Por Fabi Costa
Pentacampeão baiano, atleta da seleção baiana por mais de uma década, campeão paulista, participou de 3 ciclos da seleção brasileira, ex-atleta da seleção militar (Marinha do Brasil por 7 anos), ex-atleta da seleção americana.
Tri-campeão Brasileiro, Medalhista de Bronze no Campeonato Mundial (2010), Bi-Campeão na Batalha de Carabobo/Venezuela, Vice-Campeão Cheo Aponte (Porto Rico), Campeão Copa Independência na República Dominicana (2005), campeão em torneios internacionais (Cuba, Alemanha, EUA, México, Argentina), dentre outros.
Proprietário do Centro de Treinamento Elber Passos (CT Elber Passos), Professor de Boxe na Academia Body Tech e Personal de Boxe, o ex-atleta concedeu uma entrevista exclusiva ao Caderno Baiano.
Confira abaixo:
Quando começou a gostar da nobre arte e quando começou a treinar o boxe?
Comecei a gostar da nobre arte por um acaso. Eu sonhava em ser jogador de futebol. Fazia testes nas divisões de base dos clubes Bahia e Vitória. Cheguei a jogar por um tempo no Bahia e nas divisões do Vitória quando bem garotinho. Um amigo acabou me apresentando uma academia de boxe; lembro que fomos eu, ele e mais 3 primos. Logo no primeiro dia de treino, o professor achou que eu já treinava em outra academia e me colocou no ringue com um atleta dele, e, por sorte, acertei um golpe que levou o oponente à lona. Depois do ocorrido, não voltei para a academia, pois tive receio de retaliação, vingança, pois de fato eu nunca havia treinado boxe.
Alguns anos se passaram e acabei encontrando um outro professor, que, na ocasião, soube do ocorrido, e me fez um convite para fazer um treino em sua academia.
Aceitei o convite e, durante o treino, subi ao ringue com um atleta e, mesmo sem ter técnicas apuradas, treinei de igual para igual com um atleta profissional.
Com aproximadamente 3 meses de treinamento, recebi um convite para lutar em Maceió – AL. Aceitei e venci a luta por Knock Out (KO) no 1º round. Retornei à Bahia e o treinador já me inscreveu para um campeonato baiano e acabei sendo campeão.
Quando percebeu que queria lutar profissionalmente?
Comecei a lutar meio que por impulso. Quando percebi, já era lutador. Foi meio que por acaso.
Quem foi sua maior referência?
Fui campeão de três versões seguidas do campeonato baiano e fui convidado para conhecer a Academia Champion, do Luiz Dórea. Chegando lá, ainda muito novo de boxe, conheci um atleta chamado Kelson Carlos (Kelson Pinto), que logo virou minha grande referência. O estilo dele lutar me deixou impressionado: sua técnica e tranquilidade eram incríveis. Ele fazia sparring com atletas duros, mas parecia que era a coisa mais simples do mundo. Assim ele fazia em suas lutas. Era realmente impressionante!
Quais foram as maiores dificuldades, ao longo da sua carreira?
Comecei a lutar profissionalmente e muito rápido fui convocado para fazer parte da Seleção Brasileira de Boxe. Acabei tendo que me mudar para São Paulo. Nessa época eu tinha apenas 17 anos, malmente saía de casa e, de repente, me vi morando longe dos meus pais, irmãos, parentes e amigos. Sempre fui muito família. Lembro que eu chorava todas as noites. Foi uma época muito difícil pra mim.
Com o tempo, acabei me acostumando com a distância e me adaptando à minha nova realidade. O tempo passou e acabei tendo uma filha e, nesse mesmo período, fui convocado pela seleção americana “MATADOR’S” para disputar uma série mundial de boxe, uma série disputada entre os continentes. Quando minha filha nasceu, eu estava morando no Rio de Janeiro e só pude conhecê-la duas semanas depois. Passei uns dias com ela e logo precisei me mudar para Los Angeles – EUA, onde morei por 06 meses. Mesma história se repetiu: eu chorava todas as noites. Se já foi difícil em São Paulo, imagine viver em um outro país, com uma outra cultura, um idioma que eu não dominava e muito mais distante de toda a minha família e amigos, e ainda com a minha filha recém nascida?! Foi muito mais difícil do que um dia eu poderia imaginar! Minha rede de apoio era apenas meu amigo Everton Lopes e um atleta argentino que acabei fazendo amizade.
Qual foi a luta mais marcante? E a mais difícil?
Tive muita lutas que não me saem da cabeça. É difícil escolher somente uma, mas posso dizer que a luta do meu primeiro título brasileiro foi a mais marcante, pois dali fui convocado para a Seleção Brasileira de Boxe.
Luta mais difícil foram muitas. Travei grandes batalhas no mundo do boxe. Lutei contra um cubano campeão mundial chamado “Despaigne Herrera”, onde levei um golpe que perdi a visão de um olho por longos 4 rounds do combate, mas fui vencedor por pontos. Tenho muitas outras histórias parecidas. Rsrs.
Qual conselho você deixa para quem está iniciando?
Que nunca desista do que acredita e do que é capaz. Não vai ser fácil, como não foi para nenhum atleta, mas não é impossível. Dificuldades vão surgir, problemas, medos, receios, frustrações, mas nada que não possa ser nocauteado. Rs.
Fala um pouco sobre o CT Elber Passos
Você acredita que o CT me livrou de entrar em uma depressão? Eu vinha de muitas lesões, divórcio, perda de patrocínios (por conta das lesões), parei de lutar precocemente e eu estava à beira de entrar em uma grande depressão. Eu já tinha o CT, mas eu treinava com meus amigos. Não era aberto ao público, não tinha alunos. Foi algo que criei para eu e meus amigos termos sempre um lugar para treinarmos, mesmo que por lazer. Quando me dei conta do fim da minha carreira, resolvi anunciar a abertura ao público do CT. Eu não conseguia e não consigo me ver sem o boxe. Eu precisava dele, mesmo que na condição de treinador. Divulguei a abertura por um mês e, na inauguração, foi um enorme sucesso!
Paralelo a isso, iniciei um projeto social (gratuito) para os alunos que não tinham condições de assumir o custo de uma mensalidade. Tenho turmas pagantes e não pagantes. Hoje o CT possui cerca de 50 alunos, dentre eles atletas e pessoas que só querem treinar por gostarem da nobre arte. Temos duas tri-campeãs baianas, uma atleta que é multi campeã baiana e vice-campeã brasileira, e uma adolescente de 13 anos que é campeã paulista e campeã baiana. Do sexo masculino, temos vários campeões baianos, e no campeonato baiano de 2022 tivemos dois campeões que foram eleitos os melhores atletas da competição. Temos atleta vice-campeão brasileiro e atleta terceiro melhor do Brasil.
À propósito, convido a todos a conhecerem o CT (Centro de Treinamento). Espero por vocês! 👊🏻
Fotos: ASCOM Elber Passos
@elberpassos | @ctelberpassos