Assembleia Legislativa da BahiaMeio AmbientePolíticaPreservação Ambiental

Legislativo debate implantação da Política de Resíduos Sólidos nos municípios baianos

Evento teve como objetivos encontrar soluções para a implantação da política de resíduos sólidos nos municípios e a geração de renda para os recicladores.

Com o objetivo de encontrar soluções para a implantação da política de resíduos sólidos nos municípios da Bahia, assim como a inclusão social e a geração de renda para os recicladores, a Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa realizou, na última quarta-feira (27), uma audiência pública, que contou com a participação de parlamentares, gestores públicos dos órgãos de proteção do meio ambiente, representantes do Ministério Público e representantes da sociedade civil organizada.

Além do proponente, participaram da audiência o presidente e vice-presidente do colegiado, Leandro de Jesus (PL) e Matheus Ferreira (MDB), respectivamente; o promotor Yuri Lopes de Mello, coordenador do Centro de Apoio às Promotorias de Meio Ambiente e Urbanismo, do Ministério Público da Bahia; Hans Neto, diretor de Programas e projetos da Secretaria de Meio Ambiente (Sema); Márcia Bittencourt, advogada da UPB; Ivan Euler, subsecretário de Sustentabilidade e Resiliência de Salvador; Tiago Oliveira, da Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb); e Ivonete Araújo, presidente da cooperativa dos Badameiros de Feira de Santana (Cobafs).

Na abertura da audiência, José de Arimateia (Republicanos) ressaltou a necessidade de levar ao conhecimento da população baiana a questão da implantação da coleta seletiva nos municípios, importante para a promoção da sustentabilidade, da preservação dos recursos naturais e a redução dos impactos negativos no meio ambiente. “Além disso, tem o impacto social e econômico gerado pela coleta seletiva, que promove a geração de empregos diretos e indiretos, impulsionando a economia local e gerando matéria-prima para novos produtos, criando um ciclo sustentável e reduzindo a dependência de recursos não renováveis”.

APOIO

Representando o Ministério Público, Yuri Lopes falou das questões que o órgão tem tido com os municípios baianos, 200 deles autuados por não cumprir a legislação. “É um tema que tem que ser levado a sério, que já deveria ter sido resolvido, com ajuda da tecnologia e formas de organização. Tem lixão por todo o lugar”, colocou. Para o promotor, os gestores devem ser conscientes e buscarem os meios de implantação do sistema sem seus municípios. “Coleta seletiva é essencial para que não tenha lixão. Se não fizer e não der apoio aos recicladores para transformar aquilo em algo economicamente viável, novamente, você vai ficar fazendo aterro por cima de aterro, jogando literalmente dinheiro no lixo”.

A situação atual dos catadores de Feira de Santana que não têm contado com o apoio da gestão municipal foi colocada pela presidente da Cobasf, Ivonete Araújo. Segundo ela, como faltam ecopontos e material, já que a maior parte dos resíduos recicláveis tem ido para o aterro, a cooperativa, que já empregou um bom número de catadores, hoje só conta com 15 pessoas. “Sem apoio e sem capacidade de trazer todo esse material para a gente, a quantidade que a gente coleta não é suficiente para pagar funcionários, e os cooperados, muitos deles, saíram”, relatou. Apesar de a possibilidade de fechar, ela diz resistir, mesmo com as dificuldades por saber da importância e do valor do trabalho exercido.

De parte executivo, o diretor de Programas e projetos da Sema, Hans Neto afirmou que o governo vem criando várias ações, por meio de um comitê multidisciplinar formado em prol dos catadores, com reuniões semanais e com ações a respeito dos Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA). Quanto à implantação da coleta seletiva nos municípios, Hans sugeriu a inclusão da taxa do lixo, “já que o prefeito é capacitado para licenciar, incluindo condicionante para o tratamento dos resíduos que são gerados”.

Para o gestor, é fundamental que as prefeituras tenham seu plano municipal elaborado e que comecem a implementar a coleta seletiva aos poucos, iniciando, por exemplo, pelos prédios públicos. “É difícil captar dinheiro sem ter um projeto. Com base nisso, em parceria com a Sedur a gente desenvolveu o curso de Resíduo Sólidos, para que os prefeitos e gestores tenham um pouco mais de familiaridade com o tema”, informou.

Em momentos da audiência, representantes de organizações ambientais apresentaram seus trabalhos de educação e conscientização por meio da reciclagem, como o movimento Água é Vida, de Feira de Santana, fundado em 1997, com o objetivo de cuidar da água e do meio ambiente, também nos municípios vizinhos.

A ambientalista Bete Wagner fez um breve histórico da trajetória sobre a lei de resíduos sólidos, aprovada no Brasil em 2010 e que previa o prazo até 2014 para a erradicação dos lixões no país inteiro – o que não aconteceu –e o protagonismo dos catadores de materiais recicláveis.

Segundo ela, com a lei, que prevê a logística reversa, as empresas geradoras de lixo seriam responsabilizadas pela retirada do resíduo produzido. “Um dos acordos que mais avançaram foi o acordo da logística reversa com os empresários produtores, para a retirada das embalagens de agrotóxicos, que foi interrompida a partir de 2016, e não se sabe se foi retomada, assim como com o segmento dos eletrônicos”, disse.

Bete lamentou, ainda, o oligopólio das empresas que coletam o lixo no Brasil, e a separação dos pilares da política de saneamento básico, em várias secretarias, na gestão estadual baiana e louvou a contribuição dos catadores e catadoras de materiais recicláveis na Bahia, que, segundo ela teriam que ser os responsáveis pela varrição, coleta seletiva e reciclagem. “Esses são os protagonistas, não só na lei, mas na vida real, também”, elogiou.

Fechando o evento, José de Arimateia considerou a complexidade da questão com a Bahia liderando os estados da Federação com o maior número de lixões. “Sabemos que não se resolve os problemas em uma só audiência pública, mas estamos dando passos importantes. Acredito na perseverança, e que as cooperativas provocarão discussões os seus municípios, principalmente agora perto das eleições, cobrando uma ação dos prefeitos”, sugeriu.

Fonte: ASCOM ALBA
Foto: NeuzaMenezes/Agência-ALBA

Related posts

Governo da Bahia celebra 50 anos do CEPRAM, primeiro Conselho Estadual do Meio Ambiente do país

Fulvio Bahia

Proposta por Jorge Solla, Câmara dos Deputados vai debater situação da Via Bahia

Fulvio Bahia

Câmara vai realizar audiênciapública sobre Projeto da LDO

Fulvio Bahia

Deixe um comentário

Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência. Nós assumimos que você concorda com isso, mas você pode desistir caso deseje. Aceitar Leia Mais