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Participação feminina na ciência brasileira cresce 29% em 20 anos, mas cai conforme carreira avança

A participação de mulheres como autoras e coautoras de publicações científicas passou de 38%, em 2002, para 49%, em 2022

A participação de mulheres na ciência como autoras de publicações científicas no país cresceu 29% nos últimos vinte anos — o que aproxima a produção científica brasileira de uma equidade de gênero, principalmente entre as pesquisadoras com carreiras mais jovens. As informações são do relatório da Elsevier-Bori “Em direção à equidade de gênero na pesquisa no Brasil” lançado na última sexta-feira (8).

Segundo o relatório, em 2022, 49% da produção científica brasileira tem pelo menos uma mulher entre os autores. O Brasil ocupa, hoje, a terceira posição de países com maior participação feminina na ciência, entre nações analisadas (18 países mais a União Europeia), — ficando atrás, apenas, da Argentina e de Portugal, que têm, cada um, 52% de publicações científicas com autoras mulheres.

A participação feminina na produção científica cresceu, inclusive, nas áreas associadas à Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM, em inglês), passando de 35%, em 2002, para 45%, em 2022. Ainda assim, o relatório observa que há uma diminuição da velocidade de crescimento da participação de mulheres nestas áreas a partir de 2009-2010, se considerado o crescimento total de todas as áreas somadas.

O documento traz um levantamento da quantidade de autores homens e mulheres que assinaram publicações científicas entre 2002 e 2022, na base de dados Scopus, a partir de ferramenta da Elsevier. A ferramenta consegue localizar informações sobre gênero de dados bibliométricos de forma binária, ou seja, tem suas limitações. Esse é o quarto de uma série de relatórios da Elsevier em parceria com Bori, com informações sobre a ciência brasileira.

“São resultados encorajadores ao constatar que nas gerações mais recentes vem crescendo a participação feminina”, comenta Dante Cid, Vice-presidente de Relações Acadêmicas da América Latina da editora Elsevier. “No entanto, ainda temos desafios a superar nos aspectos de participação nas Exatas e de participação entre as gerações mais experientes”.

Com o avançar da carreira, participação feminina diminui

Entre 2002 e 2022, o percentual de mulheres entre autores de publicações científicas cresceu em todas as fases da carreira das cientistas. Contudo, os dados do relatório mostram que, conforme a carreira avança, a tendência é de diminuição da participação feminina. De 2018 a 2022, por exemplo, as mulheres da faixa específica de até cinco anos de carreira foram autoras ou coautoras em mais da metade (51%) das publicações. Essa participação feminina em autorias ou coautorias cai para 36% entre pesquisadores com mais de 21 anos de carreira.

Disparidades nas áreas de conhecimento

Apesar do crescimento na porcentagem de autoras mulheres entre 2002 e 2022, ainda há disparidades nesta participação em diferentes áreas do conhecimento. Os dados do relatório mostram que a participação feminina de 2018 a 2022 supera 60% em áreas como Enfermagem (80%), Farmacologia, Toxicologia e Farmacêutica (62%) e Psicologia (61%), enquanto fica abaixo dos 30% em áreas como Matemática (19%), Ciência da Computação (21%) e Engenharia (24%).

Ainda assim, algumas áreas estão a caminho da equidade de gênero em termos de publicação científica. Na Enfermagem e Psicologia, houve um decréscimo de 3,4 e 3,1 pontos percentuais nas autoras mulheres em dez anos, respectivamente — o que aponta para um equilíbrio maior entre homens e mulheres publicando. Enquanto isso, as áreas de Economia, Econometria e Finanças, Negócios, Administração e Contabilidade, Ciências Ambientais e Veterinária apresentaram o maior crescimento no número de autoras mulheres neste período: de 9,2 pontos percentuais (economia), 8,0 pontos percentuais (negócios), 6,6 pontos percentuais (ciências ambientais), 6,0 pontos percentuais (veterinária).

“Nos últimos anos, várias universidades têm criado iniciativas para apoiar e incentivar cientistas mulheres em momentos como a maternidade”, comenta Fernanda Gusmão, Gerente de Soluções para Pesquisa da América Latina da Elsevier. “Acredito que essas ações irão contribuir para acelerar o alcance da equidade em diferentes áreas do conhecimento.”

Equidade de gênero mais lenta nas patentes de invenção

O relatório também analisa a participação feminina na proposição de patentes de inovação. Neste caso, o movimento em direção à equidade de gênero é mais lenta: as patentes em que todos os inventores são mulheres ficaram com estabilidade nos últimos 15 anos, de apenas 3% a 6%. Esse movimento não acompanha o ritmo de crescimento das patentes em que os inventores são homens e mulheres. Nos últimos anos, essas patentes cresceram de 24%, em 2008, para 33%, em 2022.

Fonte: Agência Bori
Foto: NCI

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