminação – Marcos Dedé e Fernanda Paquelet
Assessoria de Comunicação – Eduardo Scaldaferri
Designer – Altair Passos
Mídias Sociais – Lucila Laura
Fotografia – Israel Fagundes
Produção – Luciene Brito e Fernanda Paquelet
Serviço:
O que? Espetáculo Instalação (NU) Madrugada me Proteja
Quando? 06, 13, 20, 27 – Terças 19h
Onde? MAFRO – Museu Afro Brasileiro /Pelourinho
Quanto? 30,00 (inteira) / 15,00 (meia) (Venda antecipada pela Plataforma Sympla)
Fonte: Assessoria de Imprensa
Foto: Israel Fagundes