Cento e dezessete beneficiários do Projeto Primeiro Emprego (PPE) desembarcaram na última quinta-feira (30), em 38 unidades da rede própria de saúde do Estado distribuídas em 17 municípios baianos, para dar início à sua primeira jornada de atuação profissional na área de formação técnica, com carteira assinada. O grupo faz parte da primeira leva de contratados deste ano de uma das principais vertentes do projeto de inclusão no mundo do trabalho do Governo do Estado, voltada para a oferta de emprego formal no espaço público.
Até fevereiro de 2024, a previsão é de que 500 egressos dos cursos técnicos de nível médio da Rede Estadual de Educação Profissional comecem a trabalhar em unidades vinculadas à Secretaria de Saúde do Estado (Sesab). Com formação em áreas tão diferentes quanto administração, logística, enfermagem e análises clínicas, os técnicos devem ser incorporados a centros de referência, núcleos de vigilância epidemiológica, maternidades e hospitais de média e alta complexidade da capital e interior do Estado, entre outros espaços.
Vagas
Ponto focal do Projeto Primeiro Emprego na Sesab, a bióloga e sanitarista Camila Nunes conta que as unidades de saúde do Estado estão ávidas pela chegada destes profissionais, que irão ocupar vagas importantes para a prestação de serviços à população. “O Projeto Primeiro Emprego ganhou corpo e nome na Sesab, na medida em que os egressos foram mostrando qualificação e conquistando espaços nos ambientes de trabalho”, avalia Camila.
Um levantamento realizado em 2021 apontou que mais de 15% dos beneficiários que concluíram a passagem pelo PPE na Sesab naquele ano conseguiram ser incorporados ao Estado, como terceirizados ou por meio de contratação via Regime Especial de Direito Administrativo (REDA). Camila acredita, no entanto, que de lá para cá, este número cresceu. “O projeto é mais um fator de democratização do acesso ao trabalho no serviço público, e é muito gratificante ver a mudança que a iniciativa promove na vida destas pessoas”, testemunha. No caso da Sesab – em função da oferta de vagas em ocupações onde a presença feminina é maior -, chama atenção o grande número de mulheres pretas da periferia, de diversas faixas etárias, que vêm no PPE uma chance de galgar espaço de trabalho no serviço público.
Superação
Na quarta-feira (29), véspera do primeiro dia de trabalho da nova leva de contratados, a Fundação Estatal de Saúde da Família (FESFSUS)- responsável pela execução do PPE na Sesab, via contrato de gestão com a Secretaria de Administração (Saeb) – realizou um evento de acolhimento na Escola de Saúde Pública da Bahia (ESPBA) onde os beneficiários assinaram seus contratos, receberam orientação, crachás e camiseta.
Alecsandra Torres tem 50 anos e só agora conquistou uma carteira assinada. A maior parte da vida adulta, ela passou, dedicando-se à mãe idosa com problemas psiquiátricos. “Quando ela morreu, foi a equipe do Ernesto Simões onde fiz o estágio do curso técnico que me acolheu, hoje estou feliz porque vou voltar para lá e agora como profissional”.
Luciana Aquino fez um pouco de tudo em seus 42 anos: foi babá, atendente, trabalhou com mega hair, trança de cabelo e design de sobrancelha. Filha de uma mãe preta solteira, empregada doméstica, ela foi arrastada para uma depressão ao se ver abandonada pelo namorado, com um bebê recém-nascido “Minha história é de resistência: fiquei desempregada um tempão, colocando currículo em tudo quanto era lugar, mas agora estou aqui realizando meu sonho”, diz a técnica de enfermagem.
Já para Camila Negreiros, 39, também negra, o ingresso no Projeto Primeiro Emprego é um renascimento. Além de ter passado um ano desempregada, a técnica de enfermagem perdeu há apenas seis meses seu filho único, de 18 anos em um episódio trágico de violência. “Meu coração está de luto, mas hoje estou feliz porque vou poder começar de novo e crescer”, conclui, sem conter as lágrimas.
Fonte: Ascom/Saeb
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