Consórcio Nordeste entrega proposta de criação do Fundo da Caatinga ao Ministério do Meio Ambiente. Minuta do decreto de criação é inspirado no Fundo da Amazônia.
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, entregou diretamente à ministra Marina Silva proposta de criação do Fundo da Caatinga. A reunião aconteceu na sede do Ministério do Meio Ambiente nesta terça-feira (31). Já com a minuta do decreto em mãos, resultado de trabalho realizado em conjunto com o BNDES, o Consórcio Nordeste propõe um fundo para a Caatinga inspirado no Fundo da Amazônia.
Na proposta apresentada, ganham ênfase e possibilidade de financiamento de projetos para o manejo sustentável, recuperação e revitalização de áreas degradadas, apoio a projetos sustentáveis de geração e distribuição de energia, atividades econômicas desenvolvidas a partir do uso sustentável da Caatinga e, dentre outros, conservação e uso sustentável da biodiversidade.
O governador baiano, que lidera os debates sobre meio ambiente no Nordeste, enfatizou que “a criação de um fundo específico para o bioma mais brasileiro e tipicamente nordestino é fundamental para ampliar as nossas possibilidades de convívio com o semiárido. A Caatinga nos oferece diariamente soluções de resiliência e, apoiar o potencial da bioeconomia do bioma, fomentar a agricultura de baixo carbono em pequenas e médias propriedades para a produção de alimentos e outras tecnologias sociais já conhecidas vai nos permitir um salto de qualidade em nossas políticas para a sustentabilidade”.
Jerônimo Rodrigues complementou lembrando que é preciso recuperar a Caatinga, valorizar sua genética resiliente e potencializar seu banco de sementes agrícolas e nativas.
O Ministério do Meio Ambiente recebeu a proposta com muito entusiasmo, ressaltando o protagonismo do Nordeste no redesenho institucional e já se dispôs a montar um grupo de trabalho com o Consórcio Nordeste para elaboração de um Plano para a Caatinga e aprofundar os estudos para criação do Fundo. Além de Marina Silva, participaram da reunião o presidente do IBAMA, Rodrigo Agostinho, e os secretários Edel Moraes, André Lima e Daniel Viegas.
Caatinga
A Caatinga, do tupi “mata branca”, é o único bioma exclusivamente brasileiro. Dotada de uma riquíssima variedade biogenética, a Caatinga é um território que muito tem a ofertar ao Brasil e ao mundo, desde as possibilidades de sequestro de carbono da atmosfera até como sua vegetação, já tão bem adaptada a um ambiente semiárido, pode ensinar ao mundo como construir exemplos de políticas de adaptação climática em territórios com menor acesso à água.
Adiciona-se a isso o fato que a Caatinga é uma grande região natural que presta importantes serviços ao planeta. Ela também apresenta índices notáveis de biodiversidade e endemismo. A resiliência das diferentes espécies vegetais que povoam a Caatinga pode, em um mundo que vem sofrendo um processo de mudanças climáticas, ser fonte de adaptações genéticas para maior eficiência agrícola. A sua proteção, assim, é chave para a construção de um mundo adaptado às mudanças do clima e a conservação de sua biodiversidade é crucial para o atingimento dessa finalidade.
Busca de investimentos
Eduardo Sodré, secretário de meio ambiente da Bahia e coordenador da Câmara Temática do Consórcio Nordeste, afirmou que “a Caatinga deve gozar de um forte sistema de proteção e recaatingamento, e o Fundo da Caatinga, conforme apresentado nessa proposta de decreto, apresenta-se como importante instrumento para a preservação desse bioma tão necessário para o país. A busca de investimentos, em especial estrangeiros, conforme é realizado pelo Fundo Amazônia, é instrumento eficaz na preservação de um bioma e a Caatinga deve ser receptora de recursos que assegurem sua preservação o quanto antes, já que enfrenta em alguns pontos já forte processo de degradação ambiental”. Estima-se que com o Fundo novas iniciativas possam ser fomentadas na região e que um futuro próspero seja reservado ao único bioma exclusivamente brasileiro.
Foto: Gustavo Alcântara