BrasilEconomia

Preços na indústria caem 0,82% em julho, influenciados pelo setor de alimentos

O setor de maior influência foi o de alimentos, que caiu 1,36% e colaborou com -0,33 ponto percentual no resultado geral da indústria.

Os preços da indústria caíram 0,82% em julho frente a junho, registrando o sexto mês seguido de queda. É a primeira vez que o Índice de Preços ao Produtor (IPP), divulgado nesta quarta-feira (30) pelo IBGE, apresenta seis recuos consecutivos desde o início da série histórica, em 2014. No acumulado no ano, a queda é de 7,23%, a menor taxa para um mês de julho também desde o início da série histórica. O acumulado de 12 meses também bateu recorde e foi o menor desde o início da pesquisa, ficando em -14,07%.

O resultado de julho mostra a manutenção da tendência recente percebida. Nos últimos 12 meses, em 11 os preços na indústria recuaram na comparação mensal. “Uma das explicações é a queda do dólar. Só este ano, o dólar registra desvalorização de 8,4%. Com isso, o preço em real do produto exportado diminui e, ao mesmo tempo, o custo das matérias-primas que são importadas também fica menor”, explica Murilo Alvim, analista da pesquisa.

Dentre as 24 atividades catalogadas no IPP, 16 tiveram queda de preços de junho para julho. O setor de maior influência foi o de alimentos, que caiu 1,36% e colaborou com -0,33 ponto percentual no resultado geral da indústria. “Além do dólar, há uma tendência de queda em diversas commodities. Com isso, o setor de alimentos apresentou maiores reduções nos grupos de carnes e laticínios, explicadas pela diminuição do custo de aquisição de commodities como o milho e soja, que são os principais componentes da ração para os animais”, detalha Murilo.

Outras duas commodities que têm apresentado quedas ao longo do ano são os óleos brutos de petróleo e os minérios de ferro. “Esses produtos impactam diversos setores da indústria nacional, como o de refino de petróleo e biocombustíveis e o de metalurgia, que têm apresentado quedas correntes e acumuladas na pesquisa”, lembra o analista. Essas commodities, porém, apresentaram alta na passagem de junho para julho e ajuda a explicar o aumento observado nas indústrias extrativas. Os preços de julho desse setor subiram 5,08% ante junho, registrando a maior variação do mês e a terceira maior contribuição (0,22 p.p.). Porém, o acumulado no ano permanece negativo (-1,43%). “O aumento observado nos preços do petróleo em julho está ligado à expectativa do mercado por uma redução global da oferta do produto, após a diminuição de estoque nos EUA e corte na produção de países como Arábia Saudita e Rússia”, afirma Murilo.

Os minérios de ferro também tiveram alta no mês, embora ainda apresentem queda acumulada na comparação com julho de 2022. Segundo o analista, em julho o mercado reagiu com expectativa de aumento de demanda após o lançamento de um plano de incentivo econômico da China voltado à construção. Ainda assim, aproveitando a redução nos custos de aquisição da commodity nos últimos meses, o setor de metalurgia teve queda de 2,59% em relação ao mês anterior, marcando o terceiro resultado negativo consecutivo. Foi a quarta variação mais intensa entre as atividades, assim como a quarta principal influência no resultado geral da indústria (-0,17 p.p. em -0,82%).

Grandes categorias: bens de consumo não duráveis tem maior queda

Todas as grandes categorias econômicas apresentaram queda na passagem de junho para julho. Bens de consumo caiu 1,19%, sendo que a variação de bens de consumo duráveis foi de -0,22%, ao passo que nos bens de consumo semiduráveis e não duráveis (BCND) foi de -1,39%. Já bens intermediários caiu 0,63% enquanto bens de capital teve redução de 0,42%.

No acumulado no ano, a variação das grandes categorias econômicas chegou a -10,84% em bens intermediários, a maior. No caso de bens de capital, ficou em -1,69% enquanto em bens de consumo foi de -2,51% – sendo que bens de consumo duráveis acumulou variação de 1,54%, enquanto bens de consumo semiduráveis e não duráveis, -3,30%.

No acumulado em 12 meses, a variação de preços de bens de capital foi de 0,81% enquanto os preços dos bens intermediários variaram -19,80% neste intervalo. Já a variação em bens de consumo foi de -7,08%, sendo que bens de consumo duráveis apresentou variação de 3,51% e bens de consumo semiduráveis e não duráveis de -9,01%.

Mais sobre a pesquisa

O IPP acompanha a mudança média dos preços de venda recebidos pelos produtores domésticos de bens e serviços, e sua evolução ao longo do tempo, sinalizando as tendências inflacionárias de curto prazo no país. Trata-se de um indicador essencial para o acompanhamento macroeconômico e um valioso instrumento analítico para tomadores de decisão, públicos ou privados.

A pesquisa investiga, em pouco mais de 2.100 empresas, os preços recebidos pelo produtor, isentos de impostos, tarifas e fretes e definidos segundo as práticas comerciais mais usuais. Cerca de 6 mil preços são coletados mensalmente. As tabelas completas do IPP estão disponíveis no Sidra.

A próxima divulgação do IPP, referente a agosto, será em 28 de setembro.

Fonte: IBGE
Foto: José Fernando Ogura/AEN-PR

Related posts

Profissional liberal terá alíquota diferenciada na reforma tributária

Fulvio Bahia

PF deflagra operação contra suspeito de ser o maior devastador do bioma amazônico já investigado

Fulvio Bahia

Sebrae-BA entrega prêmios a jornalistas vencedores da etapa local

Fulvio Bahia

Deixe um comentário

Este site utiliza cookies para melhorar sua experiência. Nós assumimos que você concorda com isso, mas você pode desistir caso deseje. Aceitar Leia Mais