Pleito vem do G9 da Amazônia, grupo lançado na COP16 com 511 povos para pressionar governos pan-amazônicos pela defesa de bioma, Povos Tradicionais e clima.
“Queremos que as COPs reconheçam a demarcação e o reconhecimento de Terras Indígenas como políticas de clima e de biodiversidade. E que os Povos Indígenas sejam reconhecidos como autoridades da biodiversidade e do clima. Somos mencionados como guardiões da floresta, como essenciais para o equilíbrio climático, mas não como autoridades.”
A reivindicação de Angela Amanakwa Kaxuyana, liderança do Povo Kahyana, no extremo norte do Pará, e representante da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB), resume o G9 da Amazônia Indígena. Lançado oficialmente por organizações indígenas dos nove países pan-amazônicos na COP16, em Cali, na Colômbia, o grupo representa 511 Povos e luta em defesa da Amazônia, dos Povos Tradicionais, da biodiversidade e do clima global. Um passo essencial nesta direção, afirmam, é o reconhecimento do protagonismo dos Povos Indígenas nesse processo.
Entre os temas prioritários do G9 estão apoiar a segurança jurídica dos Territórios Indígenas pela demarcação e reconhecimento, e exigir mecanismos de financiamento direto para os Povos Indígenas da Amazônia e a proteção aos Povos Indígenas em isolamento. Outro ponto é aumentar sua voz nas negociações internacionais, destaca Daniela Chiaretti no Valor.
O necessário reconhecimento dos indígenas como autoridades climáticas e da biodiversidade justifica a escolha do nome, explica Angela. “O G9 também vem com alusão desses espaços de autoridades globais como o G20 e o G7, que são uma coalizão de espaços de autoridades da economia. Estamos refletindo que nós somos autoridades da biodiversidade e do clima.”
A aliança reitera que seus conhecimentos tradicionais ajudam a conter a perda de biodiversidade, e os seus territórios impedem a destruição da floresta.
Toya Manchineri, coordenador-geral da COIAB, afirmou que a coalizão prepara um caminho de diálogos sobre soluções climáticas para a COP30, que vai acontecer em novembro de 2025 em Belém, informa a Folha. No manifesto “A resposta somos nós”, os indígenas reivindicam a copresidência da conferência, mas com independência dos governos. E reforçam que não aceitarão exploração e produção de combustíveis fósseis em seus territórios.
Fonte: ClimaInfo
Foto: Fernando Morales