Em conjunto com a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), os sindicatos dos jornalistas do Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo apoiaram a fazer fortes críticas a Hélio Doyle, atual presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Desta vez a revolta foi motivada por uma entrevista de Doyle ao jornalista Guilherme Amadao, do portal Metrópoles. Com o título “Parte do governo Lula não entende TV Pública, diz presidente da EBC”, uma conversa deixou claro que Doyle é contra a existência de trabalhadores concursados em uma empresa de comunicação pública. Para ele, a “mentalidade de servidor público” cria uma “situação perigosa” nesse tipo de repartição.
O presidente da EBC também reclamou que funcionários concursados da empresa se negam a passar do horário da jornada de trabalho e que têm muitos direitos e privilégios.
Vileza e covardia
Em nota as entidades representativas repudiaram o que classificaram como mais um “ataque vil e covarde” contra os empregados da EBC”. “Ir à imprensa comercial atacar o conjunto dos trabalhadores é inaceitável e revela, novamente, o pensamento da gestão sobre os trabalhadores e sobre o concurso público enquanto via de entrada de profissionais na EBC”, diz o texto assinado pelos sindicatos e pela Fenaj.
As entidades também criticaram a “mentalidade neoliberal” de Doyle, afirmando que ele quer trazer para a EBC o “padrão de alta exploração da força de trabalho que prevaleceu nas empresas privadas”. “O que o diretor-presidente quer é que os trabalhadores trabalhem mais que a jornada apenas por ‘vocação’, o que não ocorre nem em empresas privadas, e ainda pagando o preço pelo desmonte da EBC e pela falta de mão de obra que atinge a maioria dos setores da empresa. A carga horária dos jornalistas da EBC é a mesma que vale para toda a categoria, dentro de empresas públicas ou privadas.
As mesmas definidas pela CLT em 1943, há 80 anos! O mínimo que esperamos é que uma empresa pública, diferente das privadas, compre minimamente a Lei!”Ainda de acordo com as entidades, os funcionários da EBC estão entre os mais baixos do serviço público e são semelhantes ao que se paga nas maiores empresas privadas de comunicação. “É lamentável que a atual gestão, em vez de criar controle para valorização dos/as trabalhadores/as que fazem essa empresa, vá à mídia privada atacar o corpo funcional da empresa. Aliás, seria mais útil que o atual diretor-presidente da EBC concedesse menos entrevistas e apresentasse mais resultados.”
Ataque ao jornalismo de interesse público
Em maio último as entidades já seguiram criticado Doyle por eliminar cargas na diretoria de jornalismo da EBC, enfraquecer o telejornalismo local da empresa e transferir de jornalistas da Agência Brasil para a comunicação do governo federal, dentre outras medidas.Na ocasião, os dirigentes sindicais reclamaram do enfraquecimento da produção jornalística da EBC, argumentando que as mudanças no organograma da empresa denotam uma priorização da comunicação estatal ante o jornalismo de interesse público. Com o enxugamento, hoje a EBC leva ao ar apenas um telejornal.
Os representantes dos trabalhadores também criticaram a falta de participação dos jornalistas no processo de tomada de decisões que levaram ao redesenho da EBC e cobraram a realização de concurso público para preencher 72 vagas que estariam em aberto na empresa. O grupo também cobrou a instalação de um conselho curador na empresa.
Fonte: Portal Imprensa
Foto: Joedson Alves/Agência Brasil