O vereador do PSOL se manifestou após uma série de agressões e destaca a relação racial com as ofensas que vêm recebendo
Durante a sessão no Plenário da Câmara de Vereadores de Salvador nesta terça-feira (17), o vereador do PSOL, Professor Hamilton Assis, respondeu ao que chamou de “sucessivos ataques” de alguns vereadores da base do prefeito Bruno Reis (União). O vereador, que é um homem negro, pedagogo, de origem humilde, questionou porquê seu mandato é alvo de hostilizadade e ataques de forma reincidente.
“Nessa Casa, em razão do meu apoio aos professores e professoras, além da minha posição contra um PL que destroçaram nosso Plano de carreira, foi levantada a possibilidade de eu ser um drogado, mentiroso, dentre outras ofensas. Um parlamentar chegou a afirmar que tinha medo de sentar ao meu lado. Sei que sou atacado pelo que represento. Também sei que a imputação de um estereótipo do homem negro violento é próprio do racismo. A professora baiana Meire Reis, em ‘A cor da notícia’, trata como esse modo contribui para legitimar a violência do Estado contra a população negra”, diz o vereador do PSOL que trouxe ainda relatos de violência racial que passou ao longo da sua vida.
O vereador Professor Hamilton Assis afirmou que os adjetivos a ele empregados é uma clara tentativa de enquadramento em uma imagem de controle, definida por Patrícia Hill Collins, ato comum no racismo onde homens negros e mulheres negras são considerados raivosos, agressivos e violentos. Esse conceito também foi defendido pela intelectual brasileira Lélia Gonzalez, ambas referenciadas pelo professor durante discurso no plenário da Câmara.
Para Hamilton Assis as ofensas têm como objetivo disciplinar a sua atuação, calar sua voz, atuante na luta pela valorização dos servidores públicos, pela moralidade administrativa, contra a venda da cidade e em defesa do serviço público de qualidade. O edil ainda lembra que é autor do pedido de CPI para investigar desvio de verbas da educação municipal, denunciado na Operação Overclean da Polícia Federal (PF) e Controladoria-Geral da União (CGU).
“Outros vereadores e vereadoras da oposição se opuseram ao PL 174, estiveram em assembleias que deliberaram sobre a greve e também acompanharam os desdobramentos da Ocupação da Câmara na delegacia. Porque o meu mandato? Por qual motivo eu sou alvo? Precisam responder”, questiona o vereador.
Hamilton Assis ainda ressalta que as ofensas proferidas a ele também foram estendidas a professores e professoras. “As professoras e os professores nesse espaço também foram desrespeitados, até a capacidade intelectual dos profissionais foi questionada. Não vamos aceitar esses ataques, não vão silenciar o nosso mandato que é socialista, popular e está ao lado dos interesses da população”, afirma o vereador que vem recebendo apoio de diversos setores da sociedade civil.
Fonte: Ascom vereador Professor Hamilton Assis – PSOL
Foto: Antônio Aquino