Com patrocínio da Braskem, o Projeto Corais de Maré, realizado pela empresa Carbono 14 em parceria com a UFBA e o Instituto de Pesca Artesanal de Ilha de Maré, alcança resultados promissores na restauração de espécies endêmicas
Em um marco importante para a recuperação dos recifes na Baía de Todos-os-Santos, o projeto Corais de Maré obteve resultados promissores com o uso de materiais plásticos para acelerar o crescimento e a resistência de corais nativos. A ação pioneira, que completa dois anos, é patrocinada pela Braskem e realizada pela empresa Carbono 14, em parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e o Instituto de Pesca Artesanal de Ilha de Maré.
No segundo ano de experimentos, o polietileno e o nylon, por exemplo, se destacaram. Esses materiais foram testados em berçários submarinos na Ilha de Maré, onde o ambiente pareceu favorecer a resistência e a resiliência dos corais. “Houve um aumento do crescimento dos corais de 27% com o uso do nylon, de 40% do poliacetal e de 41% do polietileno. Este ano, a gente pôde observar esse crescimento maior do polietileno. Notamos que todos os três plásticos são muito úteis para esse tipo de experiência, por ser um material leve e fácil de montar e de desmontar as estruturas utilizadas nos berçários”, explica José Roberto Caldas, conhecido como Zé Pescador, que é CEO da Carbono 14.
No primeiro ano de experimentos, a aplicação do poliacetal, um tipo de plástico resistente, dobrou a taxa de crescimento do coral de fogo Millepora alcicornis, espécie crucial para a biodiversidade por oferecer abrigo para uma variedade de vida marinha. “Com o uso do poliacetal, observamos que o coral nativo passou de 7 cm em apenas três meses, crescimento esperado para seis meses”, destaca Igor Cruz, professor de Oceanografia Biológica do Instituto de Geociências da UFBA.
A gerente de Relações Institucionais da Braskem na Bahia, Magnólia Borges, ressalta a importância do patrocínio ao projeto Corais de Maré. “A Braskem acredita no plástico como uma solução prática e eficiente para construir um futuro mais sustentável e este projeto demonstrou como podemos utilizar esse material para oferecer benefícios ambientais significativos”, afirma.
Os experimentos do projeto, que utiliza os esqueletos do Coral-sol (espécie invasora) como base para cultivo, evidenciam uma técnica eficaz e inovadora para acelerar a recuperação das áreas de recife e sua complexidade estrutural, essencial para a manutenção da diversidade dos ecossistemas marinhos. Este avanço é particularmente relevante diante dos desafios impostos pelas mudanças climáticas, que têm afetado severamente os corais ao longo da costa brasileira.
De acordo com o professor Igor Cruz, também foi observado uma maior resistência ao branqueamento nos corais que estavam nos berçários de plástico. “As taxas de branqueamento foram menores nos berçários e a recuperação foi mais rápida em comparação às colônias nos recifes naturais”, explica Cruz.
Além das vantagens para o meio ambiente, a iniciativa também teve um impacto social significativo. A capacitação de jovens como agentes ambientais e para atuação direta na ação, além da realização de oficinas de restauração de corais com pescadores locais fomentaram o engajamento comunitário e o compartilhamento de conhecimento. “Unimos a atuação dos mais novos com os mais experientes, os saberes populares com o conhecimento acadêmico para restabelecer a biodiversidade da nossa Baía de Todos-os-Santos. Um exemplo disso é que o alerta sobre o branqueamento foi primeiro identificado por um jovem que participa do projeto, o Darlan, de 19 anos. A partir daí, começamos a intensificar o monitoramento, não só na área da restauração, mas também em outras áreas na região”, orgulha-se Zé Pescador.
O projeto Corais de Maré propiciou não só avanços científicos e tecnológicos na restauração dos corais nativos da Baía de Todos-os-Santos, mas também promoveu um modelo de integração social e ambiental, evidenciando o papel crucial das comunidades locais na preservação e recuperação dos ecossistemas marinhos. “Estamos criando possibilidades para as pessoas que têm esse interesse na recuperação dos corais para a sua segurança alimentar, para sua condição de vida, para seu comércio de marisco, de peixes. Então, basicamente, o público beneficiado por esse tipo de iniciativas são as pessoas que vivem na própria comunidade”, destaca Zé Pescador.
Fonte / Foto: Assessoria de Imprensa