Novo relatório federal revela que homens ainda preferem fumar, enquanto mulheres buscam formas mais sutis e sensoriais de uso da planta
A relação com a cannabis vai além da planta. Envolve corpo, mente, cultura e, como aponta um novo relatório federal norte-americano, também gênero. Uma análise recente da Pesquisa Nacional sobre Uso de Drogas e Saúde (NSDUH), realizada entre 2022 e 2023, mostrou que homens e mulheres têm preferências distintas quando o assunto é como consumir cannabis.
Cannabis: eles fumam, elas sentem
Enquanto o ato de fumar ainda lidera entre os métodos de consumo, com quase 20% dos homens usuários relatando ser essa sua via preferida, as mulheres estão cada vez mais conectadas com formas alternativas, como comestíveis, bebidas e loções. Apenas 14,3% das usuárias relataram preferência pelo fumo.
Na contramão do estereótipo da “marola”, as mulheres optam por experiências mais sensoriais, íntimas e até terapêuticas. Loções, cremes, adesivos transdérmicos e bebidas com infusão da planta se destacam como escolha entre elas.
Tópicos e comestíveis: o toque feminino no uso da cannabis
Segundo o estudo, 2,5% das mulheres preferem os chamados tópicos, produtos aplicados diretamente na pele, o dobro do número entre os homens (1,2%). O dado pode parecer pequeno, mas revela um movimento importante: o de apropriação do uso da cannabis como cuidado pessoal.
Além dos tópicos, os comestíveis (como balas e chocolates) e as bebidas com infusão de cannabis também são mais populares entre elas. Entre os métodos alternativos, o uso de gotas orais, pastilhas e sprays também se destacou entre as mulheres.
Juventude canábica: diversidade no consumo
A pesquisa ainda destacou o comportamento dos mais jovens. A faixa etária entre 18 e 25 anos é a mais propensa a experimentar múltiplos modos de consumo. Nessa fase, a experimentação é intensa: quase 28% relataram usar três ou mais métodos diferentes de consumo.
Apesar disso, o fumo ainda se mantém como o método mais comum entre jovens, independentemente do sexo. Mas eles também são os mais abertos a vaporizadores, dabs e outras formas inalatórias.
Menos é mais: consumidores mais velhos são mais fiéis a um único método
Na contramão da juventude experimental, os consumidores mais velhos tendem a ser mais consistentes: 44,9% dos entrevistados usam apenas um único método. E isso diz muito sobre a relação com a planta que, com o tempo, tende a se tornar mais consciente, ritualística e medicinal.
Além da forma de uso, o relatório revelou outro dado interessante: o uso diário de cannabis já ultrapassou o de álcool entre os americanos. E mais: quem usa cannabis com frequência relata menos danos sociais e sente menos necessidade de “pegar leve” do que quem bebe regularmente.
Pesquisas anteriores, inclusive do CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças), mostram que os danos causados pelo álcool ao entorno social são quase seis vezes maiores do que os do uso da maconha.
E os jovens?
Apesar do medo de que a legalização da cannabis pudesse aumentar o uso entre adolescentes, o relatório revela uma queda nas taxas de consumo entre menores de idade. Isso confirma o que outros estudos já apontam: regulamentar, informar e educar é mais eficaz do que reprimir.
Um estudo de 2022 da Universidade Estadual de Michigan, por exemplo, mostrou que a venda legal de cannabis não aumentou o consumo entre jovens, mas sim entre adultos, aqueles que têm acesso legal ao produto e maior discernimento para seu uso.
Mais do que números, esse relatório oferece um retrato da mudança cultural em torno da cannabis. O consumo deixou de ser marginal e ganhou contornos de escolha pessoal, cuidado e bem-estar. As mulheres, com sua sensibilidade e busca por equilíbrio, têm ampliado o leque de possibilidades com a planta. E isso diz muito sobre o futuro desse mercado.
No fim das contas, cada forma de uso é uma história. Uma escolha que carrega intenção, contexto e, cada vez mais, informação.
Com informações do Marijuana Moment.
Fonte: Sechat
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